Um aviso, claro e pedagógico, aos sujismundos


Ser claro e objetivo é uma arte, meus caros.
E quando se tenta aliar clareza e objetividade a um viés, digamos assim, meio pedagógicos, aí mesmo é que a arte se mostra esmerada.
O autor dos dizeres que estão nessa placa, que uma leitora do blog viu e fotografou na Avenida Pedro Álvares Cabral, nesta sexta (30), é desses artesãos da objetividade pedagógica.
Hehe.
É impossível - ou quase isso - que não se entenda o que ele escreveu.
Agora, se vão obedecer, aí já são outros 500.
Mas, aqui pra nós, nesta Belém, relegada ao abandono e castigada pela sujeira, a contundência é, sim, necessária para desestimular hábitos que emporcalham a cidade.

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Macron, salve da francesa Imerys os rios da Amazônia


ISMAEL MORAES
Advogado socioambiental na Amazônia de comunidades tradicionais
Twitter @ismaeladvogado

Será que o presidente francês Emmanuel Macron está sendo sincero em suas preocupações ecológicas? Então, vamos a fatos e esperemos a reação.
A multinacional francesa Imerys Rio Capim Caulim S.A explora caulim em Ipixuna do Pará e o envia a Barcarena através de um mineroduto de quase 250 km cuja construção implicou na devastação de milhares de hectares de floresta amazônica.
Nesse extenso percurso, o mineroduto despeja contaminantes não tratados em diversas microbacias hidrográficas que banham centenas de comunidades ribeirinhas e quilombolas de pelo menos 4 municípios. Além de afetar pequenos cursos d´água, os despejos de rejeitos de mineração para limpeza do mineroduto tornam imprestável a água em vários pontos da macrobacia hidrográfica do importantíssimo rio Capim, que ela adotou como nome.
Entretanto, é ao chegar a Barcarena que a noble dame française Imerys mostra o seu talento destruidor e poluidor : os seus depejos diretos exterminaram toda a fauna aquática e toda a cadeia de fitoplânctons e transformou o rio Curuperé, desde as suas nascentes, num esgoto sem vida, hoje totalmente esterelizado pela utilização em grande escala de ácido sufúrico no seu processo produtivo, causando fome e miséria a milhares de famílias ribeirinhas que dele dependiam para a sobrevivência. Estudos desenvolvidos pela pesquisadora Simone Pereira do Laboratório de Química Analítica e Ambiental – Laquanam, da UFPA, feitos no de 2014 a pedido do MPF, quando referido centro de pesquisas elaborou um “Estudo da Qualidade da Água de Consumo de Moradores do Município de Barcarena” demonstram que as atividades dessa indústria de capital francês também comprometem a água para beber de famílias em Vila do Conde e em diversas outras localidades, como no Bairro Industrial, nas Comunidades Canaã e Maricá e, após, chegando à comunidade da Ilha São João quando o rio Curuperé desemboca no rio Dendê, ainda em Barcarena. Semana passada, o Instituto Evandro Chagas publicou no International Journal of Enviromental Reseach and Public Health trabalho onde pesquisadores seus comprovam ter encontrado elementos da cadeia produtiva da Imerys em sangue humano de moradores do Bairro Industrial.
A Imerys já protagonizou – inclusive com rompimento de bacias de rejeitos industriais (a Bacia 3 rompeu em 2007) – diversas tragédias ambientais e humanas em Barcarena. A Imerys até hoje despeja efluentes industriais, sem tratamento para retirada de metais pesados do processamento do caulim, diretamente no rio Pará, um dos mais importantes de toda a Bacia Amazônica!
O presidente francês Emmanuel Macron defende que os países do G7 intervenham na Amazônia brasileira justificando preocupação ambiental.
Perfeito!
Então, diante desses fatos, como brasileiro, sugiro que ele faça logo uma coisa que como presidente da França está ao seu alcance imediato : determine a suspensão das atividades da Imerys Rio Capim Caulim S.A, cujo capital é francês. E faça mais, obrigue essa empresa francesa a custear a recuperação dos rios Curuperé e Dendê, assim como os diversos pontos poluídos da bacia do rio Capim.
E tambem fica o desafio ao presidente Jair Bolsonaro : por que o Ibama, a ANA e a ANM não interditam e multam a Imerys em decorrência das evidentes atividades poluidoras dessa empresa francesa?

Justiça Federal em Belém rejeita liminar que pretendia impedir presidente de indicar filho para embaixada

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A Justiça Federal negou, nesta quarta-feira (28), a concessão de liminar que pretendia impedir o presidente Jair Bolsonaro de indicar seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), para ocupar o cargo de embaixador do Brasil nos Estados Unidos (EUA).
Ao apreciar o pedido, o juiz federal Henrique Jorge Dantas da Cruz, da 1ª Vara, afirma que deve ser respeitada a soberania popular prevista no artigo 14 da Constituição Federal, “pois foi o povo quem elegeu por vontade livre e consciente o presidente da República, o qual tem a prerrogativa de nomear chefes de missão diplomática de caráter permanente, e os senadores, aos quais compete privativamente aprovar ou não essa escolha”.
A decisão (veja a íntegra neste link) destaca que “processo judicial não é o instrumento adequado para ‘um grito de revolta e indignação contra a imoralidade que campeia nas entranhas das instituições brasileiras, do Acre ao Rio Grande do Sul’”, conforme diz o autor da ação. Por isso, o magistrado destacou que a análise judicial sobre esse caso tem, na sua essência, a discussão sobre hipotético nepotismo na eventual indicação do filho do presidente da República para chefiar missão diplomática de caráter permanente no exterior.
Cargo político - Para o magistrado, de acordo com a Constituição, cargo político é cargo de governo e de existência necessária. Já cargo administrativo é criado por lei e está localizado no quadro administrativo (cargo em comissão, cargo de provimento efetivo e função de confiança). “Portanto, o auxiliar do presidente da República na condução da política pública internacional é desenganadamente cargo político”, escreve o magistrado.
O juiz lembra que no Supremo Tribunal Federal há vozes que, apesar de a restrição da Súmula Vinculante n° 13 não incidir na nomeação de cargos políticos, ressalvam certa análise em situações de inequívoca falta de razoabilidade, por ausência manifesta de qualificação técnica ou de inidoneidade moral de pessoas indicadas. Mas, em casos como o da indicação do deputado para embaixador nos Estados Unidos, Henrique Cruz entende a Constituição atribuiu ao Senado Federal, e não o Poder Judiciário, a competência para analisar a qualificação técnica dos indicados.
A decisão reforça ainda que “o Judiciário deve atuar para assegurar os direitos fundamentais e as regras da democracia. Não pode, no entanto, suprimir o jogo político nem a prevalência da vontade majoritária quando ela é legitimamente manifestada. O fato de o Poder Judiciário ter a palavra final nas controvérsias que lhe são apresentadas não lhe dá o direito de se presumir demais de si mesmo.”

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Ofensas diárias, armas e interferências de filhos minam governo Bolsonaro, diz pesquisa

A Confederação Nacional do Transporte divulgou nesta segunda-feira sua 144ª pesquisa de opinião, em parceria com o Instituto MDA.
O levantamento, realizado de 22 a 25 de agosto de 2019, reuniu 2.002 entrevistas, entre os dias 22 e 25 de agosto, em 137 municípios de 25 Unidades da Federação. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.
A aferição aponta o desgaste do governo Bolsonaro, uma altíssima percepção de que a questão do meio ambiente é muito importante e ressalta que as três piores ações, nestes primeiros oito meses, são o decreto da liberação da posse e porte de arma / liberação das armas (39,1%), o uso de palavras ofensivas e comentários inadequados (30,6%) e o contingenciamento de verbas da educação (28,2%) e Deixar os filhos dar opinião sobre integrantes e ações de seu governo (24,4%).
Para os entrevistados, as melhores ações do governo foram: combate à corrupção (29,6%), Segurança / mais policiamento nas cidades / combate ao crime organizado / combate ao tráfico de drogas (27,5%), final do horário de verão (18,1%), redução do número de ministérios (16,1%) e avanços na Reforma da Previdência (15,1%).
Veja os gráficos abaixo, pinçados do site da CNT.




Para mais dados sobre a pesquisa, clique aqui.

domingo, 25 de agosto de 2019

Bolsonaro se alimenta de mentiras. Por isso as arrota como se fossem verdades.


Sinceramente, é uma bobagem – rematada bobagem – tentar confrontar o presidente da República com um fato: o de que ele mente, de forma descarada e criminosa, com o intuito apenas e tão somente de atacar e constranger seus críticos.
Bolsonaro elegeu-se com a bengala das fake news, disseminadas à exaustão por seguidores, milhões deles convictos de que as mentiras espalhadas por robôs eram a pura verdade.
Bolsonaro foi assim durante toda a sua campanha.
Assumiu a presidência da República e segue assim, elegendo a mentira como uma arma que ele entende ser letal para constranger seus críticos.
Foi assim, por exemplo, quando disse que o pai de Felipe Santa Cruz, presidente da OAB, não teria sido morto pela ditadura militar. Quando as verdades – inclusive com base em documentos oficiais – foram atiradas nas ventas de Bolsonaro, ele não se retratou.
Foi, por exemplo, quando disse a jornalista Miriam Leitão participou da luta armada. Confrontado com a verdade, Bolsonaro não se retratou.
Será assim agora, com a nova fake news de Bolsonaro, desta vez atacando o jornalista Merval Pereira.
No Twitter, Bolsonaro escreveu a mentira que você vê na imagem acima.
A verdade é a seguinte, dita por Merval Pereira:

Em março de 2016, eu e diversos outros jornalistas e economistas fomos contratados para participar do Mapa Estratégico do Comércio, da Fecomércio do Rio.
O projeto previa 15 palestras em diversas cidades do Estado do Rio, analisando as perspectivas políticas e econômicas naquele ano de eleições municipais. Os R$ 375 mil de que fala o presidente, portanto, não se referem a uma palestra, mas às 15 previstas para os anos de 2016 e 2017.
Na verdade, não recebi esse total, pois o programa foi interrompido, e acabei dando 13 palestras, que foram noticiadas nos jornais locais, em informes publicitários da Fecomércio do Rio, em sites, e filmadas. As palestras eram abertas a representantes do comércio, da indústria, da educação, políticos locais, estudantes.
Foram as seguintes as cidades das palestras: Angra dos Reis (30/3/2016); Miguel Pereira (14/4); Três Rios (28/4);Volta Redonda (5/5/); Barra do Pirai (19/5); Teresópolis (16/6); Valença (9/6); Barra Mansa (14/7); Rio das Ostras (28/7) Petrópolis (11/8); Rio de Janeiro (7/12/); Cabo Frio (16/3/2017); Niterói (25/5/2017).
Cada palestra teve a respectiva nota fiscal, incluindo os impostos devidos, e foi declarada no meu Imposto de Renda.
Taokei?

É isso.
Bolsonaro vai se retratar?
Não vai.
Ele se alimenta de mentiras. Por isso as arrota como se fossem verdades.
Como já dito aqui, em postagem anterior, A verdade é um insulto à verdade. A verdade é um insulto à verdade.

sábado, 24 de agosto de 2019

Bolsonaro está pianinho. E agora, acreditem, está trabalhando.


Alvíssaras!
Se tivesse um pianinho no Planalto ou no Alvorada, Bolsonaro deveria sentar-se nele, deixar-se fotografar e divulgar a imagem para o mundo todo.
Porque, sim, Bolsonaro está pianinho.
Está manso, manso, manso.
Depois de assustar o mundo com deboches, com mentiras e ilações amalucadas sobre as queimadas que devastam a Amazônia e tiveram um aumento exponencial e aterrorizante em seus oito meses de governo, Bolsonaro confronta-se não apenas com a repulsa do mundo inteiro.
Ele também se confronta com a autoridade de líderes mundiais, sobretudo os do G7, que chamaram para si a responsabilidade de discutir concretamente uma situação emergencial que impacta todo o planeta.
Confrontado com essa repulsa planetária, Bolsonaro, enfim, resolveu trabalhar, coisa que tem feito pouco, muito pouco nos últimos oito meses, a menos que expelir bobagens todo dia, o dia inteiro, seja considerada a principal função de um presidente da República.
E não. Essa não é uma postura que se espera do presidente de um país como o Brasil, que, apesar dos pesares, vinha honrando compromissos e se empenhando em controlar a devastação na Amazônia.
Mas eis que Bolsonaro pintou no pedaço. E com ele, um discurso tresloucado, alicerçado em ilusões ideológicas extremadas e tendentes a considerar que a preservação ambiental é coisa de esquerdistas, vagabundos e ongueiros interessados apenas em locupletar-se (inclusive à custa das verbas públicas que milhares de ONGs recebem).
Pois deu no que deu.
Bolsonaro, como já se disse, virou a razão dessa crise. Ele é o nome e sobrenome dessa crise que desacredita o Brasil no concerto das Nações. Porque adota posturas irresponsáveis e descomprometidas com a racionalidade, afogando-se nessa paranoia de achar que os defensores do meio ambiente e os que cobram ações urgentes contra as queimadas estariam, em verdade, pugnando pela queda do governo dele, Bolsonaro.
Isso é uma loucura. Uma completa loucura.
O que Bolsonaro tem de fazer são duas coisas.
A primeira, ele já começou a fazer sob pressão: trabalhar concretamente, convocando inclusive as forças armadas e buscando parcerias com os governos estaduais para combater o avanço do fogaréu.
A segunda, remontar os aparelhos fiscalizatórios que ele está desmontando, inclusive os encarregados de combater a devastação florestal em todas as regiões, e não apenas na Amazônia.
No mais, gente, é Bolsonaro, agora pianinho depois das pressões internacionais, trabalhar menos e não falar.
Sim, o presidente deveria fazer uma espécie de detox verbal.
Pelo bem do Brasil.
Simples assim.

Sentença determina ao município de Baião que construa escola em aldeia indígena

A Justiça Federal condenou o município de Baião, situado a cerca de 200 quilômetros de Belém, a construir no prazo de 180 dias uma escola na aldeia Ororitawa. Até que a construção esteja concluída, o município terá que fornecer transporte escolar para as crianças se deslocarem da aldeia até a escola da aldeia mais próxima.
Na sentença (íntegra neste link), assinada nesta quinta-feira (22), o juiz federal Henrique Jorge Dantas da Cruz, da 1ª Vara, determina ainda que seja fornecida merenda escolar às crianças da escola que for construída na aldeia Ororitawa e o pagamento de R$ 250 mil, a título de indenização por danos morais coletivos, cujo dispêndio está vinculado a políticas públicas educacionais em benefício da comunidade indígena.
Na ação que ajuizou, o Ministério Público Federal (MPF) informa que um inquérito, instaurado para apurar o acesso à educação oferecido pelo Poder Público aos indígenas da aldeia Ororitawada TI Assurini, constatou que o ente municipal “descuidou de suas obrigações constitucionais e legais, em grave prejuízo ao direito de educação das comunidades indígenas”.
O MPF destacou ter notificado a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o município de Baião para comparecerem a reunião agenda para o dia 3 outubro de 2017, para tratar da situação do acesso a educação na aldeia, mas os representantes do município não compareceram. O Ministério Público também chegou a expedir uma recomendação à Prefeitura de Baião para que construísse a escola na aldeia no prazo de 90 dias, mas o governo municipal respondeu que não iria construir por falta de recursos.
Sobre a merenda escolar, o MPF diz na ação que o município de Baião desrespeita as diretrizes do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e “expõe os alunos da educação básica a uma grave situação de insegurança alimentar e nutricional, comprometendo a sua saúde e desenvolvimento biopsicossocial, pelo emprego, na merenda escolar, de gêneros alimentícios de péssima qualidade e baixo teor nutricional”.
Protelação - Na sentença, a Justiça Federal reconhece que o município vem protelando a construção da escola há dois anos e considera que o prazo de 180 dias, estabelecido para a construção definitiva do estabelecimento de ensino, é tempo suficiente para que a decisão judicial seja cumprida sem interferência relevante na sua rotina administrativa.
“O cumprimento imediato desta sentença não gera danos ao município. Apenas, impõe a correta aplicação da verba pública por ele próprio destinada e o dever de construção da escola, tutela o direito à educação, e cria medida de fiscalização eficiente com ônus irrelevante para quem esteja à frente da Secretaria Municipal de Educação”, afirma o juiz Henrique Jorge Cruz.
Em relação ao dano moral coletivo, a sentença ressalta que o MPF apresentou em juízo fotos da escola na aldeia Ororitawa em precárias condições, nas quais se verifica a cobertura de palha e as paredes em madeira. Também há nos autos a declaração em que um servidor público afirma que a cobertura de palha da escola estava toda furada e as paredes caindo em decorrência de cupins, havendo, inclusive, o risco de queda do telhado.
“Apesar de serem reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, e tradições pelo artigo 231 da CRFB, eles estão sendo obrigados a se mudarem para outra aldeia com a finalidade de as crianças continuarem estudando. Dinheiro há, mas a omissão político-administrativa municipal malfere o direito fundamental à educação, apesar de ser lhe competir manter programas de educação infantil e de ensino fundamental. Diante desse quadro, o município de Baião fere o comando constitucional que impõe a todos (família, sociedade e Estado) o dever de assegurar à criança, com absoluta prioridade, o direito à educação. Posto isso, está configurado dano moral coletivo”, conclui a sentença.

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

A crise não é porque a Amazônia está em chamas. A crise chama-se Bolsonaro.


Aí está.
O Brasil sob Bolsonaro não é diferente dos Brasis que antecederam o atual governo?
Não é sob Bolsonaro que este Brasil atual assumiu a pinta e a pose de um País que pretende ser único no concerto das nações?
Viva nóis!
Pois eis que o presidente da França, Emmanuel Macron, vem a público, nesta quinta-feira (22), para avisar que a cúpula do G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) precisa discutir os incêndios na Amazônia. O encontro está previsto para este fim de semana, em Biarritz, no sudoeste francês.
Em mensagem publicada no Twitter, Macron postou uma foto de um incêndio florestal e chamou as queimadas na Amazônia de "crise internacional" e "emergência".
"Nossa casa queima. Literalmente. A Amazônia, o pulmão de nosso planeta, que produz 20% de nosso oxigênio, arde em chamas. É uma crise internacional", escreveu.
Entenderam?
A questão, pela minha leitura, é de que essa crise não é, propriamente, porque a Amazônia está em chamas. E realmente está em chamas, vale ressaltar.
A crise, vamos e convenhamos, é porque a Amazônia, em chamas, tem como combustível a alimentá-las as falas radicais e extremadas de um presidente que não tem noção de seu papel de presidente.
Tem como combustível a postura de um presidente que debocha, da forma mais deplorável, vergonhosa, inconsequente e irresponsável, de outros países, inclusive dos que estavam ajudando o Brasil a preservar a Amazônia, como Noruega e Alemanha.
Tem como combustível a postura de um governo que está, literalmente, desmontando, implodindo, destruindo todo o aparato estatal de fiscalização –sobretudo os encarregados de monitorar movimentações financeiras e os encarregados de coibir a devastação ambiental, inclusive na Região Amazônica, de dimensões continentais.
É por isso que temos o Brasil exposto a vexames perante o mundo.
É por isso que temos o Brasil sob o risco de sofrer sanções internacionais.
É justamente por isso.

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

A Amazônia está em chamas. Só não vê quem odeia a verdade.



A Amazônia arde.
Pega fogo.
Está em chamas.
Neste ano e 2019, está em chamas como nunca esteve nos últimos anos.
Estão aí números oficiais.
Oficialíssimos.
Compilados pelo Inpe, uma instituição científica com reputação de excelência reconhecida no mundo inteiro, menos no Brasil.
Não é, evidentemente, todo o Brasil que debocha do Inpe e tenta desacreditá-lo.
O Brasil que não acredita nesses números - assustadores, contundentes e inacreditáveis, mas comprováveis em séries históricas consistentes - é aquele Brasil que odeia a verdade, que se compraz em disseminar fake news, que alimenta suas psicoses com teorias e teses conspiracionistas, é o Brasil que prefere o extremismo ideológico (cego e fanático) ao arejamento de ideias que podem ser discutidas livremente, mas sem ódios e sem preconceitos.
Enfim, o Brasil que odeia a verdade é o Brasil das trevas.
Trevas que não se iluminam plenamente nem mesmo com fogueiras de dimensões amazônicas, como essas que devastam a Amazônia.



Bolsonaro, logo, logo, vai dedicar seu tempo a substituir o guarda de quarteirão


Bolsonaro, como presidente, age como um perfeito e eficiente guarda de quarteirão, aquele que está na ponta de baixo de hierarquia.
Como presidente, além das declarações diárias – estapafúrdias, alopradas, irracionais, preconceituosas e amalucadas, não necessariamente nessa ordem -, Bolsonaro exime-se em exibir uma verborragia com a qual pretende reforçar sua autoridade.
Daí ficar dizendo que “eu sou o presidente”, “eu não sou um presidente banana” etc.
Se fica dizendo coisas desse jaez, é sinal de que não tem noção de sua autoridade, de suas responsabilidades e do decoro que o cargo presidencial exige.
Daí Bolsonaro descer com tanta frequência do pedestal de sua máxima autoridade, entretendo-se com questões que deveriam ser resolvidas por auxiliares subalternos, de ministros para baixo.
Quem já viu um presidente da República, antes desse, dar declarações públicas sobre um superintendente da Polícia Federal em qualquer estado?
Quem já viu um presidente da República, antes desse, dar declarações públicas sobre a troca de chefes da Receita Federal num município como Itaguaí, na Região Metropolitana do Rio?
Questões como essa levarão Bolsonaro, rapidamente, a dedicar boa parte do seu tempo sobre a substituição de um guarda de quarteirão, como se mencionou no início.
Enquanto isso, ele vai promovendo um desmonte, uma razia, uma devastação nos aparelhos de estado encarregados de fiscalizar.
Agora, a bola da vez é o Coaf.
A MP que altera o Coaf abre a possibilidade para indicações políticas no órgão que o substituiu, a Unidade de Inteligência Financeira (UIF), ao permitir pessoas de fora da administração pública em cargos de comando.
Essa possibilidade provocou reações sobre uma possível interferência política no órgão especializado na detecção de indícios de crimes financeiros.
A Medida Provisória assinada por Bolsonaro amplia o número de categorias que podem ceder servidores para a UIF e estende a nomeação mesmo para quem não é servidor público. Representantes das carreiras que tinham exclusividade para compor o Coaf e especialistas em transparência na administração pública avaliam que a abertura da UIF - agora subordinada ao Banco Central (BC) - pode pôr em risco a independência do órgão.
Bolsonaro diz que “a ideia é ser o pessoal concursado do Banco Central. Se tiver erro, a gente corrige”.
Essa declaração expõe Bolsonaro em seu melhor estilo: sem noção sobre o que faz, sem noção sobre sua autoridade, completamente perdido e enxovalhando a imagem do país que ele diz governar.

Bolsonaro alimenta mentiras dia e noite, noite e dia


FAROE ISLANDS

As fake news, as mentiras, as despudoradas inverdades continuam grassando aí pelas redes sociais incontrolavelmente.
E quem estimula essa prática – nociva, deletéria, perniciosa e atentatória à transparência que se exige nos costumes acolhidos pela democracia?
Jair Bolsonaro, ele mesmo, o presidente da República.
Na quinta-feira passada, dia 15, quando abordava a questão do corte dos repasses do Fundo Amazônia pela Noruega, o presidente atacou: “A Noruega não é aquela que mata baleia lá em cima, no Polo Norte, não?”. Logo depois, passaram a circular nas redes duas fotos de diversas baleias mortas em uma praia como se ilustrassem a caça realizada no país nórdico.
As imagens, como apurou o site Aos Fatos, que se ocupa da checagem de fake news, não são da Noruega, mas das Ilhas Faroe, território da Dinamarca, durante o “grindadráp”, evento de caça a baleias que é tradição centenária do arquipélago durante o verão.
Uma das fotos utilizadas pelas publicações nas redes, de acordo com o site, foi tirada em uma das caçadas realizadas no mês de junho de 2012, por Andrija Ilic, da Reuters. Outra imagem, que foi registrada em outubro de 2004, é de autoria do fotógrafo Jan Egil Kristiansen. As duas retratam o “grindadráp”.
No domingo (18), Bolsonaro voltou a falar sobre a Noruega e compartilhou um vídeo do grindadráp também como se retratasse a caça de baleias no país.
As imagens publicadas pelo presidente foram gravadas pela ONG Sea Shepherde mostram uma das matanças nas Ilhas Faroe em 2018. Naquela ocasião, 135 baleias foram mortas.
Como lembra o site Aos Fatos, apesar de não ter relação com as imagens divulgadas, a Noruega também permite a caça comercial a baleias, ainda que apenas da raça minke.
Além disso, o país estabelece uma cota baseada no IWC (International Whale Comission) para garantir o que considera uma caça sustentável. O número de baleias mortas durante as caçadas também vem diminuindo nos últimos anos. Em 2014, 736 baleias foram mortas. Em 2015, o número baixou para 660. Em 2016 foi para 591 baleias e, por fim, em 2017, foram contabilizadas 432.
A IWC classifica a caça comercial de baleias como uma atividade desumana, uma vez que não proporciona uma morte sem dor, estresse ou sofrimento.

terça-feira, 20 de agosto de 2019

Quem acredita que o governo do Rio comemorou a preservação de 37 vidas?



O governador Wilson Witzel pode passar o resto da vida dizendo que, em vez de comemorar a morte do sequestrador de um ônibus, na manhã desta terça-feira (20), na ponte Rio-Niterói, comemorou a preservação de 37 vidas.
Pois eu devo passar os próximos 350 anos achando que não.
Acho que ele, em verdade, comemorou a morte do sequestrador, e não o fato de que os 37 reféns que estavam no ônibus saíram sãos e salvos.
Essas imagens aí, do governador do Rio, são ridículas.
São horríveis.
São tenebrosas.
São ridículas, horríveis e tenebrosas porque espera-se de um governante moderação, comedimento, racionalidade, sensatez e contenção de ânimos, sobretudo e principalmente em momentos extremos, como os que se viram durante as três horas em que o sequestrador manteve os passageiros reféns dentro do ônibus.
Estávamos diante de uma iminente tragédia, que ocorreria caso o homem, por exemplo, tocasse fogo no ônibus?
Sem dúvida que sim.
A polícia, tecnicamente, desincumbiu-se a contento de sua missão, acertando os tiros apenas no sequestrador?
Sim. Desincumbiu-se.
Devemos todos, de fato, festejar o fato de que todos os passageiros no interior do ônibus tiveram sua integridade física absolutamente preservada?
Mas é evidente que sim.
A ação dos snipers foi decisiva para salvar essas 37 vidas?
É claro que sim.
Mas a atitude extrema (neutralizar, ou seja, matar o sequestrador), adotada naquele momento, era a recomendável?
Ninguém sabe.
Já haviam sido esgotadas todas, absolutamente todas as alternativas para que o homem se entregasse?
Não sei.
Ninguém sabe ainda.
Nem Wilson Witzel, esse que diz ter comemorado a preservação de 37 vidas.
Mas eu acho mesmo é que comemorou a morte do sequestrador.

Subseção de Castanhal suspende expediente e passará a ocupar novas instalações



A Subseção Judiciária de Castanhal, na região nordeste do Pará, passará a funcionar a partir do final deste mês em uma nova sede, situada na Rua Marechal Deodoro nº 226, esquina com a Travessa Doutor Lauro Sodré, no bairro do Ianetama. A inauguração está marcada para as 14h do dia 28 de agosto, com a presença do presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, desembargador Carlos Moreira Alves.
No dia 16 de agosto, o presidente do TRF1 assinou a Portaria Presi nº 8729894, que suspende o expediente externo e os prazos processuais no período de 19 a 30 de agosto na Subseção de Castanhal. A medida é necessária para que se faça a transferência do mobiliário e de todo o acervo processual físico das instalações atuais para o novo prédio.
A portaria da Presidência determina que, durante o período em que o expediente externo e os prazos processuais estiverem suspensos, serão apreciadas apenas ações, procedimentos e medidas de urgência que visem a evitar perecimento de direitos.
A Secretaria Administrativa (Secad) da Justiça Federal informou que a mudança da Subseção de Castanhal para um novo prédio é necessária em decorrência de deficiências estruturais na sede atual, onde o forro chegou a desabar parcialmente, em abril do ano passado, durante fortes chuvas. A ocorrência alagou parte do prédio, danificou vários equipamentos e forçou a suspensão do expediente durante cerca de duas semanas.
A Subseção Judiciária, que entrou em funcionamento no dia 20 de janeiro de 2006, tem jurisdição sobre os municípios de Augusto Corrêa, Bonito, Bragança, Capanema, Castanhal, Curuçá, Igarapé-Açu, Inhangapi, Magalhães Barata, Maracanã, Marapanim, Nova Timboteua, Peixe-Boi, Primavera, Quatipuru, Salinópolis, Santa Maria do Pará, Santarém Novo, São Domingos do Capim, São Francisco do Pará, São João da Ponta, São João de Pirabas, Terra Alta, Tracuateua e Viseu.

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Os salões do Alvorada vão bombar. O Capitão convida para a festa.


Bolsonaro vira o maior aliado de Alberto Fernández, o representante da “esquerdalha” argentina


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Fora de brincadeira.
Eu, se fosse Alberto Fernández, o candidato da “esquerdalha” (na elegante linguagem bolsonarista) que nas prévias presidenciais argentinas aplicou uma sova em Maurício Macri, viria correndo ao Brasil para suplicar que Jair Bolsonaro, esse casocomprovadamente médico, continue com seus surtos verbais em apoio ao atual presidente da Argentina.
Por quê?
Porque Bolsonaro, a cada surto verbal, que acontece todo dia, o dia inteiro, acaba sendo o mais precioso, vigoroso e eficaz cabo eleitoral de Fernández.
É que o Capitão, sabe-se, é um apaixonado por ditaduras (como a que se inaugurou em 1964, no Brasil), por golpes militares (como o de 1964) e torturadores, aos quais exaltava publicamente, quando era um deputado medíocre e inexpressivo do baixo clero na Câmara, e aos quais exalta ainda agora, na condição de presidente da República.
A questão é que, na Argentina, a ditadura militar matou – de forma cruel, atroz, torpe e selvagem - entre 15 mil e 30 mil pessoas.
E mais: a ditadura sequestrou centenas de bebês, torturou milhares, começou uma guerra contra os britânicos pelo controle das Ilhas Malvinas/Falklands e deixou como herança uma hiperinflação. Como se sabe, os comandantes militares foram julgados e presos por seus crimes.
Vocês não acham que Bolsonaro é o cabo eleitoral perfeito para ajudar Fernández ganhar definitivamente essa parada já no primeiro turno eleitoral, em outubro?

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Vou me candidatar no Brasil. Porque aqui na Suécia a vida de parlamentar é horrorosa.



Essa aí é a famosa Riksgatan, em Estocolmo, a belíssima capital da Suécia (a foto é do Espaço Aberto).
Os prédios que aparecem de um lado e de outro integram o conjunto do Parlamento da Suécia.
No Brasil, os deputados federais têm direito a contratar até 25 funcionários, e os senadores, o dobro disso.
Na Suécia, apenas os líderes partidários e o secretário-geral de cada partido contam com um auxiliar para tarefas como agendamento de reuniões e viagens.
Ao contrário do que ocorre no Brasil, os deputados suecos não têm verba extra para alugar escritório na sua base eleitoral.
Na Suécia, os próprios deputados ficam encarregados de organizar a agenda e divulgar suas atividades parlamentares nas redes sociais, já que também não há verba para divulgação das atividades de mandato. Ao contrário do Brasil.
Nenhum deputado sueco pode escolher ou nomear assessores: o recrutamento é feito pelo partido, tanto através de anúncios públicos como pela seleção de candidatos qualificados em entidades ou empresas específicas, assim como nas diferentes organizações partidárias a nível regional.
O salário dos deputados suecos é de 66,9 mil coroas suecas (cerca de R$ 27,7 mil). O único benefício extrassalarial comum a todos é o cartão anual que os parlamentares recebem para utilizar os transportes públicos. Apenas para os deputados com base eleitoral fora da capital, há uma diária de 110 coroas suecas (cerca de R$ 45) para os dias em que trabalham no Parlamento sueco.
No Brasil, cada deputado federal ganha um salário de R$ 33.763 e tem direito a R$ 111.675,59 por mês para pagar salários de até 25 secretários parlamentares, que trabalham para o mandato em Brasília ou nos Estados representados por esses políticos. Eles são contratados diretamente pelos deputados, com salários de R$ 1.025,12 a R$ 15.698,32.
É por isso que estou indo embora pro Brasil, onde pretendo me candidatar a deputado ou senador.
Porque aqui na Suécia a vida de parlamentar é uma coisa horrorosa. É torturante, cruel e ofensiva aos direitos humanos.
A fonte dessas informações é a BBC Brasil.
Ah, sim.
Estive em Estocolmo, em 2015 (vejam mais algumas fotos aí embaixo).
Nos pontos de ônibus, há uns painéis indicando a chegada de cada ônibus.
Quanto o horário apontava que um ônibus chegaria à parada às 15h03, não é que o ônibus chegava mesmo às 15h03?
Eu, olhando aquilo, achava que era apenas uma coincidência, entenderam?
Esperei o próximo, marcado, digamos, para as 15h18.
O ônibus chegou às 15h18.
Testei o próximo, marcado para 15h24.
Chegou às 15h24.
Aí, desisti.
Vim embora pro Brasil.
Não suporto um país em que o transporte público chega exatamente e precisamente na hora.
Credo!
Que país horroroso.
Que país mais sem graça, gente!




terça-feira, 13 de agosto de 2019

Bolsonaro é o único a não saber que é o presidente do Brasil



A Folha, em sua edição desta terça-feira (13), traz uma entrevista com antigo aliado de Bolsonaro, o senador Major Olímpio (PSL-SP).
A um questionamento do jornal, de que pessoas próximas a Bolsonaro dizem que o presidente deveria se policiar, em suas declarações – estapafúrdias, despropositadas, descontroladas e desequilibradas -, porque ele acaba ofuscando a pauta positiva do governo, o Major respondeu o seguinte:

Mas ele não vai. Não adianta tentar policiar. Pessoas próximas a ele, se são próximas de verdade, deveriam conhecer o estilo Jair Bolsonaro de ser. Ele nunca foi o politicamente correto. Bolsonaro aposta muito nesse feeling dele, de estar fazendo a comunicação direta. Não vai mudar. Ele não se preocupa, de verdade, em ofuscar a pauta. Ele não poupa dar o recado dele, mesmo sabendo que pode ter até, momentaneamente, um viés de contrariedade de um segmento da população.

A percepção do Major, repetida à exaustão por pessoas que se dizem próximas ao presidente, é correta.
Mas em tese.
Apenas em tese.
Porque, na prática mesmo, não se pode esquecer e nem minimizar a importância do fato seguinte.
O estilo Bolsonaro Jair Bolsonaro de ser, como diz o senador, não criava nenhum problema ao País quando o presidente era parlamentar.
Um parlamentar medíocre, como sempre foi.
Um parlamentar inoperante, como sempre foi.
Um parlamentar que só chamava atenção quando escabujava seus recalques e preconceitos.
Um parlamentar desimportante.
Desconhecido nacionalmente.
Integrante do baixo clero da Câmara.
Agora, não.
Bolsonaro é o presidente da República.
É o dirigente de um País com 210 milhões de habitantes.
O grande problema é que todos sabemos disso.
Todos sabemos que Bolsonaro é o presidente da República.
Só ele parece não saber.
Daí imaginar que seu jeito Bolsonaro de ser não cria problema algum ao País.

Fotoativa promove primeira edição do projeto Saraus da Memória da Fotoativ

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A Fotoativa promove nesta quarta-feira (14), às 19h, a primeira edição dos Saraus da Memória para comemorar oficialmente seus 35 anos! Na mesa principal, estarão Ana Catarina, Januário Guedes, Jeanne Marie e Vasco Cavalcante.
O sarau propõe o encontro de personagens importantes que direta ou transversalmente contribuíram com a história da Fotoativa para trazerem suas memórias vivas tendo como potência articuladora a projeção de um conjunto de imagens extraídas do acervo fotográfico da Associação.
Segundo Miguel Chikaoka, "o tema da memória é muito caro não somente para remontar a história da Fotoativa, que nasce em 1984 no contexto de redemocratização do país, mas também como uma reflexão sobre os dias de hoje, sobretudo neste momento que há uma tentativa de destruir as histórias, os fatos, e de distorcer a realidade, então é muito importante que isso venha com testemunhos vivos não somente a partir de relatos distantes e interpretações, as pessoas têm que fazer esse exercício coletivo de manter a memória viva e ativa”.
A proposta dos encontros busca construir um ambiente informal no formato de rodas de conversa. Em cada encontro, um conjunto de fotografias de diferentes épocas e fases da Associação será projetado como dispositivo para despertar as memórias dos convidados e do público sobre determinados contextos, experiências, afetos e as possíveis reflexões que surgirem.
O escritor e poeta Vasco Cavalcante é um dos convidados desse primeiro Sarau da Memória e lembra que conheceu a Fotoativa em uma comemoração na Casa do Choro, onde estava lançando o primeiro livro de poesia alternativa com o grupo Fundo de Gaveta, do qual fazia parte, em 1981. Ele comenta que esses encontros eram comuns na época, “então se havia uma exposição de fotografia, você não encontrava só o pessoal da fotografia, encontrava o pessoal da poesia, do teatro, da música, todos os segmentos iam pra todos os eventos, lugares, não era segmentado, a gente sabia dos eventos pelo jornal e pelas pessoas nos encontros”, relembra.
A realização do projeto surge a partir de experiências semelhantes vivenciadas em saraus realizados pela SDDH - Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos, coordenados pela jornalista Érika Morhy. Nesta primeira edição do projeto na Fotoativa, "a proposta é centrar em momentos-chave dos encontros iniciais que deram origem à Fotoativa, bem como aos movimentos culturais e políticos em ação naquela época", comenta Camila Fialho.
Na mesa principal, as presenças confirmadas são de Ana Catarina, Januário Guedes, Jeanne Marie e Vasco Cavalcante, e na mediação dessa conversa estarão Miguel Chikaoka e Camila Fialho, coordenadores do projeto. A ideia é que o público presente também participe desse diálogo.

Fonte: texto e imagem da Fotoativa 

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Jair volta a ser o Jair. Porque o show de horrores não pode parar.


Opa!
Tudo indica que agora vai.
Agora sim, o governo Bolsonaro vai, como se diz, acertar a sua comunicação – com o distinto público e com o mundo inteiro.
O jornal O Globo desta segunda-feira traz matéria informando que, sete meses após chegar ao Palácio do Planalto, o Capitão, esse intrépido, esse monumento vivo ao decoro, assumiu o controle total da comunicação do governo e tomou para si o papel de decidir os rumos da narrativa da sua gestão.
Um integrante do primeiro escalão do governo, afirma o jornal, observa que Bolsonaro, depois de “declarações infelizes” e de ter a comunicação como fonte constante de crises no início da gestão, encontrou um método de “ser o Jair que sempre foi, com espontaneidade e simpatia” dos tempos de deputado do baixo clero.
Bem, como vocês sabem, só Bolsonaro entende Bolsonaro.
Imaginem – imaginemos – então o que vem por aí!

Santa Cruz entre os desagravados pela OAB do Pará




O presidente da OAB Nacional, Felipe Santa Cruz, esteve em Belém na última sexta-feira (09) e foi desagravado publicamente pelas ofensas proferidas pelo presidente Jair Bolsonaro à memória de Fernando Santa Cruz, pai do dirigente da Ordem, preso e morto pela ditadura militar na década de 1970.
O desagravo ocorreu durante ato a que estiveram presentes membros da Comissão Nacional de Prerrogativas, do Conselho Estadual e da Diretoria da OAB-PA, em solidariedade a advogados que vêm tendo suas prerrogativas profissionais violadas no estado.
O presidente da OAB-PA, Alberto Campos, fez um discurso contundente em que ressaltou o longo e fraterno relacionamento entre a Ordem dos Advogados do Pará e sua congênere do Rio de Janeiro.
“Neste episódio de desagravo e em tantos outros nos quais defendemos as prerrogativas profissionais, estamos defendendo tão somente a sociedade e o Estado Democrático de Direito. Não defendemos privilégios, mas sim um exercício profissional livre, que é o sustentáculo da própria estrutura do Judiciário brasileiro, bem como da estrutura administração da relação entre os poderes", disse na ocasião o advogado Ismael Moraes [na foto, com Felipe Santa Cruz], um dos desagravados.

sábado, 10 de agosto de 2019

"Como diz o Bolsonaro, hoje tudo é 'fobia'"


Por volta das 6h45 deste sábado (10), eu retornava pra casa, depois do longão semanal da corrida.
Na esquina da Braz de Aguiar com a Rui Barbosa, em frente à Panificadora Camões, ouvi esse diálogo entre dois homens, ambos sexagenários (com a mais absoluta certeza).
Ouvi a conversa pela metade.
De onde comecei a ouvir, um deles disse ao outro.
- Hoje, tudo é fobia. Qualquer coisa é fobia.
- É mesmo. Não se pode falar mais nada, né?
- Não. Como diz o Bolsonaro, tudo é fobia. Se a gente  num ônibus e encostar a p... no c... de uma mulher, já estão dizendo que a gente quer enrabar ela. Já é fobia.
- (Risos dos interlocutor).
- É por isso que eu gosto do Bolsonaro. Porque ele diz mesmo tudo o que a gente pensa.
E foram-se os dois homens.
Foram-se cada um para o seu lado, conviver com mulheres - esposas, companheiras, filhas, netas...
Foram-se cada um para o seu lado, em paz com suas consciências.
Foram-se cada um para o seu lado, propagar os mais altos e edificantes valores familiares.
Os mesmos e mais edificantes valores familiares pregados por Bolsonaro, esse monumento vivo à serenidade, à lucidez e à moderação.
O Bolsonaro que "diz tudo o que a gente pensa".
Que medo, gente!
Que medo dessa gente!