quinta-feira, 21 de maio de 2020
Em Belém, no Pará e no Brasil, o "novo normal" será o velho normal. Com direito a enterrar as mãos na farinha em supermercados e feiras.
Desculpem aí, mas acho muito engraçado quando ouço, vejo ou leio respeitáveis cidadãos e cidadãs - muitos deles coleguinhas jornalistas, que se julgam solenemente grande formadores de opinião - disseminando viroticamente esse tese de que, quando a pandemia tiver passado, o mundo passará a adotar um novo normal.
Com todo o respeito, mas não acredito nisso, gente.
Esse novo normal pode dar certo em certos países nos quais a disciplina já se incorporou a aspectos múltiplos da cultura local.
Mas, com todo o respeito, o Brasil deve ser incluído fora dessa.
Não incluam o Brasil entre os países onde haverá um novo normal depois dessa pandemia. Porque, estou certo, não haverá isso.
Em Belém, no Pará e no Brasil, o novo normal será o velho normal. Como a tal nova política do Bolsonaro, que é igualzinha à velha.
Leiam o artigo acima, publicado na página 2 da Folha de S.Paulo desta quinta-feira (21).
A autora nos conta sobre sua experiência num aeroporto e, depois, dentro de um avião.
E quando lerem o artigo, considerem o seguinte: estamos ainda em plena pandemia.
Vocês imaginem quando se anunciar que a pandemia já passou.
Quando a pandemia tiver passado, vocês acham mesmo que os passageiros, à saída de um avião, vão observar, cada um com sua máscara, o espaço regulamentar de 1,5 metro um do outro?
Vocês acreditam que passando a pandemia, e se lá para outubro estivermos em plena disputa da Série C, vocês acham que os torcedores do Remo (da nossa Fenômeno Azul, vale dizer) vão sair em ordem do Baenão, cada um com sua máscara, e depois ninguém vai se reunir às dezenas em torno dos churrasquinhos de gato espalhados pela Antônio Baena, para matar a forme depois de um jogo tão tenso?
Vocês acreditam nos próximos dias, assim que se encerrar o lockdown, as feiras do Ver-o-Peso, do Barreiro, do Guamá, da Terra Firme, da 25 e tantas outras acolherão compradores todos com suas máscaras, devidamente guardando o espaço regulamentar um do outro, todos higienizando exemplarmente suas mãos nos dispensers instalados nas barracas?
E nos supermercados? Vocês acham mesmo que essa proibição temporária, que impede o cara de meter a mão (porca, muitas vezes) na farinha e jogar um punhado na boca para provar, vocês acham que essa proibição vai continuar depois que passar essa pandemia?
Enfim, vocês acham que nos próximo dias, tão logo o município de Belém e parte do estado saiam do lockdown, o isolamento será gradualmente relaxado, conforme as autoridades indicarem?
Ora, se com o lockdown o grau de isolamento chegou no máximo a 58%, vocês imaginem sem lockdown.
Não sou ingênuo de acreditar nessas coisas. Prevejo que, na próxima semana, o povo vai toda para as ruas, como se nada estivesse acontecendo. Nada.
Em resumo: não sei vocês, mas eu, para acreditar que o Pará e o Brasil vão entrar em um novo normal depois dessa pandemia, preciso primeiro acreditar que Bolsonaro é um cara normal.
Enquanto eu não acreditar, não acreditarei no resto.
Certíssimo, infeliz realidade do retorno.
ResponderExcluirNos resta a proteção divina e as cautelas devidas.
" o povo vai toda para as ruas, como se nada estivesse acontecendo"
PANDEMIA - COMBATE AO COVID-19
ResponderExcluirRISCO BRASIL
Refletindo cultura, costumes e o jeito meio
Indisciplinado e esperto para levar vantagens,
Se o aviso é “Entre sem bater na porta”, então
Com espírito culturalmente avesso a regras, um
Obstrutor desde berço, pensa em “bater e não entrar”.
Bozzar, um novo estilo: dar OK às áreas técnicas e,
Rindo ou não, falas e atitudes dando a entender
Alternativas e até descumprimento de regras.
Sob crise e bombardeio midiático, cidadãos
Inconformados, vítimas ou não, confiam no
Livre-arbítrio dado pelo entender bozzado.
AHT
22/05/2020