sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Um palhaço a serviço de um pernicioso marca o último debate. Mas o que vale mesmo é garantir a estabilidade democrática.

Os candidatos reunidos no debate da Globo: conteúdo aquém do esperado pelos eleitores

Nas últimas três semanas, fiz uma pausa aqui no blog pra recarregar as baterias.

Ontem à noite, eu me encontrava a bordo de um voo com duração de 11 horas, daí não ter sido possível assistir ao debate na Globo, o último que antecedeu as eleições de domingo.

Apenas hoje, lendo jornais e análises em vários sites, além de ter visto os, digamos assim, melhores momentos é que pude formar um juízo sobre o que se passou.

E por tudo o que vi e ouvi, o que se passou foi o mais do mesmo, em relação ao primeiro debate na Band - aquele, vale dizer, que não chegou a contar com a participação desse histriônico, caricato e ridículo Padre Kelmon.

Mas é inegável que Lula foi muito mais assertivo e incisivo em relação ao Bolsonaro do que no debate anterior.

O presidente, de seu lado, exibiu-se na plenitude de suas baixezas - verbais, inclusive.

Ciro, com a faca na ponta da língua - e da alma - acabou apagado.

Felipe D'Avila exibiu-se com aquele ar professoral, fazendo alguns discursos ao gosto do bolsonarismo.

As duas candidatas, Simone Tebet e Soraya Thronicke, a meu ver, voltaram a se destacar, como também aconteceu na Band.

E por último, mas não menos importante, Kelmon foi aquele palhaço do qual todos podemos rir em algum momento, mas no final nos damos conta de que as palhaçadas não eram brincadeiras, não. E não podem ser tomadas como brincadeiras as histrionices de um impostor que está, desbragadamente e escandalosamente, a serviço de um sujeito pernicioso como Bolsonaro.

A questão que se coloca é: o debate tem potencial para alterar as projeções eleitorais que vários institutos de pesquisa têm feito até aqui?

Não tem. Evidentemente que não.

Nem as palhaçadas de Kelmon, nem o descontrole de Lula ao dirigir-se a ele, através de um direito de resposta, nem as vilanias e mentiras de Bolsonaro, nada disso haverá de alterar o quadro eleitoral.

Mas um debate como o de ontem, na emissora de maior audiência do País, deixa a certeza de que as eleições de domingo serão vitais para garantir a estabilidade democrática, como nunca dantes, desde a redemocratização do Brasil.

terça-feira, 20 de setembro de 2022

Movimento "subterrâneo" desarticula audiências públicas que discutiriam a paridade de gênero na lista sêxtupla de advogados e advogadas candidatos ao quinto no Pará

A menos que evidências contrárias sejam devidamente demonstradas, vai se consolidando a certeza, em vários segmentos da advocacia paraense, de que está em curso uma movimentação sombria para desarticular audiências públicas que deveriam discutir a paridade de gênero no processo de escolha da lista sêxtupla de candidatos da OAB do Pará à vaga aberta no desembargo, após a aposentadoria do desembargador Milton Nobre, em outubro do ano passado.

Cronologicamente, os fatos demonstram essa, digamos assim, articulação para desarticular esse movimento. Senão, vejamos.

No final de abril, a advogada Kelly Garcia protocolou requerimento pedindo que a OAB-PA adote o critério da paridade na lista sêxtupla a ser imediatamente aplicada à vaga aberta no Tribunal de Justiça do estado do Pará pertencente ao quinto constitucional. Até agora, essa demanda foi completamente ignorada.

No dia 14 de junho passado, a Câmara Municipal de Belém aprovou, por unanimidade, uma moção questionando a OAB do Pará sobre a paridade no quinto. O questionamento permanece sem resposta até hoje.

Na Assembleia Legislativa, a deputada Nilse Pinheiro (PDT) propôs uma audiência pública para o dia 24 de junho passado, às 9h, convidando os dirigentes da OAB-PA, do TJPA, TRE e TRT, dentre outras autoridades, que confirmaram participação. Estranhamente, às 8h30, o evento foi cancelado sob justificativa de que houvera um problema no auditório - depois confirmado inexistente.

A vereadora Bia Caminha, a mais jovem mulher e negra a assumir um mandato na Câmara Municipal de Belém, convocou uma sessão especial na Câmara Municipal para o dia 5 de setembro. Três dias antes, a sessão foi cancelada sob justificativa de que a Casa não mais permitiu o uso do auditório, que ja estava previamente liberado.

A única vez em que não se conseguiu evitar o debate sobre o tema foi na audiência pública realizada na Câmara dos Deputados, em Brasília, no dia 1º de junho, convocada pela deputada federal Vivi Reis, que integra a Comissão da Mulher da Câmara. Nessa audiência, aliás, o Conselho Federal da OAB foi representado não por seu presidente, nem pela presidente da Comissão Nacional da Mulher, mas por uma integrante da Comissão Nacional de Direiro de Família, por presença virtual.

Enquanto isso, a OAB do Pará silencia sobre o edital do quinto, e também sobre o pedido de paridade e cotas raciais. Todas as audiências, sessões e moção acima ocorreram por pedido da mesma ONG, representada por um grupo de advogadas do Pará, dentre as quais Brenda Araújo, Kelly Garcia, Tatiane Alves, Daniele Sereni e Rafaela Yokoyama.

quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Brochável ou Imbrochável, Bolsonaro é o dejeto moral travestido de patriota


Foi a isso, apenas a isso que está nesse vídeo, que se resumiu o 7 de Setembro do Imbrochável.
O 7 de Setembro dele resumiu-se ao deboche, à falta de compostura, à palanquice eleitoreira e à imbecilidade.
O 7 de Setembro da Patriota Imbrochável fez o Brasil soçobrar ainda mais fundo na lama da vergonha.
O 7 de Setembro que levou boa parte do rebanho às ruas, sob estímulo do Domador Imbrochável, foi mais um momento em que fascistas - enrustidos ou não, fanáticos ou moderados, mas de qualquer forma fascistas - expeliram o fel de seus pendores antidemocráticos, pregando descaradamente a convocação das Forças Armadas para um golpe e proclamando outras pregações flagrantemente inconstitucionais.
Bolsonaro e seu rebanho - apenas o seu rebanho - envileceram o Brasil sob a capa hipócrita de um patriotismo de fachada, um escudo com que tentam esconder - mas nem tanto - todos os seus anseios de transformar o País numa odiosa ditadura de direita.
Com o seu deboche, proclamando-se imbrochável, o Imbrochável oferece sob medida, a todos os brasileiros, a contradição entre a pureza dos valores morais que ele proclama e suas atitudes, flagrantemente afrontosas a tudo, inclusive aos sensos morais mais, digamos assim, recomendáveis.
Bolsonaro, Brochável ou Imbrochável, é a vergonha nacional.
Brochável ou Imbrochável, Bolsonaro é o dejeto moral travestido de patriota; ou vice-versa.

quarta-feira, 7 de setembro de 2022

O rebanho está solto nas ruas. E não é por descuido do seu Domador.

O Domador, esse patriota de excelência: o que o rebanho fizer será debitado na conta dele

Hoje, acordei me lembrando daquela música, singela e bonitinha, que o Roberto gravou lá pelos anos 1970.
Os dois primeiros versos são assim: Um leão está solto nas ruas / foi descuido do seu domador. E blá-blá-blá...
Era por aí.
Emissoras de rádio tocavam bastante essa cantiga nos dias de jogos do Remo, em Belém, e do São Francisco, em Santarém, ambos meus times e ambos tendo o leão como mascote.
Pois hoje não é o leão que está solto nas ruas.
É o rebanho.
E o rebanho não está solto por descuido de Jair Bolsonaro, seu Domador.
Ao contrário, o Domador está incentivando o rebanho a tomar as ruas, sob a justificativa de que é preciso entupi-las para festejar o Dia da Pátria.
A Pátria, sim, aquela nossa Pátria, que dizemos amada e adorada, mas que se encontra, em verdade, devastada, degradada e vilipendiada pelo pelo mesmo Domador que proclama adorá-la.
A questão é que o Domador, como tem um déficit de inteligência fora do comum, não atina para aquilo que seus próprios assessores e estrategistas de campanha estão avisando há várias semanas: que colocar o rebanho nas ruas é um risco.
Por que é um risco?
Porque o rebanho, solto e sujeito a viver um surto bolsonarista, pode quebrar e arrebentar. Pode fazer exatamente aquilo que o Domador tem vontade de fazer, mas, por ser covarde, refuga sempre na hora agá.
Então, se acontecer mesmo de o rebanho quebrar e arrebentar, as repercussões político-eleitorais disso serão inevitavelmente devastadoras, em desfavor, evidentemente, do próprio Domador.
Por isso mesmo é que ele tem usado suas inserções no horário eleitoral gratuito para transmitir aquele discurso de que o dia de hoje é para ser comemorado em paz e ordem.
Então, tá!
Acompanhemos, pois, a performance do rebanho.
Mas anotemos: rebanho solto nas ruas é sempre um risco.

terça-feira, 6 de setembro de 2022

Braga Netto, a aparição


Braga Netto, o general que é candidato a vice na chapa de Bolsonaro, teve hoje uma, digamos assim, performance-solo no programa eleitoral gratuito.
Estava tão à vontade como o redator aqui do blog estaria se estivesse fazendo o papel de Braga Netto (argh!).
O general estava meio duro, teso.
O sorriso era aquele naturalíssimo, mais parecido com um esgar, ou seja, uma careta.
E as duas mãos espalmadas, com os braços meio estendidos, naquela posição como se estivesse pronto pra receber um bebê de colo.
Horrível, enfim.
Mas haverá quem goste, é claro.
Para estes, boa digestão!

sábado, 3 de setembro de 2022

Arquidiocese de Belém rebate declarações de Edmilson Rodrigues: "Círio foi e sempre será da Igreja Católica Apostólica Romana"

Dom Alberto: apesar de reconhecido como Patrimônio Cultura Imaterial pelo Iphan e declarado
Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, Círio é "expressão plenamente católica"

A Arquidiocese de Belém divulgou no início da manhã deste sábado (3), em seu portal, uma nota assinada pelo arcebispo da Capital, Dom Alberto Taveira Corrêa, rebatendo declarações do prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL), que na última quinta-feira (1º) declarou ser o Círio de Nazaré uma manifestação que não pertence à Igreja Católica.
"As palavras pronunciadas pelo prefeito feriram completamente não só a comunidade católica, mas a veracidade dos fatos históricos, uma vez que em sua edição de número 230, o Círio de Nossa Senhora de Nazaré sempre foi e sempre será da Igreja Católica Apostólica Romana", afirma o o arcebispo.
A nota reforça que, muito embora o Círio tenha sido reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, ainda assim não deixa de ser uma "expressão plenamente católica".
Veja, a seguir, a íntegra da nota, que também pode ser lida aqui.

--------------------------------------------------------

A Arquidiocese de Belém lamenta profunda e publicamente as afirmações proferidas no dia 1º de setembro, em Belém, em que sua excelência o Prefeito Municipal declarou o Círio de Nazaré como não pertencente à Igreja Católica.

As palavras pronunciadas pelo prefeito feriram completamente não só a comunidade católica, mas a veracidade dos fatos históricos, uma vez que em sua edição de número 230, o Círio de Nossa Senhora de Nazaré sempre foi e sempre será da Igreja Católica Apostólica Romana.

Sabemos que o Círio é tido como a maior festa religiosa do mundo, uma grandiosa manifestação de fé e devoção a Nossa Senhora de Nazaré, inclusive reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial pelo IPHAN e declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO e, como tal, tem significativa influência na cultura paraense, sem deixar de ser expressão plenamente católica.

Assim sendo, toda e qualquer pessoa se sinta bem-vinda para viver e participar desta manifestação mariana, independentemente de sua devoção. Porém, jamais será permitida pela Arquidiocese de Belém qualquer manifestação que pretenda se apossar e muito menos ultrajar nossa fé católica, independente das intenções ou pretensões de qualquer ordem.

Convidamos a todo povo de Deus a manifestar a ação de graças por mais um Círio a ser realizado com toda a dignidade, e conclamamos, mais do que nunca, que preservemos em nossos corações a maior devoção mariana de nosso povo, o Círio de Nazaré. Sintam-se todos convidados, ninguém se sinta excluído e todos respeitem nossa fé católica, como procuramos respeitar o direito de liberdade religiosa em nossa sociedade.

Desejamos manter o relacionamento atencioso e dialogal com todas as autoridades legitimamente constituídas, como já fizemos nesta ocasião, ao manifestar nossa estranheza e solicitar manifestação pública esclarecedora, em vista da superação do impasse e do escândalo indesejado por todos, certos de que as instâncias civis e religiosas continuarão a exercer sua própria missão, mantendo a necessária autonomia correspondente à liberdade religiosa garantida pela Constituição Brasileira.

Belém do Pará, 3 de setembro de 2022, Festa de São Gregório Magno, que foi Prefeito de Roma e Papa!

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo Metropolitano de Belém

‐---------------------------------------
A seguir, a resposta de Edmilson:

Dirijo-me à comunidade católica e especialmente ao arcebispo metropolitano Dom Alberto Taveira para, de forma pública, prestar esclarecimentos a respeito de minha fala que ora tendenciosamente está sendo divulgada e interpretada com objetivo de manipulação política, e pode ser assimilada de forma negativa pela comunidade católica.
Ao me referir à grandiosidade e importância do Círio de Nossa Senhora de Nazaré - maior manifestação católica do mundo - ressaltei que ela era uma festa de todo o nosso povo, que, portanto, contava com a participação de pessoas das mais diversas religiões. 

Se me expressei de modo a permitir interpretações mal intencionadas e fora do contexto de minhas colocações, venho aqui ratificar o meu mais profundo respeito à Igreja Católica e à comunidade que tem mantido essa singular e grandiosa demonstração de fé à Padroeira de todo o povo paraense, e na oportunidade presenteei a senhora Janja, esposa do ex-presidente Lula com uma réplica da imagem da Virgem de Nazaré vestida de lindo manto, além de convidar o casal a vir à Belém testemunhar a grandiosidade de nosso Círio. 

Respeitosamente, peço desculpas às pessoas de boa fé que, porventura, tenham se sentido ofendidas com a interpretação maldosa de minha declaração. 

Edmilson Rodrigues
Prefeito de Belém

sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Apenas dois candidatos ao Senado já receberam mais de R$ 2 milhões neste início de campanha

Beto Faro (PT) e Pioneiro (PSDB), candidatos ao Senado: os únicos, até agora, que já
informaram valores recebidos para iniciar a campanha

Dos quatro candidatos com chances mais concretas de se eleger senador pelo Pará, nas eleições de outubro, dois deles, o petista Beto Faro e o tucano Manoel Pioneiro, já informaram, em suas prestações de cotas, os primeiros valores recebidos.

Quanto aos outros dois que também aparecem no páreo - Mário Couto (PL), o candidato bolsonarista, e Flexa, do Progressistas -, nem um deles prestou qualquer informação até agora.

Beto Faro está começando a campanha com R$ 1.263.000 em caixa, dos quais R$ 1.250.000 transferidos pelo Diretório Nacional do PT e R$ 13.000,00 depositados pelo próprio petista.

A campanha de Manoel Pioneiro recebeu até agora R$ 1.250.000, integralmente transferidos pela direção de seu partido.

Além de Mário Couto e Flexa, os demais candidatos ao Senado - Delegado Jardel (Podemos), Elielton Lira (Avante), Gideon (Agir), Paulo Castelo Branco (PROS), Prado Sá (PV), Professor Joel Santiago (PSTU), Renata Fonseca (PRTB) e Sabbá (PMB) - ainda não prestaram contas neste início de campanha.