terça-feira, 8 de dezembro de 2020

O Supremo roçou o limite da excrescência. Esteve muito perto de decidir que no Brasil não falamos português, mas sânscrito. Mas viva o STF!

Nestes tempos tão estranhos - eu diria mesmo tão estranhamente cruéis - em que vivemos, os eventos mais inacreditáveis já se tornaram banais. E nos fazem reagir com banalidade.

O Supremo, vejam só, acaba de decidir que os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, David Alcolumbre, não podem mais se reeleger, porque a Constituição, no parágrafo 4ª do artigo 57, veda expressamente a reeleição.

A decisão foi por 6 a 5.

Desde ontem, segunda-feira (07), redes sociais e aqueles a quem chamamos de veículos da grande Imprensa estão entupidos, quase congestionados de comentários, artigos, tratados e exegeses saudando a decisão do STF como um marco, uma efeméride digna de se fazer registrar como uma das mais notáveis do mundo jurídico em todos os tempos.

Com todo o respeito, gente, mas o pronunciamento do Supremo, em realidade, é verdadeiramente assustador, tenebroso, horroroso, horrível. Porque foi por 6 votos a 5.

O Supremo, ao debruçar-se sobre uma questão tão evidente - qual seja, a de que o dispositivo da Constituição não enseja qualquer debate, eis que limpidamente claro e cristalino -, ainda exibiu cinco votos contrários.

Esse episódio é como se o STF decidisse, por apenas um voto de diferença, que dois mais dois são quatro.

Ou que decidisse, por apenas um voto de diferença, que a Terra é redonda.

Ou que a água, por sua própria natureza, é líquida.

Ou que no Brasil a gente fala português, e não sânscrito.

Seus ministros consumiram, literalmente, centenas de laudas para defender suas teses.

Entenderam?

O Supremo andou no limite do limite da excrescência, que seria admitir a reeleição, dentro da mesma legislatura, dos presidentes das duas casas do Congresso.

Isso é assustador, repito.

Mas estamos festejando como se fosse uma decisão banal.

Que tempos estranhos, estes em que vivemos.

Um comentário:

  1. .
    A CORTE


    Acolá, lá na Praça dos Três Poderes.

    Combina-se antes e após o final, é olê, olá!
    Olê olá, é pá daqui, é pá de lá, é o tri legal!
    Regimento, água e café, votos, até sururu
    Tudo conforme script, placar é legal, legal!
    E o povo de tanto tomar está fraco, jururu.


    AHT
    06/12/2020

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