Reduzir – e reduzir rapidamente – a escalada da
violência devastadora, que nos últimos anos transformou os paraenses em reféns
do banditismo avassalador, foi um dos motes de campanha de Helder Barbalho
(MDB).
Após assumir o governo, em 1º de janeiro deste
ano, Helder tem-se empenhado em apresentar durante aparições regulares, ao lado
de seu estafe da Segurança Pública, números que indicariam a redução do índice
de criminalidade em todo o Pará, sobretudo os ilícitos considerados mais
pesados, como homicídios dolosos e latrocínios (roubo seguido de morte).
O balanço mais recente divulgado no dia 4 de
abril, pela Segurança Pública do governo Helder Barbalho, aponta que, no mês de
março passado, o número de homicídios em todo o estado caiu 17%, em comparação
ao mês de março de 2018.
A diminuição desses índices “representa a
preservação de 47 vidas, visto que o número deste tipo de crime caiu de 282
mortes em 2018 para 235 ocorrências este ano. Essa é a segunda redução de
homicídios mais significativa registrada no mês de março desde 2010”, informa matéria disponível na Agência Pará.
Mas há números faltando nessas estatísticas.
Como os relativos, por exemplo, ao número de “suspeitos mortos em confronto com
a polícia”, expressão que o jargão jornalístico incorporou e se tornou tão
banal, mas tão banal, que os próprios jornalistas, seja em entrevistas
coletivas, seja em apurações rotineiras sobre ocorrências pontuais, nem mais se
dão ao trabalho de apurar a fundo os detalhes desses alegados “confrontos”,
como também raramente procuram levantar periodicamente a quantidade de
suspeitos que morrem em tiroteios que a polícia diz ter travado para reagir à
resistência oposta por suspeitos durante uma diligência.
111
mortos em três meses
Matéria do DOL: sete mortos no Acará, em fevereiro |
Ao final de janeiro, primeiro mês do governo
Helder Barbalho, foram registradas as mortes de 35 suspeitos, de acordo com o levantamento
do blog. Em fevereiro, houve 38 ocorrências, mesmo número de março.
No trimestre considerado pela apuração do Espaço Aberto, a diligência policial
que resultou em maior número de mortos em confronto ocorreu no dia 5 de
fevereiro, quando sete homens, suspeitos de integrar uma quadrilha de assalto a
bandos, foram mortos em “confronto com a PM” no município de Acará, região
nordeste do Pará. Leia-se matéria
disponível no DOL, site do Diário
do Pará:
Sete
assaltantes que pretendiam assaltar duas agências bancárias, na cidade de
Acará, nordeste paraense, morreram durante troca de tiros com a Polícia Civil,
nesta terça-feira (05).
De
acordo com informações da Polícia Civil, a operação foi deflagrada para prender
integrantes de uma associação criminosa que planejava assaltar as agências
bancárias. O grupo de assaltantes foi abordado no momento em que trafegava em
uma estrada vicinal, na zona rural do município, de onde seguiriam para a sede
da cidade para cometer o assalto. No momento da abordagem policial, os
criminosos efetuaram disparos contra os policiais civis que revidaram aos tiros
e atingiram inicialmente quatro suspeitos. Eles ainda chegaram a ser
socorridos, mas não resistiram. Outros três suspeitos foram baleados e também
morreram.
Matérias do G1 Pará: seis mortos numa madrugada de janeiro |
Trecho da matéria do G1 sobre o tiroteio em
Batista Campos:
De
acordo com a PM, um homem teria sido sequestrado no bairro da Pedreira e
conduzido no próprio veículo pelos quatro criminosos. Informações repassadas
por familiares da vítima ao Centro Integrado de Operações (Ciop) possibilitaram
que o carro fosse interceptado por equipes da PM na rua São Francisco com a
avenida Almirante Tamandaré, onde ocorreu uma troca de tiros.
No confronto com a polícia, os quatro criminosos foram
alvejados e morreram no local. O homem feito refém foi resgatado pela PM e não
sofreu lesões graves.
Dois policiais militares foram atingidos durante a troca de
tiros e socorridos para um hospital particular, no bairro Batista Campos. Um
dos PMs baleados foi o cabo Denis Miranda, do 20º Batalhão. Ele foi atingido de
raspão na mão, sem gravidade.
Trecho da matéria do G1 sobre as mortes de
suspeitos no Cordeiro de Farias:
De
acordo com a Polícia Militar, os suspeitos, armados e utilizando-se de uma
motocicleta, tentaram efetuar um roubo à um comércio no conjunto Cordeiro de
Farias. Mas, o assalto foi frustrado por um homem, não identificado, que teria
reagido e trocado tiros com os suspeitos.
Os criminosos tentaram então fugir, porém, foram
interceptados por duas equipes da polícia militar, que estavam fazendo rondas
às proximidades e perceberam a movimentação. Ainda segundo a PM, os assaltantes
dispararam contra as viaturas e os policiais reagiram à agressão.
Onde estão a OAB e direitos humanos que não tomam uma providencia contra esta matança oficial?
ResponderExcluirÉ essa matança não para não. O Estado do Pará continua executando, antes de prender. Ou até prendendo e matando em seguida. Talvez eu esteja errado, mas a Polícia paraense deve ser a 2a de todo o Brasil que mais mata. Rio deve ser o 1o. Parabéns pelo trabalho de garimpagem no jornalismo. Uma aula para a imprensa e para os fiscais da lei.
ResponderExcluirDentro dessa questão de violência, o que vem instigando são essas mortes (várias esse ano de 2019) dentro das prisões paraenses. O sujeito é preso e o estado não consegue evitar essas mortes de apenados? Dezenas de homens já morreram em condições de vulnerabilidade. Com a palavra a Susipe, se é que consegue explicar , já que não consegue deter essas mortes dentro das celas.
ResponderExcluirAté acho que a situação tá complicada e por isso estão buscando eliminar de qualquer forma os fora da lei. O problema são esses argumentos pra justificar a atitude da polícia...tudo mentira!!
ResponderExcluirParabéns ao Blog pois foi o unico a tocar neste assunto, depois que a imprensa esta toda a favor deste Governo todos calados com respeito a estas matanças sem explicações. Onde estão as organizações dos, DIREITOS HUMANOS, A OAB e a IMPRENSA que atazanavam o Governo passado? Todos caladinhos! Uma vergonha.
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