terça-feira, 19 de agosto de 2025

Bar "Seu Beja" anuncia evento do barulho para o próximo domingo, numa afronta a órgãos públicos criminosamente omissos

Postagem no Instagram, compartilhada pelo perfil do Bar Seu Beja: "melodia, alegria
e barulho" marcados para o próximo domingo. Tudo dentro de um ambiente "acolhedor".

O bom senso - qualquer bom senso - recomenda que quando nada se tem a dizer, então é melhor mesmo nada dizer. Todas as vezes em que se contraria essa lição básica, a verdade é espancada e os fatos são agredidos, enquanto a mentira o escárnio acabem triunfando.

Parece que os proprietários do Bar Seu Beja, que desponta galharda e estrepitosamente no trecho da Benjamin - entre as Avenidas Nazaré e Brás de Aguiar  -, cujos moradores de casas e apartamentos enfrentam o pesadelo da balbúrdia e da bagunça, pois parece que os gestores desse estabelecimento, nada tendo a dizer sobre a desordem que impera no perímetro, insistiram em dizer qualquer coisa na nota que divulgaram. E acabaram fazendo a mentira e o escárnio prevalecerem.

A nota do bar, que está republicada ao lado, afirma no segundo parágrafo: As únicas mesas que colocamos ficam na nossa calçada, com licença de terrace, e nosso som é ambiente. Quando realizamos eventos - que acontecem apenas de forma esporádica, a cada 1 ou 2 meses - também possuímos todas as licenças necessárias para a realização.

Ao tratar a calçada como a "nossa calçada", o Seu Beja esbanja desconhecimento sobre a utilização do espaço público, inclusive para fins comerciais, como é o caso. A calçada não é do Seu Beja, é pública. Agora, se o Seu Beja tem autorização legal para ocupá-la com mesas, então é de uma evidência solar que a nossa calçada, ou seja, a calçada que o Seu Beja trata como sua, precisa ser usada dentro de limites que não agridam os direitos de segundos, terceiros e quartos, no caso, toda a vizinhança que está sofrendo com a barulheira e a desordem.

Aliás, a bagunça não se desenrola apenas na calçada na frente do Seu Beja, mas se estende à calçada de restaurante que fica do outro lado da rua e que nada tem a ver com a balbúrdia. Com isso, garçons e clientes atravessam o tempo todo (fora de faixa de pedestres) contribuindo para o engarrafamento.

O terceiro parágrafo da nota configura um escárnio, um escandaloso deboche. Lê-se: O que acontece no espaço público, como consumo com ambulantes ou música alta na rua, não faz parte da nossa operação. Ainda assim, solicitamos diariamente ajuda dos órgãos competentes para manter a organização e o bem-estar de todos.

Quem acabou de ler o terceiro parágrafo, veja o escárnio e o deboche escancarados nas imagens acima, que constam de postagem disponível no perfil do Instagram do próprio Seu Beja (clique aqui para assistir ao vídeo). As imagens referem-se a evento marcado para o próximo domingo, intitulado Na Calçada, sob o comando de um DJ, que explica, em linguagem simples, direta e objetiva, o que significa mesmo a sessão musical, programada para começar às 10h da matina.

"Na calçada é liberdade. Calor em estar com os amigos. Melodia, alegria e barulho". Isso é quase uma poesia. Uma poesia do apocalipse, mas sempre poesia. O substantivo barulho está presente lá. Quem diz não sou eu, não são os moradores de casas e condomínios da Benjamin. Quem anuncia um evento do barulho, ou com barulho, como queiram, é o próprio DJ, numa postagem em colaboração com o próprio perfil do Bar Seu Beja.

Então, preparem-se os moradores e quem mais esteja sofrendo as consequências dessa balbúrdia a céu aberto, uma balbúrdia que se faz crescente por conta da leniência e da omissão criminosa de órgãos públicos incumbidos de coibi-la.

Preparem-se porque o domingo vai ser do barulho no Bar Seu Beja. Um barulho temperado por vozerios, churrasco assando na rua, ambulantes faturando e carros buzinando porque a rua fica praticamente fechada.

Enfim, um perfeito "encontro seguro, respeitoso e acolhedor para todos", segundo a nota do Seu Beja.

Vamos lá!

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