quarta-feira, 7 de setembro de 2022

O rebanho está solto nas ruas. E não é por descuido do seu Domador.

O Domador, esse patriota de excelência: o que o rebanho fizer será debitado na conta dele

Hoje, acordei me lembrando daquela música, singela e bonitinha, que o Roberto gravou lá pelos anos 1970.
Os dois primeiros versos são assim: Um leão está solto nas ruas / foi descuido do seu domador. E blá-blá-blá...
Era por aí.
Emissoras de rádio tocavam bastante essa cantiga nos dias de jogos do Remo, em Belém, e do São Francisco, em Santarém, ambos meus times e ambos tendo o leão como mascote.
Pois hoje não é o leão que está solto nas ruas.
É o rebanho.
E o rebanho não está solto por descuido de Jair Bolsonaro, seu Domador.
Ao contrário, o Domador está incentivando o rebanho a tomar as ruas, sob a justificativa de que é preciso entupi-las para festejar o Dia da Pátria.
A Pátria, sim, aquela nossa Pátria, que dizemos amada e adorada, mas que se encontra, em verdade, devastada, degradada e vilipendiada pelo pelo mesmo Domador que proclama adorá-la.
A questão é que o Domador, como tem um déficit de inteligência fora do comum, não atina para aquilo que seus próprios assessores e estrategistas de campanha estão avisando há várias semanas: que colocar o rebanho nas ruas é um risco.
Por que é um risco?
Porque o rebanho, solto e sujeito a viver um surto bolsonarista, pode quebrar e arrebentar. Pode fazer exatamente aquilo que o Domador tem vontade de fazer, mas, por ser covarde, refuga sempre na hora agá.
Então, se acontecer mesmo de o rebanho quebrar e arrebentar, as repercussões político-eleitorais disso serão inevitavelmente devastadoras, em desfavor, evidentemente, do próprio Domador.
Por isso mesmo é que ele tem usado suas inserções no horário eleitoral gratuito para transmitir aquele discurso de que o dia de hoje é para ser comemorado em paz e ordem.
Então, tá!
Acompanhemos, pois, a performance do rebanho.
Mas anotemos: rebanho solto nas ruas é sempre um risco.

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