quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Há cintilar de luzes em meio a prenúncios de trevas



Em, Brasília, por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal confirmou decisão da ministra Cármen Lúcia que suspendeu ações policiais em universidades, na semana passada.

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Em São Paulo, a Polícia Civil indiciou o estudante de direito Pedro Bellintani Baleotii, de 25 anos, por crime racial após ele aparecer em vídeo indo votar com uma camiseta do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) dizendo: “Tá vendo essa negraiada? Vai morrer!”.

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Em Santa Catarina, o Ministério Público entrou com ação na Justiça contra a deputada estadual eleita Ana Caroline Campagnolo (PSL), que divulgou nas redes sociais um comunicado pedindo que estudantes catarinenenses gravem e denunciem manifestações político-partidárias dos professores. A deputada criou um canal para receber as denúncias.

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Em São Paulo, o Ministério Público Federal em São Paulo denunciou um ex-delegado, um procurador militar aposentado e um juiz militar aposentado por omissão na investigação da morte do militante político Olavo Hanssen durante o regime militar (1964-1985) na capital paulista. Esta é a primeira denúncia do MPF contra integrantes do Ministério Público e do Judiciário por suspeita de legitimar práticas de tortura durante a ditadura.

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A série de ataques que o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) vem fazendo contra a Folha de S.Paulo teve como um de seus efeitos colaterais uma campanha virtual incentivando a assinatura do jornal.

Tudo perdido, mas não concluído

Tudo está perdido.
Mas nem tudo está concluído.
Derrotado - através de seu candidato, Marcio Miranda - por Helder Barbalho nas eleições do último domingo, o governador Simão Jatene ainda quer entregar, o quanto antes, três hospitais.
O Abelardo Santos, de Icoaraci.
E os de Capanema e Abaetetuba.

Não queremos mais BRT. Queremos, apenas, praças sem buracos.



Escutem aqui.
Belém não quer mais uma obra, como se diz, estruturante.
Não quer mais uma obra como o BRT, esse colosso que começou sabemos quando, mas não sabemos – e, parece, ninguém sabe – quando vai terminar.
Não.
Belém, meus caros, quer coisas simples, que podem propiciar segurança e satisfação a seus moradores.
Como tapar buracos em praças, por exemplo.
Simplesmente tapar, nas calçadas, buracos que causam acidentes graves.
É o caso da Praça Batista Campos, uma das mais aprazíveis da cidade, mas abandonada, desprezada e transformada num local de risco para quem faz suas caminhadas ou suas corridas matinais por lá.
Usem a busca aqui do Espaço Aberto, digitem algo como Batista Campos buracos e vocês vão ver quantas postagens, com uma fartura de fotos ilustrativas (como as estão acima), já foram publicadas sobre o assunto.
E tudo continua como dantes.
O leitor do blog José Olímpio Bastos, um dos mais antigos frequentadores da praça e dos mais ativos defensores de sua preservação, lembra, oportunamente, que exatamente no dia 15 de outubro o médico cardiologista aposentado João Amoedo pegou uma queda por volta das 7h, na pista bem embaixo das samaumeiras, onde tem um ressalto perigosíssimo.
“Aliás, a praça toda está com o piso externo com centenas de buracos, risco altíssimo para as milhares de pessoas que lá caminham, correm ou simplesmente transitam em suas rotina diárias, quer sejam crianças da mais tenra idade com seus pais até as pessoas bem idosas - homens como mulheres. Muitas e muitas pessoas já caíram e se machucaram muito. A necessidade de recuperação da praça é urgentíssima! Não do piso, mas também dos bancos, das lixeiras, dos coretos, dos lagos, enfim, de toda a praça”, clama José Olímpio.
Pois é.
Enquanto os clamores não são ouvidos – e parece, infelizmente, que nunca o são -, haja acidentes.
Na quinta feira passada, foi uma senhora, que caiu na calçada próximo ao coreto central. Novamente, um tropeço em uma “beirada” levantada por raiz de árvore. A buraqueira aumenta a cada dia!
Enquanto isso, não temos nem BRT, nem praças em boas condições, nem nada.
Praticamente nada que dê satisfação ao belenense de desfrutar de sua cidade.
Que coisa!

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Ninguém se iluda: o dia seguinte deve ser pior. Muito pior.



Os brasileiros, parodiando Euclides da Cunha, são antes de tudo uns fortes.
E otimistas, vale acrescentar.
Nesses grupos de WhatsApp, fontes inesgotáveis de mentiras, baboseiras e fanatismos de todos os lados e de todas as preferências políticas e ideológicas, há debandadas gerais.
“Volto depois das eleições”, avisam os que saem.
O depois, eles acreditam, é a segunda-feira, 29 de outubro, quando terão terminado as eleições e Jair Bolsonaro (PSL) já será o novo presidente da República eleito – a menos, é claro, que o mar vire sertão ou o sertão vire mar.
Esses brasileiros que estão batendo em retirada, repita-se, são uns fortes e otimistas.
Porque prevejo, sinceramente, que o depois das eleições será pior, muito pior, do que esta fase que vivemos.
Porque será a hora em que os vencedores, muito provavelmente, haverão de se considerar empoderados aos extremos e, com esse sentimento, muitos se acharão no direito de ditar suas normas em nome do capitão.
Porque será a hora em que os vencidos, muito provavelmente, encontrarão a oportunidade de, em tudo e por tudo, elevarem o seu nível de vigilância como oposicionistas, o que será bom; mas, se caírem também eles no extremismo, isso será péssimo. Para não dizer trágico.
Nem a propósito, uma nota na Painel, a principal da coluna da Folha de S.Paulo, nesta quarta-feira (24), diz o seguinte:

Integrantes da cúpula das Forças Armadas demonstram preocupação com a possibilidade de o clima de beligerância no país se intensificar após a eleição. Comandantes do Exército, da Marinha, da Aeronáutica e outros nomes de alta patente militar têm conversado sobre o receio de que grupos radicais, de ambos os lados, pratiquem atos de violência após o segundo turno. Os militares pregam que o próximo presidente faça da conciliação nacional prioridade após a votação no domingo (28).

Entenderam?
Não se iludam, portanto.
Não nos iludamos.
O dia seguinte será pior, muito pior.
Mas tomara que não.

sábado, 20 de outubro de 2018

Onda de mensagens pró-Bolsonaro cai sensivelmente no WhatsApp


Pira paz, não quero mais.
Lembram-se da brincadeira de pira, durante a infância em que a gente não tinha WhatsApp?
Pois é.
Nas brincadeiras de pira, o moleque, ou moleca, que não queria mais brincar saía da brincadeira dizendo isto: pira paz, não quero mais.
Mais ou menos como essas empresas suspeitas de encomendar pacotes de nojeiras e mentiras - ou de mentiras nojentas, como queiram ´- devem estar dizendo agora, depois que o TSE mandou investigar se existe algum dedo da campanha de Bolsonaro nesse jogo sujo e antidemocrático.
É visível, perceptível e inequívoco que, transcorridas pouco mais de 24 horas da abertura de investigação determinada pelo TSE, o tsunami de mensagens que vinham sendo veiculadas nos grupos de WhatsApp caiu consideravelmente.
Durante todo o dia deste sábado (20), o Espaço Aberto pediu a cinco de seus leitores - três bancários, uma advogada e um jornalista - que observassem, nos grupos de que participam, se o número de mensagens pró-Bolsonaro foi reduzido de ontem para hoje.
Na média, as respostas indicam que caiu, sim. E um dos leitores chegou a observar que, nos grupos de que participa, aquelas postagens favoráveis a Bolsonaro, que tinham a aparência de ser disparadas em massa, praticamente pararam completamente.
Isso já é uma demonstração forte, sólida e, como diriam os operadores do Direito, robusta de que, sim, estava em curso uma anomalia que justificava a onda, em dimensões tsunâmicas, de mensagens prontinhas e bonitinhas, mas criminosas e mentirosas, que os simpatizantes da candidatura de Bolsonaro recebiam e se encarregavam de disseminar, aos milhares e milhões, sobretudo pelo WhatsApp.
Daí a onda de mensagens com o selo de Encaminhada que trafegavam com intensidade e frequência impressionantes pelo WhatsApp.
E como já disse o blog, Encaminhada é a identidade definitiva da ditadura da que transformou o Whatsapp numa fossa de mentiras e crimes.
E aí?
Isso vai mudar o resultado das eleições?
Não.
Não vai mudar.
Bolsonaro está virtualmente eleito.
Mas esse episódio precisa ser apurado e, se for o caso, empresários que eventualmente tenham cometido esse crime precisam responder penalmente pelo que fizeram.
Porque ninguém pode servir-se dos instrumentos da democracia para perpetrar coisas hediondas como as que vinham sendo veiculadas por aí.

Detran é o veículo rumo ao precipício. Parece!


No ocaso do governo Jatene, o Detran virou um barril de pólvora, um fio desencapado, um veículo desgovernado rumando para o precipício.
A licitação suspensa nesta semana, por decisão judicial, diante de indícios de favorecimento a uma empresa, é apenas um episódio da série Se remexerem mais, vai aparecer muita coisa ainda.
Aliás, duas ou três fontes do Espaço Aberto disseram algo assim: "Se remexerem a fundo no Detran, vai ser pior que a Lava Jato".

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

A ditadura já chegou ao WhatsApp. E atende por um nome!



Leitor do Espaço Aberto, ao deparar-se, e depois de ter lido atentamente a postagem intitulada WhatsApp e seus grupos viram uma fossa de mentiras e crimes, pergunta a este repórter, por e-mail, por que ainda permanece nesses ajuntamentos – esta a palavra exata: ajuntamentos - em que todos se fazem de surdos para opiniões contrárias, daí acharem-se no direito de acolher todas as mentiras do mundo.
A pergunta é das mais pertinentes.
E muito fácil de responder.
Respondo: permaneço nesses ajuntamentos porque sou jornalista, sou curioso. Porque desejo conhecer as reações das pessoas – o que pensam, como pensam, quais seus valores, qual seu nível de tolerância diante das divergências, como interpretam e processam o sentido de uma informação – tanto das verdadeiras como das falas, tanto das verdadeiras como das manipuladas para sensibilizar os ingênuos e incautos.
É só por isso, ou por tudo isso, caro leitor, que permaneço nesses grupos, mesmo sem interagir, mesmo sem dar uma palavra, mas lendo tudo de todos, ao mesmo tempo.
Aliás, se você quer saber, eu devo ser dos poucos que leem tudo nesses grupos. Porque, em regra, ninguém lê nada que os outros postam. Cada qual está mais interessado em postar a sua verdade; ou aquilo que a pessoa considera a verdade – imutável, irretocável, incontrastável, definitiva.
Por isso é que, reconheçamos, já estamos todos sob a ditadura do WhatsApp.
E no WhatsApp, a ditadura identifica-se como Encaminhada.
Encaminhada é a mensagem mentirosa.
Encaminhada é a mensagem falsa.
Encaminhada é a mensagem enganosa.
Encaminhada é a mensagem porca.
Encaminhada é a mensagem preconceituosa.
Encaminhada é a mensagem que prega a intolerância.
Encaminhada é a mensagem racista.
Encaminhada é a mensagem homofóbica.
Encaminhada é a mensagem que propaga a misoginia.
Encaminhada é a mensagem de alucinados.
Encaminhada é a mensagem de gente bastante seletiva, que se escora em princípios religiosos para, vejam só, pregar o ódio e a exclusão.
Encaminhada é a mensagem em que cada um escolhe, seletivamente, os seus ladrões – os do bem e os do mal.
Encaminhada é a mensagem que mal disfarça recalques de toda natureza.
Entenderam?
Esse é a ditadura do WhatsApp.
Essa é a ditadura que atende pelo nome de Encaminhada.
Reconheçamos que ela já chegou e já existe.
Mas não nos rendamos a ela.
Não mesmo!

O jornalismo não vai nos salvar do WhatsApp



Reconheçamos – nós, jornalistas.
Admitamos – nós, que exercemos o jornalismo.
Estamos perdendo a guerra para a mentira, não é?
Leiam o texto abaixo, intitulado O jornalismo não vai nos salvar do WhatsApp.
É longo – daí o Espaço Aberto reproduzir aqui apenas uma parte e oferecer o link para quem quiser continuar.
E o blog apela: continuem.
Porque o artigo é perfeito.
A jornalista Maria Carolina Santos conseguiu demonstrar, até mesmo cronologicamente, que essa onda bolsonarista não é apenas o resultado – fortuito e fugaz – de um conservadorismo emergente.
Não.
Ela, a onda bolsonarista, conseguiu adequar e adequar-se a uma forma de comunicação – direta, objetiva, imagética, sem verbos, nem vírgulas, nem substantivos, nem adjetivos. Mas uma forma de comunicação muito eficaz para atingir propósitos definidos. E uma linguagem que leva, digamos assim, ao ponto G dos objetivos de quem a utiliza pensando que não perderá nunca, jamais, em tempo algum, a inocência (hehe).
Enquanto isso, o jornalismo começou a criar barreiras.
E deu no que deu.
Ou melhor: deu no que está dando.
Leiam abaixo.

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Bolsonaro vai ganhar. Não há tempo suficiente.
E a culpa é (também) do jornalismo.
Nos últimos quinze, vinte anos o mundo mudou tão rápido que fomos engolidos. Em um momento, alguns de nós comemoramos ter acesso aos melhores jornais do mundo: The New York Times, The Washington Post, The Guardian, El País. Estavam todos ali, a um clique: a mesmíssima distância que estavam outros tradicionais como A Folha de São Paulo, o Estadão, O Globo. 
A gente podia ler tudo. De graça. Na internet.
Mas éramos tão poucos, e tão privilegiados, por ali.
O acesso foi aumentando e as barreiras cresceram. Surgiram os paywalls, assim mesmo, sem tradução. Você queria ler A Folha de São Paulo, clicava no link e dava com a porta na cara. Você ia ler o Times e levava uma sobrada. Você não tinha mais direito de entrar ali. Não de graça. Não sem preencher um formulário. Você desistia.
Aí você acabava entrando no Globo.com, a home page mais lida do Brasil. Mas, ali, em meio àquelas tediosas chamadas noticiosas, tinha todo o apelo do Ego. Você ia lá, sabia da vida de todo mundo. Passava o olho pelas manchetes. Um ou outro jornal local ainda era aberto e lido: mas as matérias dos sites eram tão curtinhas, feitas ali no calor do momento, sem muito contexto. Se eram atualizadas depois, você já nem lia. Já sabia o que precisava, né.
E assim foi por anos. 
Saiu a homepage. Veio o Facebook.
Logo, logo, os editores perceberam: é muita coisa pra se competir. Tem o post da vizinha, da mãe, tem os gatinhos, os cachorros. O jornalismo se tornou um outdoor. E, para deixar a grama mais verde, se ia ao limite da verdade - por vezes, além. Sensacionalismo, que chamam, né?
 Aí surgiu o clickbait. Tinha lá aquela chamada vistosa. Você clicava. Ia para o texto…e, bem, não era bem isso.
Mas olha só: 
o clickbait revelava o que você queria saber. Seus interesses, seus gostos. Isso era útil para alguém.
Milhares de sites começaram a surgir só com clickbait. Mas a verdade - mesmo a super elástica - não é tão atraente assim. 
Há dias e semanas em que não há nada muito apelativo. Em que não há uma foto com ilusão de ótica de um vestido, nem um famoso fotografado traindo a namorada.
Se a realidade não atrai, inventamos ou resgatamos algo. “Jibóia come criança- aviso: foto chocante!”. Você resiste? Basta dois parágrafos com 4 linhas cada, uma foto de 1998 manipulada em três minutos de Photoshop. No tempo real do Analytics, 800 pessoas online. Os anúncios se desdobram na tela. Um ou outro clica. Essa matéria rendeu!
 Os clickbaits passaram a ficar mais violentos: jibóia que come criancinhas parece algo fora da realidade. Mulheres assassinadas. Foto de 2000, textinho de 2015. Bota no ar: “Mulher marca encontro pelo Tinder e acaba degolada”. Aqui, tem mais sentimento: medo, raiva, pena. “Também, quem manda ir pra essas coisas…”. Ódio. Bingo.
 Houve um tempo em que os dois existiram e disputaram espaços no Facebook, numa briga acirrada, que aproximavam os dois. De um lado, veículos tradicionais, com posts cada vez mais sensacionalistas, cada vez mais desenhados para despertar ódio, raiva e, vez ou outra, “fofura”. Do outro, veículos bissextos, feitos para ganhar cliques e anúncios do GoogleAds, sem se importar com os fatos.
A diferença é que quando você clicava no post do jornalzão, você era barrado. No do outro, que você nunca tinha nem visto, você entrava. Aos poucos, você deixou de ir no jornalzão: só lia a chamada e deixava seu comentário furioso. O que você lia mesmo, quando lia, era naquele site duvidoso.
Enquanto estávamos distraídos entre o sensacionalismo e as fake news no Facebook, algo acontecia longe dos olhos públicos. O WhatsApp ganhava corpo.
 
Para as empresas de mídia, o WhatsApp sempre se apresentou como uma esfinge. Um potencial enorme, 120 milhões de usuários, mas como usá-lo pra notícias? Ter redatores dedicados a textos curtíssimos? Enviar o link? Na grande maioria dos veículos, era só um número para enviar alertas e sugestões de pautas. Nunca foi visto como um Facebook.
 Os grupos cabiam 200 e poucas pessoas. E, também, como faturar? Quando nos perguntávamos
 para onde o público do Facebook estava indo - principalmente depois daquela grande mudança de algoritmo - não passava pela cabeça o WhatsApp. É snapchat. É instagram. É stories.

A gente achava que o WhatsApp era só pra comunicação entre pessoas que se conhecem. Que 
ninguém dava importância praquelas correntes. Ignorávamos os “Bom dia!” e fazíamos piada de quem ficava morrendo de medo do aplicativo ser bloqueado. Devíamos ter prestado mais atenção quando víamos que as matérias mais lidas eram justamente as que falavam sobre aqueles bloqueios - Na Folha de São Paulo, uma dessas matérias rendeu 42 milhões de visualizações
Deixado de lado pelo jornalismo, o WhatsApp foi construindo sua própria linguagem.
Não foi um estilo que surgiu do nada. Foi com os melhores exemplos das fake news construídas lá atrás no Facebook. Emoção pura, em estado bruto. Sem delongas, sem espaço para mais de uma interpretação. É isso e pronto, nada mais. Não há meias palavras, não há “suspeito de assassinato”. É assassino.
“Alerta geral! Se alguém te parar nos estacionamentos abaixo (liste todos os supermercados conhecidos) oferecendo perfume e papel para cheirar. (em negrito) não cheire.
É um novo golpe ou nova forma de roubar.

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Bolsonaro e Haddad jogam para torcidas. Mas palmas para a ABI.



Seguinte.
Bolsonaro e Haddad assinaram nesta quarta-feira (17) um Termo de Compromisso de Respeito à Constituição da República Federativado Brasil.
A iniciativa é da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).
Palmas pra ela.
A intenção da ABI é restabelecer “o fulcro natural” da campanha, para que os dois voltem a discutir propostas de governo e questões pragmáticas no lugar de trocarem insultos.
Palmas para a ABI, outra vez.
A iniciativa, fique claro, é edificante.
Todas as tentativas para frear – senão reduzir – as baixarias são louváveis.
Louváveis, mas, convenhamos, inúteis.
Porque a tendência é de que as baixarias aumentem até 28 de outubro, data do segundo turno.
E quanto ao compromisso de respeitar a Constituição, isso não passa de uma promessa, digamos assim, cosmética, apenas para torcidas aplaudirem.
Primeiro, porque é redundante. Nas democracias, candidatos prometerem respeitar a Constituição é a mesma coisa que, numa ditadura, seus admiradores dizerem que apoiam a tortura como método de “extrair a verdade”.
Segundo, porque o respeito à Constituição não se expressa em intenções e nem em palavras.
Expressa-se em atos, em condutas concretas.
Deixemos o jogo rolar, portanto.
Mas, outra vez, palmas para a ABI.

terça-feira, 16 de outubro de 2018

Cid Gomes tem razão: o PT fez mesmo muitas besteiras



Vocês viram o vídeo?
Provavelmente, sim, porque está viralizando em tudo quanto é lugar.
O conteúdo é nitroglicerina pura. E um dos trechos é bem emblemático, é bem representativo do temperamento dos irmãos Gomes - Cid, o que aparece no vídeo, e Ciro.
O trecho emblemático é aquele em que Cid diz várias vezes - "eu estou calmo, eu estou calmo..."
Hehe.
Calmo, Cid Gomes já chamou, no plenário da Augusta Câmara dos Deputados, o então presidente da Casa, Eduardo Cunha (hoje prisioneiro em Curitiba) de "achacador". Depois disso, pediu demissão do Ministério da Educação, cargo que então ocupava no governo Dilma, àquela altura já moribundo politicamente.
Calmo, Cid Gomes chama petistas de "babacas", diz que fizeram muitas "besteiras" e que vão perder as eleições.
Convenhamos: todo cara calmo, calmíssimo, como Cid Gomes, nem sempre consegue usar uma linguagem de lorde, é claro. Mas nem por isso, em sua calmice, o cara deixa de ter razão.
Cid Gomes tem razão: não é apenas Bolsonaro que está ganhando - e deve ganhar - estas eleições. É o PT que está perdendo.
O PT fez tudo pra perder de goleada, acrescente-se. E está perdendo porque fez muitas, mas muitas besteiras.
Lula foi o primeiro.
Se fizesse jus à sua inteligência política, Lula, no dia mesmo em que foi preso e proclamou, em alto e bom som, que a partir dali não seria mais um nome, e sim uma ideia, deveria ter logo avisado que renunciava à sua condição de pré-candidato ao Planalto, autorizando o PT a comandar um amplo processo político para formar uma frente democrática das esquerdas capaz de derrotar Bolsonaro, que então já despontava como o adversário mais forte, com apoio da direita.
Mas não.
Lula insistiu em manter-se pré-candidato, mesmo sendo um prisioneiro em Curitiba, desprezou os acenos de Ciro para encabeçar uma chapa com o apoio do PT e fincou pé na ideia de que o próprio Partido dos Trabalhadores deveria ter um candidato próprio.
Tem mais: num outro trecho da fala de Cid Gomes, que não está nesse vídeo, o senador eleito pelo PDT diz que procurou Lula para oferecer à ex-presidente Dilma Rousseff a chance de disputar uma das vagas no Senado pelo PDT do Ceará.
Lula, segundo Cid, disse não. Porque já se comprometera com o emedebista Eunício Oliveira, enrolado até o talo na Lava Jato e que acabou não se reelegendo.
E Dilma foi se albergar em Minas, onde acabou derrotada.
Como vocês veem, foram besteiras à farta.
E besteiras que muitos petistas reconhecem agora, somente agora. Um deles, Jaques Wagner, já externou publicamente a avaliação de que Ciro Gomes seria uma opção mais competitiva para enfrentar Bolonaro.
Pois é.
Mas agora é tarde, meus caros.
Agora, é praticamente irreversível.
Ou, na linguagem calmíssima, sem rebuscados e nada gongórica de Cid Gomes: "Tu já perdeu (sic) a eleição, babaca".
É isso.

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Queremos saber como generais governam fora da caserna. "Antagonista”, socorre-nos!

O site O Antagonista, antilulista e antipetista em máxima e quase explosiva octanagem, está em momento enternecedor de profundas e, digamos assim, angustiantes cogitações sobre o futuro próximo. E faz um apelo comovente ao general Augusto Heleno (na imagem). Leia abaixo a postagem, curta, mas, repita-se, comovente:

Os generais que ajuda a elaborar o plano de governo de Jair Bolsonaro começam a falar além do razoável.
[Do Espaço Aberto: mas já?]
Está na hora de o general Augusto Heleno, que coordena a tropa, mandar esse pessoal calar a boca.
Na democracia, políticas são negociadas, como sabe Jair Bolsonaro.
[Do Espaço Aberto: sério mesmo? Ele sabe?]
Da mesma forma que um presidente eleito não pode ser comandado por um presidiário, ele também não pode ser dirigido pela caserna.
[Do Espaço Aberto: não mermu?]

Bem que O Antagonista poderia tirar essas dúvidas, né?
Como o site não esconde de ninguém suas convicções - o que é ótimo, porque, afinal de contas, estamos em tempos de transparência à flor da pele e dos nervos - bem que O Antagonista poderia nos ensinar melhor sobre como são os generais governando fora das casernas.
Vamos lá, Antagonista.
Tire as nossas dúvidas.
Ensine-nos sobre a caserna, Antagonista.

sábado, 13 de outubro de 2018

WhatsApp e seus grupos viram uma fossa de mentiras e crimes



Sabem de uma coisa, meus caros?
Até uns dez dias atrás, eu não dava o menor crédito a 10 entre 10 postagens – todas com o selo de Encaminhada – que circulam aí pelos Zaps da vida.
Pois agora, de 10 entre 10 postagens, eu não dou o menor crédito a 40. No mínimo, a 40.
Por quê?
Porque são mentirosas, malucas, falsas, despropositadas e, por último mas não menos importante, criminosas.
Para registro, fiquemos com a última.
Espiem a imagem acima.
Circulou, como diríamos, ad nauseam (até dar “náusea”, fartamente, virulentamente, repetidamente, intensamente, malucamente e outros mentes) pelos grupos de WhatsApp.
Com a imagem, circulava o seguinte texto, reproduzido abaixo ipsis literis, mantendo-se o estilo nada gongórico do original:

Homem vestido de noiva, gritando #ELENÃO, interrompe missa na Basílica Santuário de Nazaré.
Um homem, militante de esquerda, interrompeu a missa que acontecia na Basílica Santuário de Nazaré - antes da saída da imagem de Nossa Senhora para romaria rodoviária - vestido de noiva e gritando ELE NÃO, em alusão a campanha contra Jair Bolsonaro.
Por motivos óbvios, fiéis e peregrinos presentes ficaram revoltados pela falta de respeito a missa em andamento, e mesmo pedindo para ele parar, pois estava desrespeitando um local e uma cerimônia sagrada, não foram atendidos pelo homem que se recusou dizendo que ali era uma manifestação pela liberdade e contra o autoritarismo.

Entenderam?
Pois é.
Como viram, isso tudo que veiculam nos grupos de WhatsApp é uma mentirada sem fim, mas que trocentos mil ingênuos reproduziram.
Mesmo ingenuamente, todavia, os ingênuos cometeram um crime, ora pois.
Se tivessem checado a veracidade disso, não teriam cometido a monstruosidade com esse rapaz.
Como estamos na Suíça, todos continuamos a acreditar que o crime compensa. Já se estivéssemos no Brasil, tudo seria diferente – os criminosos, ora, iriam pra cadeia, né?
Tudo pela ordem e pelo progresso. Tudo pela pátria. Tudo pelo senso de autoridade. Tudo pela família. Tudo pelos bons costumes, sejam lá quais forem.
Hehe.
Por isso é que, de cada 10 postagens espalhadas em grupos de WhatsApp, desprezo 40.
Por mentirosas, malucas, despropositadas e criminosas. Não necessariamente nessa ordem.

Graças, bênçãos e devoção. O Círio das Águas.

Cerca de 300 embarcações - grandes, médias e pequenas, mas todas aspergidas pelas graças de Nossa Senhora de Nazaré - participaram na manhã deste sábado (13) do Círio Fluvial - de Icoaraci a Belém.
As fotos são do Espaço Aberto.

















domingo, 7 de outubro de 2018

O que Bolsonaro e Haddad precisam fazer no segundo turno


Decidido, então.
Bolsonaro, de extrema direita e difusor de conceitos morais deploráveis, mas que soam como música maviosa em milhões de ouvidos férteis a falsos e enganosos moralismos, e Fernando Haddad, representante do PT, um partido que indissociavelmente vinculou-se a escândalos dos mais espantosos na história deste país de escândalos, vão se enfrentar no segundo turno.
Até onde se sabe, não há notícia, na história democrática brasileira, de candidato a presidente que vence no primeiro turno, mas que perde no segundo turno.
Mas este segundo turno será uma eleição atípica. E segundo turno, como lembram os especialistas, é sempre uma nova eleição.
E assim o será.
Para aumentar o seu quinhão, Fernando Haddad e o PT terão que se descolar do PT.
Sim, o PT precisará não propriamente renegar o PT - porque isso seria uma contradição surreal -, mas desvincular-se do PT.
Será necessário que a aliança que vier a ser firmada demonstre claramente à Nação que os partidos aliados para derrotar Bolsonaro estarão subjugados não a um projeto do PT, mas a um projeto plúrimo, plural, nacional e inclusivo.
Inclusivo para mulheres, pobres, negros, homossexuais e outras minorias que há muito são alvo do preconceito do candidato adversário.
É preciso que a aliança em torno de Haddad externe claramente à Nação que não é o PT que está pretendendo voltar ao poder, mas que é necessário contemplar a pluralidade da Nação, representada por partidos compromissados com avanços sociais que atendam as camadas mais pobres da população.
Necessário se faz que os partidos aliados em torno de Haddad apresentem compromissos concretos que indiquem uma revisão ética, capaz de impedir o avanço da corrupção aos cofres públicos.
E Bolsonaro, deverá fazer o quê para conquistar os antipetistas que votaram, por exemplo, em Ciro Gomes, Marina Silva e Alckmin?
Deverá convencê-los de que ele, pessoalmente, tem competência para ser presidente da República.
Deverá convencê-los que o discurso misógino, homofóbico e preconceituoso que sempre adotou em sua vida pública foi apenas um recurso cosmético para ganhar notoriedade - tipo assim um esmalte, que a pessoa usa, desgasta-se e logo é trocado por outro.
Deverá convencê-los de que tem apreço pela democracia não como um sistema político qualquer, mas como um valor exponencial, incontrastável, essencial para projetar e oferecer alternativas para uma sociedade seja diversa, democrática e tolerante.
Deverá convencê-los de que não ficará refém de um economista como Paulo Guedes, que ele próprio erigiu à condição de primus inter pares entre os economistas da face da Terra, uma espécie de factotum que operaria todas as ilusões liberais e privatistas que seduzem o candidato do PSL.
Aliás, é impressionante como Bolsonaro, em sua primeira alocução depois do resultado, sentou-se ao lado de Paulo Guedes, e não de seu candidato a vice, o general Mourão, como seria natural.
Enfim, e só isso que Bolsonaro precisará fazer para manter a vantagem que conquistou neste primeiro turno.
Dito isso, acompanhemos os próximos capítulos.

No Brasil, as coisas, quando melhoram, acabam piorando. Votar por exemplo.


A questão é o seguinte.
O Brasil é o único país da face da Terra no qual as coisas que são feitas pra melhorar acabam é piorando.
E piorando muito, vale dizer.
Essa biometria está sendo pintada como a quintessência das mudernidades para tornar o processo eleitoral mais seguro e mais célere.
Seguro, pode ser.
Célere, não.
Pelo menos, não nesta eleição.
Voto há 500 anos na Seção 245 do prédio do Universo, antigo Colégio Moderno, em Nazaré.
Há 499 anos, sempre votei pela manhã, a qualquer hora.
Há 499 anos, nunca passei mais de 20 minutos para ficar na fila, entrar na sala, votar e sair.
Neste ano, passei 1 hora e 45 minutos. Ou 105 minutos, se quiserem.
Por quê?
Porque cada eleitor tinha que pôr quatro dedões na máquina, que reconhecia, ou não, o cadastramento biométrico.
E, muitas vezes, não reconhecia, forçando a pessoa a ser identificada pelo sistema antigo, digamos assim.
Eu tive que passar quatro dedos. No último, deu certo.
Para cada digital acusada pelo equipamento, acreditem, a presidente da mesa, coitada, festejava como se fosse um gol, elevando os dois punhos pra cima.
Por tudo isso, os 20 minutos transformaram-se nos 105 minutos.
Pra mim e para outras trocentas pessoas que foram ao antigo Moderno para votar.

A Justiça Eleitoral do Pará precisa explicar sua brilhante ideia



A Justiça Eleitoral do Pará poderia explicar, mesmo que não fosse perguntada, quais as razões que a forçaram a tomar a brilhante e iluminada decisão de fazer com que duas seções eleitorais funcionassem numa única sala.
Isso aconteceu, por exemplo, numa dez seções que funcionam no antigo Colégio Moderno (na imagem), em Nazaré.
A Seção 245, por exemplo, funcionou na mesma sala da Seção 537.
Resultado: tudo em dobro - número de votantes, número de fiscais, numero de documentos, número de prioridades e, por último mas não menos importante, o número de confusões.
Um dos mesários, jovem ainda, falava em alto e bom tom, para quem quisesse ouvir, que chegou a ser xingado de todo jeito - inclusive de vagabundo - por eleitores indignados com a demora em votar.
"Só nesta seção, um juiz eleitoral precisou vir umas cinco vezes para acalmar os ânimos", afirmou o rapaz.
Feito esse desabafo, ele disse que ia almoçar.
Eram 15h30, coitado, quando foi comer.

sábado, 6 de outubro de 2018

De que polarização se trata nestas eleições?


Afinal de contas, o que é mesmo a polarização que assusta a tantos de nós nesta campanha eleitoral?
São os antipetistas de um lado, encarnado por Bolsonaro, e os petistas, corporificados por Haddad (que se cloniza de Lula)?
Fiz-me essa pergunta após as últimas pesquisas do Ibope e do Datafolha, divulgadas nesta noite que antecede as eleições de domingo.
Em ambas, num eventual segundo turno, a disputa entre Bolsonaro, Haddad, Ciro e Alckmin, sim, até ele, Alckmin, ficariam num empate técnico.
Mas, desses quatro, Alckmin seria, digamos assim, um candidato de centro.
E Ciro, um centro-esquerda, vá lá.
Então, a polarização é entre Bolsonaro e os outros, não importa que outros sejam esses.
É isso?

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Justiça Militar rejeita denúncia contra Márcio Miranda


O juiz de Direito da Capital Lucas do Carmo de Jesus, em exercício na Justiça Militar do Pará, rejeitou nesta sexta-feira (05) denúncia oferecida pelo Ministério Público Militar contra o deputado Márcio Miranda, candidato ao governo do Estado pelo DEM em coligação com vários partidos, entre eles o PSDB. Ainda cabe recurso dessa decisão (acima, imagens da primeira e última laudas).
Miranda foi alvo de ação penal ajuizada pelo Ministério Público Militar, que o acusa do crime de peculato, sob a alegação de que o parlamentar deveria ter se afastado definitivamente da atividade militar em dois momentos: quando se afastou para concorrer no pleito eleitoral de 1998 e quando assumiu o cargo eletivo de deputado estadual, pois em ambos contava com menos de 10 (dez) anos.
O magistrado ressaltou que o crime de peculato configura-se quando o servidor público apropriara-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse ou detenção, em razão do cargo ou comissão, ou desvia em proveito próprio ou alheio.
“Penso que os fatos narrados na denúncia não se amoldam ao crime de peculato, pois o denunciado não tinha a posse ou detenção do valor da remuneração que lhe vem sendo paga pelo erário por força de sua transferência para a reserva efetivada ex officio. E, mesmo que se entenda que a conduta imputada ao denunciado se amolde ao tipo descrito no artigo 303, do Código Penal Militar, no caso, forçoso é reconhecer não há demonstração de que o mesmo tenha agido com dolo”, afirma o magistrado na decisão.
O juiz determinou ainda remessa de cópia integral dos autos e do Procedimento Investigatório Criminal ao Ministério Público Estadual e ao Tribunal de Contas do Estado, “para exame da legalidade dos atos de agregação e transferência ex offício do denunciado para a reserva remunerada e a adoção das medidas que entenderem cabíveis.”

Mais uma patacoada da Hydro

ISMAEL MORAES – advogado socioambiental

Enfim, os Ministérios Públicos resolveram responder às “notas oficiais” publicadas pela multinacional Norsk Hydro acercada sua paralisação, por ela se sentir a prima-dona da economia do Pará – e por ter o governo Jatene, com sua proverbial incompetência e corrupção, como refém de suas vontades.
Causou espécie quando, por ocasião da assinatura do TAC, a mineradora norueguesa publicou que as autoridades (inclusive MPs) concluíram que não ocorreu vazamento e que suas instalações estavam licenciadas e sem irregularidades, mas mesmo assim a Força Tarefa dos MPs manteve-se calada, não desmentiu as afirmações.
Só agora, depois de tentar se passar por vítima de novo, sugerindo que a causa da sua paralisação deve-se a alguma intransigência das autoridades (a Turma de Direito Penal do Tribunal de Justiça do Pará foi decisiva na proteção dos interesses difusos e coletivos da sociedade paraense) é que o MP responde por meio de uma nota curta e grossa, mas que resume com perfeição o estado de inacreditável irregularidade como funcionava o Grupo Norsk Hydro no Pará, com uso de canais, dutos, drenos e galerias clandestinas para despejo diário e diretamente, sem tratamento, de rejeitos químicos e resíduos sólidos nos rios da região, inclusive com risco às aguas que abastecem a população de Belém, flagrados por vistoria de Peritos Criminais e de cientistas do Instituto Evandro Chagas, órgão do Ministério da Saúde responsável pela vigilância sanitária e ambiental sob o aspecto da saúde humana.
A Hydro entende que pode trocar os empregos que oferece pela saúde e pela vida de mais de 100 mil pessoas, na lógica nazista de campo de extermínio herdada dos tempos em que produzia óxido de deutério, insumo fundamental para a fabricação de bombas para a indústria militar de Hitler durante a Segunda Guerra Mundial (ver o excelente www.youtube.com/watch?v=s1MxX-6cxuE), até que os norte-americanos destruíram essas instalações da Norsk Hydro. Mas ela ressurgiu...
Será que essa será a última patacoada da Hydro?
Desde que foi flagrada, ela protagonizou tanta palhaçada que é difícil acreditar que seu estoque de criatividade em passar pelo ridículo tenha se esgotado: primeiro negou as irregularidades, mas confrontada com fatos irrespondíveis, acabou admitindo os crimes pela boca do presidente mundia da empresa, o norueguês Svein Brantzaeg... mas eis que, logo, após voltou a negá-los, como se nada tivesse acontecido!
Quando se pensava que isso seria o limite, ajuizou uma ação contra o Ministério Público acusando-o de estar utilizando laudos e pareceres “falsos” do Instituto Evandro Chagas, que é uma das instituições científicas mais importantes do Mundo, referência internacional de estudos de saúde humana. Na CPI da Alepa que investigou as atividades delituosas da mineradora, a Norsk Hydro apresentou uma “consultoria”, que não resistiu aos interrogatórios, e cujos “pesquisadores” admitiram ser fraudulentos os resultados apresentados para confrontar as conclusões do Instituto Evandro Chagas e do Laboratório de Química Analítica da UFPA.
Agora, não mais que de repente, a Hydro tenta mais um golpe, buscando uma espécie de “extorsão”, afirmando que está sendo impedida de funcionar sem que haja motivos, por intransigência do Poder Judiciário e do MP, e que isso causará o desemprego de milhares de pessoas.
A Hydro faz isso não apenas porque conta com mais do que a cumplicidade das autoridades ambientais do Governo do Pará – a relação está comprovada de ser de co-autoria, as autoridades do governo Jatene são verdadeiros comparsas no grande rosário de práticas nocivas à sociedade paraense.
A Hydro faz isso também porque os MPs, inexplicavelmente, continuam mantendo impunes os executivos da mineradora norueguesa, e essa sensação de estar acima das leis faz com que eles sigam no espetáculo de Vaudeville, em que não apenas os membros do parquet são expostos, mas em que toda a nossa cidadania é apresentada como o palhaço principal nesse circo de horrores.

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Hydro Alunorte encerra suas atividades no Pará



A refinaria Hydro Alunorte anunciou na manhã desta quarta-feira (03), em seu site, que decidiu suspender totalmente suas atividades. Essa é uma das consequências do desastre ambiental ocorrido em fevereiro deste ano, que contaminou as águas do município de Barcarena de rejeitos químicos, conforme constataram laudos do Instituto de Perícias Científicas.
A suspensão das operações da empresa foi anunciada através de nota oficial. O teor, na íntegra, está abaixo e pode ser lido também aqui.

A refinaria de alumina Hydro Alunorte anuncia hoje, 3 de outubro, que a planta suspenderá totalmente sua operação. A decisão foi tomada após se verificar que a área de depósito de resíduos de bauxita 1 (DRS1) está próxima de atingir sua capacidade, devido ao embargo que impede o uso do filtro prensa, tecnologia de última geração, e da recém-desenvolvida área de depósito de resíduos de bauxita (DRS2).
outubro 3, 2018
A Alunorte está operando com 50% de produção desde março, após embargos das autoridades brasileiras. As autoridades ambientais confirmaram que não houve vazamento ou transbordamento das áreas de resíduos. Os embargos impediram a Alunorte de utilizar a mais nova área de depósito de resíduos de bauxita (DRS2), que estava em comissionamento em fevereiro, e a tecnologia de filtros prensa, que representam um investimento de mais de R$ 1 bilhão. O filtro prensa é a tecnologia mais moderna e sustentável para depositar resíduos de bauxita, reduzindo a área de armazenamento necessária e a pegada ambiental. A Alunorte desde o embargo fez esforços sem sucesso junto as autoridades para ter permissão para utilizar o filtro prensa, bem como o DRS2. 
Devido ao embargo, a Alunorte foi forçada a operar apenas o DRS1, que foi originalmente planejado para ser encerrado, e os filtros tambor menos eficientes. O DRS1 está, portanto, se aproximando de seu fim de vida mais rápido do que o previsto, forçando a Alunorte a tomar a decisão responsável de encerrar temporariamente 100% de suas operações. Isso terá efeito imediato na mina de bauxita de Paragominas, que também suspenderá 100% das operações. Tanto a Alunorte quanto a mina de Paragominas iniciaram o processo de desligamento com segurança. 
“Nosso time tem trabalhado duro nos últimos sete meses para manter operações seguras e preservar empregos. Este é um dia triste, pois temos a tecnologia mais avançada do mundo para continuar com operações seguras, que estamos impedidos de utilizar. Isso afetará empregos, comunidades, fornecedores e clientes”, diz John Thuestad, Vice Presidente Executivo de Bauxita & Alumina da Hydro.
A Hydro está trabalhando em colaboração com os sindicatos e fará o máximo para reduzir as consequências para os empregados, mas a decisão de paralisar as operações da Alunorte e da Mineração Paragominas afetará empregos diretos e indiretos em ambas as unidades.
Embora seja cedo demais para determinar o impacto total, a decisão de paralisar a Alunorte e a Mineração Paragominas terá consequências operacionais e financeiras significativas, potencialmente também para o portfólio de alumínio primário da Hydro, incluindo a Albras.
“Continuaremos trabalhando de forma construtiva com as autoridades para suspender o embargo e retomar as operações, a fim de restabelecer a Alunorte como a maior refinaria de alumina do mundo”, diz Thuestad.
Histórico
Nos dias 16 e 17 de fevereiro, a cidade de Barcarena, onde está localizada a refinaria de alumina Alunorte, foi atingida por chuvas extremas que se estenderam pelos dias seguintes, causando alagamentos na região.
Auditorias internas e externas confirmam que não houve vazamento ou transbordo dos depósitos de resíduo de bauxita e não há indícios de contaminação decorrentes do evento da chuva de fevereiro.
Desde 1º de março, a Alunorte opera com uma redução de 50% na sua capacidade por determinação da Justiça, que acatou pedido da SEMAS. Consequentemente, a mina de bauxita de Paragominas e a Albras também reduziram suas produções em 50%.
Tanto a refinaria quanto a mineradora concederam férias coletivas para cerca de mil empregados para mitigar os impactos da redução das atividades. Em julho, a Mineração Paragominas precisou suspender temporariamente os contratos de trabalho de 80 empregados e reduzir 175 posições terceirizadas.
Em 5 de setembro, a Alunorte assinou dois acordos representando um marco para retomar as operações normais. Os contratos incluem um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) assinado entre a Alunorte - Alumina do Norte do Brasil SA, a Norsk Hydro do Brasil Ltda, o Ministério Público Federal (MPF), o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), o Governo do Estado do Pará, representado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS). Além disso, foi assinado um Termo de Compromisso (TC) social entre a Alunorte - Alumina do Norte do Brasil SA e o Governo do Estado do Pará. O TAC promove melhorias técnicas, auditorias, estudos e pagamentos de cartões de alimentos para famílias que vivem na área hidrográfica do rio Murucupi, enquanto o TC aborda esforços adicionais e investimentos relacionados ao desenvolvimento social das comunidades em Barcarena.