Bia Caminha: "Jovem, bem votada, corajosa", escreveu o jornalista Lúcio Flávio Pinto. E as convicções democráticas, como é que estão? |
Nós, jornalistas, temos uma enorme - sesquipedal, diria o velho Nelson - dificuldade em reconhecer nossos erros.
Reputamo-nos, muitas vezes, como infalíveis, um conceito introspectivo, pessoal, íntimo, destituído de qualquer fundamento e sem qualquer amparo num fato: somos humanos; se somos, erramos ora como cidadãos, ora como profissionais, ora como exercentes de qualquer função que nos caiba, transitoriamente ou não, na vida social.
Mas o curioso é o seguinte: mesmo quando nós, jornalistas, contrariamos nossas propensões e reconhecemos nossos erros, mesmo assim outros acham que não temos o direito de errar e pedir desculpas pelo erro cometido.
Isso quer dizer, então, que quando descemos do pedestal onde nos colocamos, assentindo que somos falíveis, os outros insistem em nos deixar lá, como se nós, no olimpo das nossas ilusões, vivêssemos para nunca errar, portanto não tendo o direito de pedir desculpas quando erramos.
Isso leva a situações como a que está enfrentando o jornalista Lúcio Flávio Pinto.
Em seu blog, ele fez uma postagem informando erradamente que a vereadora Bia Caminha, eleita pelo PT, teria arrecadado R$ 438.043,03 em sua campanha eleitoral. A informação estava errada: na verdade, a vereadora eleita arrecadou R$ 26.276,10, como consta na sua prestação de contas parcial, que é de acesso público no sistema de divulgação de candidatura da Justiça Eleitoral.
Lúcio reconheceu o erro. Escreveu o seguinte:"Cometi um erro ao tomar o limite maior permitido pela legislação eleitoral pelo gasto efetivamente feito. Penitencio-me pelo erro, que, não sendo doloso nem de má fé, não serviu para atacar, diminuir ou ofender a vereadora recém-eleita, como qualquer pessoa destituída de prevenção ou partidarismo pode perceber".
E aí?
E aí que de nada adiantou.
A assessoria de Imprensa da vereadora, em vez de servir-se do blog do jornalista para exercer o legítimo direito de resposta, divulgou uma nota em outros meios, retificando a informação e anunciando que vai interpelar Lúcio judicialmente.
"A vereadora ameaça me interpelar judicialmente, achando que assim me constrange e prejudica a minha imagem. Lamento que não tenha recorrido ao instrumento cabível numa democracia, exercido por alguém verdadeiramente democrata, que é o direito de resposta. Jovem, bem votada, alternativa, corajosa – estas e outras virtudes ela possui. Convicção democrática, tudo indica que não", escreve o jornalista na postagem intitulada Sem democracia.
Eis aí um episódio emblemático para discutirmos o nosso papel de jornalistas, os limites humanos que enfrentamos e a imagem que fazemos de nós mesmos e a que os outros fazem de nós.
Acho pertinente esse debate provocado pelo equívoco do jornalista. Embora eu ache que pra quem é conhecido por apuracoes rigorosas de fatos jornalísticos, cometer um erro dessa dimensão é um pouco demais. Ainda mais porque ele fez continhas pra achar o custo de cada voto da vereadora. Agora, pedir direito de resposta ou processar por calúnia são direitos de quem é ofendido, só a pessoa sabe o tamanho do estrago pelo "engano".
ResponderExcluirCoisa de ptralha. Bravo Lucio Flavio Pinto.
ResponderExcluirEsses " erros" é só contra os partidos de esquerda.Porem,o arrependimento não é e ficaz,pois, o estrago já foi feito.Quem te viu e quem te ver Lucio.
ResponderExcluirSergio Costa, se tivesse como curtir esse comentário certamente teria a mha e mtas outras. Sou fã do Lúcio, mas ele não é santo.
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