segunda-feira, 19 de março de 2018

Os desocupados e os desempregados no Pará



ISMAEL MORAES – advogado socioambiental

Não consta que o setor florestal paraense tenha colocado em risco de envenenamento nenhuma pessoa, mas nos últimos 7 anos o governo Jatene eliminou de 80 mil a 100 mil postos de trabalho na atividade madeireira e de lenhosos.
Essa mão de obra desempregada, essencialmente rural e sem qualificação, migrou para os centros urbanos, como a grande Belém, e é o epicentro social causador da explosão de violência e miséria que “elevou” (a que méritos chegamos!) nossa Região Metropolitana como um dos locais mais violentos e com uma das piores qualidades de vida do Mundo.
Isso poderia ter sido evitado bastando ser criada conferência entre os empresários, os sindicatos de trabalhadores e o setor técnico-científico. Isto porque o Pará possui um corpo de engenheiros florestais e agrônomos, tendo como base a Embrapa/PA e a Ufra, entre os mais capacitados do mundo no domínio da melhor tecnologia de ponta em ciências florestais e de produção madeireira. Mas nos dois mandatos, o governo Jatene colocou na Semas pessoas alheias a esses conhecimentos, os quais, por sua vez, lotaram em postos-chave servidores de mediocridade proverbial, que sequer conhecem e, por isso, nunca poderia adotar os estudos científicos, eliminando qualquer possibilidade de desenvolver esse potencial produtivo legal, numa área em que temos vocação econômica, e que não legalizada permitirá que a clandestinidade corra à solta, mas gerando riqueza em outros Estados.
Na manhã inteira entrando pela tarde de sexta-feira, dia 16, boa parte do “governo” de Simão Jatene, incluindo o próprio, estiveram (des)ocupados em atividades que não se pode dizer que tenham sido uma vadiagem inútil: de cerimônias de autopromoção à boemia tendo à frente como  estrela o próprio Jatene na cantoria e no violão instalados no auditório da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semas), da qual participou ainda ainda a cúpula dessa Secretaria.
Não se pode atribuir o rótulo inofensivo de inútil quando desocupados ocupam cargos fundamentais à sobrevida das atividades econômicas e sociais e, assim, impedem que agentes trabalhadores, honestos e eficientes ajudem no licenciamento de empreendimentos geradores de riquezas (como de empresários agropecuários, as vítimas preferenciais do infindável burocratismo que alimenta os círculos viciosos corruptos de dificuldades enredadas num matagal normativo de portarias, resoluções e instruções normativas).
O passatempo desses desocupados e de seus convidados (os emblemáticos Luiz Fernandes Rocha, Secretário de Segurança, e o deputado federal Wladimir Costa mantiveram-se abraçados confraternizando sabe-se lá o que) não se pode também chamar de inútil pela grande nocividade das suas omissões: o funcionamento assassino de estruturas poluidoras como a da Hydro Alunorte não seria possível sem que essa trupe organizada para permitir o crime não existisse ali, beneficiando-se com o conforto das vantagens que lhes confere esse clima de festa e despreocupação.
Após os seus longos e constantes momentos de festa nas repartições públicas, Jatene e sua trupe irão trabalhar, com a sua obcecada preocupação unicamente nos 1.300 empregos da Hydro Alunorte, que são mais importantes que as 60 mil vidas diariamente envenenadas pelos rejeitos químicos que ela lança diretamente nos rios da região.

Um comentário:

  1. O terceiro mundo é esse caos em meio à corrupção e violência. O primeiro mundo é essa hipocrisia e cinismo: cometem crimes ambientais no terceiro mundo e, na maior cara de pau, pedem "desculpas" como se fosse um simples pisão no pé de alguém... Noruega, Noruega de alto grau de educação e bem-estar do seu povo, às custas de outros povos eternamente explorados?

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