Por Francisco Sidou - jornalista
Teresina (PI) e outras capitais menores que Belém optaram pelo sistema de metrô de superfície, bem mais adequado que o BRT de Belém, como transporte de massas. A capital do Piauí já tem metrô de superfície desde a década de 80. Tem nove estações e 13,5 km de extensão, transportando cerca de 15 mil usuários/dia."
Teresina (PI) e outras capitais menores que Belém optaram pelo sistema de metrô de superfície, bem mais adequado que o BRT de Belém, como transporte de massas. A capital do Piauí já tem metrô de superfície desde a década de 80. Tem nove estações e 13,5 km de extensão, transportando cerca de 15 mil usuários/dia."
Em Roraima (RR) e em São Luís (MA), há sistemas
de integração entre modais de transporte, com bilhete único e ônibus com
ar-condicionado e tarifas em torno de R$-3,25. Todas essas capitais fizeram as
escolhas certas em termos de mobilidade urbana.
Em Belém, há mais de 30 anos venho clamando no
deserto por duas alternativas em Mobilidade Urbana para destravar o pesado
tráfego e estressante trânsito de Belém: 1) Metrô de superfície e 2) Linha
fluvial urbana interligando Mosqueiro, Outeiro, Icoaraci a Belém/UFPa/Combu.
Como então jovem repórter da Rádio Clube, participei de uma coletiva com os
então também jovens técnicos japoneses da Jica, que apresentaram um completo
Plano de Tráfego Urbano para Belém, após seis meses de pesquisa de campo com
aquele rigor técnico característico do povo japonês.
Entre outras propostas de solução dos problemas
de mobilidade urbana então detectados previam : 1)- Metrô de superfície Icoaraci/Belém
até o Ver-o-Peso; 2)- Metrô de superfície interligando a Região Metropolitana
de Belém (Ananindeua/ Marituba/Mosqueiro); 3) Linha fluvial urbana
Icoaraci/Belém, com terminais hidroviários na atual Estação das Docas e na
UFPa; 4)- Linha fluvial urbana ligando as ilhas no entorno a Belém (Combu,
Onças e outras) ; 5)- Anéis viários no Entroncamento e em São Brás, eliminando
cruzamentos e sinais de três e quatro tempos; 6) - Deslocamento do Terminal
Rodoviário de São Brás para a atual Rodovia dos Trabalhadores (bem pertinho do
aeroporto); 7) Elevados nos principais cruzamentos da Av. Almirante Barroso (
Júlio César, Humaitá e Lomas ).
Em resumo , esse era o Plano de Obras do PDTU
dos japoneses da Jica. Isso em 1985, direto do túnel do tempo. O prefeito de
Belém era, salvo engano, Hélio Gueiros, que teve o mérito de contratar o estudo
técnico da Jica. Infelizmente, seu mandato terminou no ano seguinte e não teve
tempo de licitar nenhuma dessas obras que seriam de fundamental importância
para tornar Belém uma metrópole moderna. Um detalhe importante: perguntei então
ao coordenador do trabalho da Jica: "E se essas obras não forem feitas em
conjunto"? Ele então respondeu: bem, meu jovem, a nossa missão na fase de
planejamento termina aqui. Caso os gestores queiram nossa assistência técnica
durante a execução do Plano estaremos à sua disposição. Mas se nada do que foi
planejado for executado, a cidade vira metrópole e por volta do ano (então
distante) de 2010 Belém poderá ficar "travada", pois seus atuais
corredores de tráfego não suportarão mais de 200 mil veículos ". Em tempo:
Belém tem hoje em circulação pelas mesmas vias nada menos que 500 mil
veículos... Profecia técnica de precisão nipônica.
Com sérios desvios de planejamento e de verbas,
o projeto BRT, com 11 estações em apenas 13,5 km, está fadado a ser um elefante
branco, servindo apenas de pista cimentada para o fluxo de ônibus sucateados em
uma suposta "linha expressa", que não irá resolver os graves
problemas de mobilidade urbana de Belém. Os coronéis do atraso (alguns donos de
ônibus, certos prefeitos e muitos vereadores) são os principais agentes
responsáveis pelo sufoco vivido pela população de Belém. Sequer ônibus com
ar-condicionado a população tem direito, pois "eles" não querem e não
deixam.
Triste sina de uma cidade tão bonita e querida,
mas muito mal amada por alguns filhos ingratos e certos gestores insensatos.
Faltou o nome do autor do artigo, senhor editor do Blog.
ResponderExcluirRelato bastante interessante.
ResponderExcluirO convênio de cooperação técnica entre a JICA e Governo do Pará foi firmado em 1988 , durante a administração Hélio Gueiros, com colaboração da Prefeitura de Belém. O estudo, desenvolvido de 1989 a 1991, foi o mais abrangente estudo de transportes realizado na RMB.Trazendo propostas para os horizontes de médio e longo prazo, tratando do sistema de transportes de uma maneira mais abrangente.
Entre outros fatores que não permitiram sua concretização, estavam a descontinuidade, a extinção do órgão executor, a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos - EMTU, e a consequente transferência da gestão de transporte coletivo ao Município de Belém.
Importante ressaltar que, além deste estudo, a JICA elaborou outros três para. a Região Metropolitana, respectivamente, em 2001, 2003 e 2010. Este último, parte do "Ação Metrópole", limitou-se ao transporte coletivo. Nenhum, é óbvio, executado corretamente.
É de doer na alma o que fizeram com Belém, durante todo esse tempo, e o que somos a aturar por décadas, eleição após eleição!
ResponderExcluirBando de político incompetentes.
ResponderExcluirÉ verdade, Anônimo das 09h19. Já está corrigido.
ResponderExcluirCaro amigo Paulo Bemerguy, permita-me fazer uma pequena correção no texto acima. O prefeito de Belém na época da apresentação do Projeto da JICA era Almir Gabriel, então indicado pelo governador Jader Barbalho. Os governadores voltaram a ser eleitos pelo voto direto em 1982. Mas os prefeitos de capitais (que na ditadura militar eram "escolhidos" e nomeados pelos governadores ) só voltaram a ser eleitos pelo voto direto em 1986, quando então assumiu Coutinho Jorge. Hélio Gueiros entrou nessa história em 1988 quando era governador e assinou um Convênio de Cooperação Técnica com a JICA para execução do chamado PDTU dos japoneses. Que, infelizmente, jamais saiu do papel. Grato pelo espaço para o esclarecimento que se fazia indispensável.
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