Olhem só como estava linda a manhã de hoje, aqui
em Belém.
Nem parece que a cidade vive em tempos de
pandemia.
Mangueiras verdejantes. Céu azul. Uma brisazinha meio tépida pra esquentar
ainda mais esse calor de 40 graus.
Nada mal.
Até você descobrir que acordou com um
bolsonarista encatarrado bem ao seu lado.
O celular, ao meu lado, começou a zunir.
Era um bolsonarista amigo meu, entupindo o Zap
de zaps.
Quando quero vê-lo feliz, digo-lhe do meu
arrependimento por não ter descoberto há mais tempo que a Terra é plana.
Ou então recomendo-lhe para se manter em casa, porque
é do grupo de risco.
- E tem mais – sempre completo. – Tu sabes que
já está provado que este Covid-19 tem um viés comunista. Já comprovaram isso na
Universidade do Maine.
- Eu sempre te falei isso. Esse vírus é
comunista. É coisa de chinês. E outra coisa: Maine não é aquele lugar onde o Zero
2 fritava hambúrguer no frio, enquanto estudava
pra ser embaixador?
- Exatamente. O Maine. É esse lugar mesmo.
Ele fica satisfeitíssimo com essas conversas.
Mas sim.
E o que queria o meu amigo bolsonarista, neste
sábado tão luminoso?
Queria desabafar. Cheguei a entrever em suas
mensagens aquele muco nasal expelido pelos que estão chorando a cântaros.
Entrevi um muco nsal sem cor definida, mas
gosmento, horroroso, asqueroso – e ainda mais provindo dos recônditos do meu
amigo, coitado, um bolsominion em estado
de profunda prostração de ânimo!
- Tu viste? – Ele me pergunta – Ele se foi.
- Mas quem??????????????? – respondi assim
mesmo, com um monte de pontos de interrogação e acrescentando aquele monte de
figurinhas com cara de espanto.
- Ele se foi. Eu sempre acreditei nele. Era meu
ídolo. Um cara inteligente, íntegro, honesto, transparente, corajoso,
independente, imparcial. Um patriota. Queria tanto o bem do Brasil!
Eu lá sabia quem era! Nem tinha ideia. Mas tinha
certeza de que ele se referia a um santo – puro, imaculado. E que a pessoa
havia morrido.
Enquanto lia as mensagens, fica imaginando a
comoção chorosa que o dominava e a quantidade do muco nasal (catarro, em português) que jorrava sobre
os teclados do celular dele.
- Mas rapaz, quem foi que morreu? – perguntei logo.
- Não. Ninguém morreu, não.
- Então, quem se foi, como me disseste?
- O Moro.
- Ahhhhhhhhhhhhhh – eu respondi, assim meio
vagamente, e já querendo encerrar a conversa.
Mas meu amigo minion estava, sinceramente, arrasado, devastado, destroçado. E
continuou o papo.
- Como eu já te disse, eu admirava muito o Moro.
Mas eu também admiro muito o nosso presidente...
- Ele é um energúmeno – eu atalhei.
- Espera aí, deixa eu te explicar – ele voltou. –
Como eu já te disse, não é que o Bolsonaro seja meu ídolo, mas acho que ele
está fazendo um bom governo...
- ... é um palerma – atalhei.
- ... não é isso. Tu está sendo muito radical.
- ... radical é o c...
- Peraí. Olha, vê só. Eu reconheço que os filhos
são o calcanhar de aquiles do presidente...
- ... são três malucos imbecis, ensandecidos e paranoicos
– eu continuei.
- ... Tá, eu sei. Também concordo com isso. Mas
o Bolsonaro, é dele que eu quero falar. Mesmo depois da saída do Moro, acho que
ele merece um crédito de confiança. Ele não é ladrão, como outros tantos
ladrões que já saquearam o País.
- Ah, para com isso. Vou fazer faxina agora. A
casa tá uma imundície. E tem duas pessoas me vigiando aqui. Todas duas de olho,
pra saber se eu não vou deixar nada de lixo no chão. Toda vez é isso. São
quatro olhos em cima de mim. Eu limpo e depois elas, por trás de mim, vão
conferir pra ver se eu limpei direito. E sempre encontram mais lixo. É muito
tenso!
- Pois é. Aqui em casa também. Mas a questão é
que o Bolsonaro...
- Olha deixa eu te dizer – exasperei-me. - Esse
maluco é um debochado. Ele tem um rasura de intelecto da espessura de uma folha
de papel. E tanto é assim que não consegue sequer ler um texto fluentemente.
Tua neta, de seis anos, lê melhor do que ele. Além do mais, é um debochado, um
tresloucado e não tem o mínimo apreço pelo cargo que ele exerce.
- Mas não é ladrão – ele retorquiu.
- Bem, quanto a isso, não sei. Mas digamos que
não seja. Se não for. Há muitas formas de ser pior ou igual a um ladrão, mesmo
não sendo ladrão. Bolsonaro, por exemplo, venera torturadores, venera
milicianos, venera ditadores golpistas, é misógino, homofóbico, machista,
desequilibrado, paranoico e, ao contrário do que todos vocês bolsonaristas
imaginam, ele é um produto genuíno da velha política, que está cheia de
ladrões, corruptos e vigaristas.
Depois de uma meia hora, ele voltou com nova
mensagem.
- Pois é – disse apenas. – Mas não é ladrão.
- Putz! Sinceramente, vou te dizer: eu prefiro
mil ladrões do que um, apenas um Bolsonaro.
Ele, o minion,
botou aqueles emojis com carinha de tristeza por causa da minha avaliação. Mas não
se deu por vencido.
- Bem, ele pode até ser ladrão. Mas, se roubou, roubou
coisas privadas. Nunca roubou o
patrimônio público.
- Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk – eu fiz. – Mas como???????????
(de novo com um monte de interrogações inúteis). Então o ladrão que rouba no
privado é bem-vindo ao bolsonarismo. Mas o ladrão dos dinheiros público, esse
não. É isso?????? (mais interrogações).
Até agora, ele não respondeu.
Deve estar fazendo faxina e limpando muco que
empestou o celular.
Eu,
felizmente, já acabei a minha. Só estou esperando a avaliação dos quatro olhos
vigilantes.
EPISÓDIO “BOLSONARO VERSUS MORO”
ResponderExcluirPrimeiramente, "nem tanto ao céu e nem tanto à terra". Quanto ao Moro Juiz Federal, com exceção dos criminosos sentenciados ou prestes a ser, os justos sempre o consideraram um excelente juiz. O perfil dele é para a Justiça, graças ao seu berço, educação, formação e desempenho demonstrado como juiz. Mas se isso é altamente positivo para a Justiça, não significa que ele possa ser um político igualmente bem sucedido, mesmo que eleito pelos seus méritos passados e pelo clamor popular na próxima eleição para Presidente, em 2022. O mesmo clamor que acreditou no mito Bolsonaro, e agora já demonstra decepção e desânimo.
Quanto ao Bolsonaro, quando oficial do Exército teve a ousadia de tentar um motim, e até planejar explodir bombas em quartéis. De imediato, pegou 15 dias de cadeia. Quando o caso chegou ao STM, não foi condenado com a pena que, em outros casos semelhantes não ocorrera a mesma complacência. Talvez, assim procederam em atenção a uma decisão política visando não causar uma possível tensão naquele ambiente nacional de recém redemocratização. A punição para ele: capitão da reserva não remunerada. Sem rumo, apostou nele mesmo e entrou para a política. Foi vereador no Rio de Janeiro, posteriormente foi deputado federal durante 28 anos, pelo RJ. Sempre um deputado do baixo clero, provocando polêmicas para satisfazer e garantir os votos do seu fiel eleitorado. Circunstâncias incríveis o levaram a se candidatar e ser eleito Presidente da República.
O resultado? Como presidente, um excelente provocador de conflitos absurdos. Consegue desarticular o que naturalmente fora articulado pelos seus ministros. Algumas ações bem sucedidas por obra e competência de alguns dos seus ministros, e as poucas reformas aprovadas foram conseguidas justamente pela crítica situação econômica e social do Brasil.
Falta ao Bolsonaro a compostura que o cargo de Presidente da República exige. Falta-lhe pelo menos um tiquinho de traços comuns daqueles que a História registra, na acepção da palavra, como Estadistas. Ele se julga estrategista e comandante - enquanto, na realidade, está mais para chefe possessivo e que detesta que outros ao seu redor possam ofusca-lo. Quando isso acontece, é tomado pela paranoia e não consegue parar enquanto não apagar o facho do suposto concorrente. Os seus três filhos políticos, idem, idem.
Enfim, o Capita quando capota com um ministro que o desagrada, é batata, demite – e, absurdo dos absurdos, até em meio dessa pandemia Covid-19, quando a prioridade máxima do governo é zelar pela proteção e atendimento do povo contra o temível vírus, além da sobrevivência econômica do Brasil. Infelizmente, Bolsonaro e filhos políticos têm obsessão por atender seus próprios objetivos e caprichos tudo pelo poder. A prioridade máxima passa a ser mínima, transparecendo que não se sensibilizam pela real situação da grave crise mundial e, sobretudo, afetando o Brasil.
Capita quando capota pisca para o capeta, se esquece até do versículo João 8:32, ao qual sempre se referia durante a campanha vitoriosa à Presidência da República. Ainda se refere a esse versículo sempre que conveniente, seja em falas oficiais ou de improviso para plateias, ou lives produzidas por seus assessores. Nessas ocasiões, a impressão é que a plateia é induzida a associar a mensagem desse versículo e acreditar que o Bolsonaro representa a Verdade. Por consequência, um outro bom tanto do público brasileiro ao assistir esses encontros, seja através de vídeos e áudios compartilhados pela Internet, ou rádios e TVs, também parece se sugestionar, ficando com a impressão que realmente ele estaria imbuído da vontade de governar e salvar o Brasil. Nessas situações, observa-se que a memória coletiva já esqueceu que o ex-presidente Lula também já recebeu a confiança e os votos de milhões, e soube aproveitar os momentos de glória no papel de salvador da pátria. E, deu no que deu...
AHT
25/04/2020
HERÓI DO BRASIL
ResponderExcluirHerói do Brasil é único, é o seu Povo
Esquecido após as eleições e
Rapidamente lembrado um pouco antes.
Ó governantes e políticos canalhas de nascença,
Infectados pelo satânico vírus Covidão!
Dinheiro, poder e safadeza,
O que vocês mais desejam aqui na terra.
Bravatas e promessas vomitam de montão,
Roubam feito milhões de ratos em várias fontes:
As receitas da Nação sempre desviadas “por fora”.
Seus dias estão contados e não será um mito qualquer
Indicado para extermina-los, não será um sem-palavras
Ladino aloprado, blasfemo e fazendo tipo do Bem.
AHT
26/04/2020
Belém sem poluição, sem carros, sem barulho intenso... quem dera fosse o tempo todo assim (claro que, sem pandemia), a natureza agradece!
ResponderExcluir