Arhur do Val em momento de relaxamento durante sua "ação humanitária". Enquanto esteve descansando, traçou uma espécie de roteiro turístico-sexual para aproveitar-se de minas ucranianas |
Arthur do Val, deputado estadual paulista filiado ao Podemos, é uma dessas notáveis celebridades brasileiras que entraram para o restrito mundo de celebridades exibindo o pior dos seus piores.
No caso desse cidadão, ele se fez conhecer, primeiramente, sob o codinome de Mamãe Falei. Na pele desse personagem, saiu por aí, provocando todo mundo a sentar-lhe um tapa na cara, para depois divulgar que foi agredido, despertar compaixões em meio-mundo e, em segmentos políticos esclarecidíssimos, fixar a certeza de que, "esse sim, é o cara que precisamos para defender nossas bandeiras, porque fala a verdade a ponto, coitado, de ser agredido".
E assim o Mamãe Falei entrou para o mundo das celebridades celebérrimas, exibindo-se como um pernóstico, um debochado, um provocador, um palhaço na pior acepção do termo (porque os palhaços profissas, esses sim, são fantásticos), um fanático direitista e um moralista repelente.
Mas eis que a roda dos tempos, como às vezes roda muito rapidamente, acabou por revelar Mamãe Falei também como um hipócrita desprezível e um sexista capaz de expelir seus instintos mais animalescos mesmo em situações nas quais, supostamente, estaria empenhado, ora vejam só, em protagonizar ações humanitárias.
Arthur do Val e um outro representante do MBL (aquele mesmo, o intrépido, transparente, patriótico e purísimo movimento em defesa da pureza ética - na política e fora dela), Renan Santos, foram na semana passada para uma região na fronteira da Ucrânia com a Eslováquia em missão humanitária: participar de uma rede de solidaridade aos refugiados ucranianos, que estão fugindo de seu país em meio à tempestade de bombas que a Rússia despeja há cerca de dez dias.
Eis Arthur do Val, o pernóstico, debochado, provocador e imbecil, tentando compartilhar seus mais edificantes sentimentos.
Mas não deu. Infelizmente, não deu.
Mesmo possuído, digamos assim, dos mais nobres e mais elogiáveis sentimentos humanitários, Arthur do Val ainda é capaz de produzir excrescências como as que estão vindo à tona e repercutindo intensamente, sobretudo neste sábado (5/3), após vazarem alguns áudios veiculados num grupo privado.
Nos áudios, ele afirma que as refugiadas ucranianas que encontrou na fronteira entre a Eslovênia e a Ucrânia “são fáceis, porque são pobres”. Diz também que a fila de baladas brasileiras “não chega aos pés da fila de refugiados aqui”.
“Vou te dizer, são fáceis, porque elas são pobres. E aqui minha carta do Instagram, cheia de inscritos, funciona demais. Não peguei ninguém, mas eu colei em duas ‘minas’, em dois grupos de ‘mina’, e é inacreditável a facilidade”, diz o deputado, que é pré-candidato ao governo de São Paulo nas eleições deste ano e conta com apoio do ex-juiz Sergio Moro.
Disse mais: “Só vou falar uma coisa para vocês: acabei de cruzar a fronteira a pé aqui, da Ucrânia com a Eslováquia. Eu juro, nunca na minha vida vi nada parecido em termos de ‘mina’ bonita. A fila das refugiadas… Imagina uma fila sei lá, de 200 metros, só deusa. Sem noção, inacreditável, fora de série. Se pegar a fila da melhor balada do Brasil, na melhor época do ano, não chega aos pés da fila de refugiados aqui”, diz o imbecil em outro áudio.
Aí está revelado o Arthur do Val sexista compulsivo. Tão compulsivo que, mesmo derretendo-se em compaixão por seres humanos diretamente afetados por uma guerra insana, é capaz de eriçar os pelos e mostrar-se interessado em fazer um roteiro sexual pelo Leste europeu, só para aproveitar-se das minas - "lindas e fáceis, porque são pobres".
Vão vendo aí.
Arthur do Val, para celebrizar-se, usou a técnica, como já dito, de cuspir na sua cara para que você, em reação, aplique-lhe um tapa e ele (não você, que foi primeiramente agredido) se faça de vítima.
Agora, Arthur do Val, para celebrizar-se como o último repositório humano dos mais incontrastáveis sentimentos de solidariedade, é capaz de experimentar delírios sexistas em meio a uma guerra.
Arthur do Val, acreditem, não está só nesse terreno em que se movem pernósticos, debochados, hipócritas e sexistas, que se exibem como puros de coração e de caráter.
Como ele, muitos outros estão por aí. Mas tomo Arthur do Val como exemplo porque ele, vocês sabem, é uma celebridade.
Uma celebridade que exibe o pior dos seus piores.
Arthur do Val é mais um excremento ideológico. É dejeto que o rio Tietê, um esgoto a céu aberto, refuga. No Brasil, seja "direita" ou "esquerda" por conveniências terrivelmente vergonhosas, há muitos da mesma natureza desse excremento. Até filhos de presidente baba-ovo do Putin pertencem a essa laia terrivelmente malcheirosa.
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