Calendários, em regra, não têm outras funções, que não as de monitorar a passagem do tempo, facilitar a marcação de compromissos inadiáveis, registrar o aparecimento de mais uma ruga (e, por consequência, agendar com o stylist a sessão para aplicar 1 quilo de botox, parte inescapável da (des)harmonização facial) e virar as folhinhas mês a mês, sem que nos apercebamos da graça com que somos aspergidos por estarmos vivos a cada dia.
Em tempos nem tão distantes assim -, havia também os calendários distribuídos a rodo por empresas - as grandes, sobretudo. Expostos nas áreas mais visíveis de postos de gasolina (de beira de estrada ou não), bares, botecos e borracharias, exibiam mulheres (normalmente brancas, louras, com chicotes nas mãos e calçando botas) nuas ou seminuas, para o êxtase de macharadas.
Eram, aqueles, tempos que, felizmente, começaram a demarcar a mudança dos tempos em que calendários começariam a deixar de ser meros instrumentos que nos ajudam a marcar o tempo tempo, transformando-se em veículos para a difusão de novos olhares e novas noções e percepções sobre valores, digamos assim, mais propensos a refutar preconceitos, lugares-comuns e coisas do gênero.
Foi aí que começaram também a aparecer preciosas obras de arte. Que poderiam, até, ser calendários.
É uma obra de arte o calendário que o Escritório Mary Cohen - Advocacia Trabalhista e Sindical enviou a seus amigos e clientes. Uma obra de arte que, como dito, pode até servir de calendário.
A abordagem do tema democracia e justiça tem ilustração assinada por ninguém menos que a cartunista e chargista Laerte, uma das mais celebradas nesta área em todo o País. O design ficou a cargo da equipe de comunicação da Rede Lado, rede de articulação jurídica nacional composta por escritórios de advocacia voltados à defesa dos Direitos Humanos e Sociais, da cidadania, da solidariedade, do direito dos trabalhadores e de suas organizações sindicais.
"Através da arte, viajaremos pelos meses com a inquietação crescente de agir num país onde a Justiça esquece que é palavra feminina e, quanto mais alto sobe no pedestal, mais profere decisões contra o povo que trabalha. Pela sintonia, convidamos Laerte para ilustrar o calendário de 2024 com o tema: Democracia e Justiça", diz o texto de apresentação.
A partir daí, basta ir virando as folhinhas e se deliciando com cartuns como os que estão na imagem, que abordam temas como democracia, trabalho digno, respeito ao corpo (sobretudo o feminino), família, cultura, liberdade, o estímulo à quebra dos grilhões do silêncio e a repulsa a preconceitos e ao machismo.
Quem quiser, pode a qualquer hora voltar ao começo do calendário e ler estes versos do poeta, escritor e ensaísta uruguaio Mario Benedetti (1920-2009): "Lento mas vem / lento mas vem / o futuro de aproxima / devagar / mas vem [...] Lento mas vem / o futuro real / o mesmo que inventamos / nós mesmos e o acaso / cada vez mais nós mesmos / e menos o acaso".
Vem, 2024.
Lento, mas vem.
E que possamos construir juntos o nosso futuro, deixando-o menos exposto ao acaso.
Mary, obrigado por essa obra de arte.
Aos leitores do Espaço Aberto, um feliz 2024!
Amigo querido, agradeço as palavras tão gentis e carinhosas, apenas complemento a informação para dizer que a responsável pelo design foi a Rede Lado, um grupo de escritórios de advocacia da classe trabalhadora da qual faço parte. Um grande abraço e feliz 2024 pra nós. 🥰❤️🌻🍾🎊
ResponderExcluirDemocracia, trabalho digno, respeito ao corpo feminino, família, cultura, quebra dos grilhões do silêncio, repulsa ao preconceito e machismo são todos conceitos ignorados pela maioria dos países
ResponderExcluirdo clube de ditadores chamado BRICS, do qual nunca vi uma linha sequer de condenação aqui nesse blog, mas esperar o que de um militante esquerdista que apoia um ladrão como presidente, pedir um pouco de verdade seria pedir demais não é mesmo?