quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Falta vaga para morto nas geladeiras do IML

No AMAZÔNIA:

As seis câmaras refrigeradas do Instituto Médico Legal, que integra o Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, estão ocupadas. Familiares de duas pessoas mortas ficaram chocados ao ver os parentes em macas. Eles acusaram o IML de descaso com os cadáveres, que estariam fora de câmaras frigoríficas ou sem conservação por formol. Ontem, a diretoria do CPC Rento Chaves reconheceu a situação e garantiu que os dois corpos estavam devidamente conservados e cuidados.
Indignados, ontem os familiares de Beatriz Ferreira Damasceno, de 16 anos, e Alessandro Azevedo Oliveira, 17 anos, reclamavam, também, do que classificaram de excesso de burocracia para retirada de corpos do IML. Os familiares não entendiam a demora na liberação dos corpos, já identificados.
José Dilson Oliveira, tio de Alessandro Azevedo Oliveira, morto em um assalto na noite do último domingo, saiu de Soure para reconhecer o corpo. O rapaz confirmou que o cadáver era do sobrinho dele e não pôde retirá-lo. Como foi levado ao IML a 1h30 de segunda-feira, o cadáver, sem conservação, já estaria em estado de putrefação. 'Disseram que a certidão de nascimento do Alessandro estava muito ruim e rasgada, mas é só essa que temos. O primo, a irmã dele e eu viemos de muito longe e gastamos muito dinheiro. Já pagamos tudo e só falta levar o corpo para a mãe dele, mas do jeito que ele está fica difícil', disse. Os familiares do jovem pagara, R$ 70,00 por uma nova certidão de nascimento para retirar o corpo. Ainda ontem a família conseguiu sair com o cadáver, mas ainda estavam muito abalados com a aparência do corpo.
Documentos - Segundo a direção do instituto, embora fora das câmaras frigoríficas, os dois corpos estavam devidamente conservados e cuidados. O corpo de Beatriz já teria recebido uma aplicação de formol para evitar a decomposição.
Sobre a dificuldade em retirar os corpos, a diretoria explicou ainda que as documentações para retirar os corpos eram inaceitáveis ou insuficientes. A certidão de nascimento de Alessandro estava com muitos buracos, apesar de legível. Já a mãe de Beatriz, assim como outros familiares que foram ao IML reclamar o corpo da adolescente, não tinham documentos de identidade. O centro de perícias garante ter orientado a família a procurar a polícia para fazer algum documento de identidade com foto e impressão digital. Mas, diante do desespero da mãe e pelo fato de não ter seguido a recomendação do IML, o exame de DNA foi pedido. O resultado sai, em média, em oito dias.
A diretoria do Renato Chaves informou, ainda, que familiares têm um prazo de 30 dias para reconhecer e reclamar qualquer corpo, mas, para isso, devem estar munidos de um documento de identidade com foto, impressão digital e filiação. Os documentos devem estar legíveis. Por conta desse período de um mês estar acabando e pelo fato de os cadáveres que ocupam as câmaras refrigeradas atualmente não terem sido reclamados até agora, a lotação deve terminar em dois dias.

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