FRANCISCO SIDOU
As forças do atraso, lideradas por poderosos
empresários de ônibus, são contra qualquer medida que possa resultar em soluções efetivas para o pesado tráfego e
estressante trânsito de Belém. Há mais de 20 anos que clamo no deserto pela
adoção de linhas fluviais urbanas interligando a capital com Mosqueiro,
Icoaraci, Outeiro, Combu e Ilhas, como solução mais viável e econômica para os
graves problemas de mobilidade urbana que só fizeram crescer desde então diante
da omissão e leniência dos agentes públicos.
Não por acaso, todas as licitações para o
transporte fluvial foram consideradas "desertas", por falta de
interessados. Os chineses, por exemplo, estão interessados em investir nesse
modal. O BRT, verdadeiro monumento ao desperdício de dinheiro público, não
resolverá os problemas dos congestionamentos colossais. Quando ficar pronto - e
se ficar - ao custo de mais de R$-500 milhões estará defasado como solução
moderna para a mobilidade urbana em Belém. Será inviável sua extensão até o
Ver-o-Peso, pois os corredores de tráfego como a Governador José Malcher estão
totalmente saturados.
A solução natural é a saída pelas águas. É o
óbvio ululante de que falava Nelson Rorigues. Todo mundo sabe que é a melhor
solução, mas ninguém se atreve a adotá-la. Ainda assim ninguém deve deixar de
amar e festejar essa bela e faceira morena cidade Belém, que mesmo tão maltratada
pelos senhores feudais de seu destino, ainda assim não perde o encanto de sua
brejeirice e a magia de seus cheiros, sabores e cores. Viva Belém !
É vero! Investir em outros meios se mobilidade é a solução, já adotado em outras cidades, mas Belém vive em função dos grandes interesses políticos e empresariais daqueles que sobrevivem do caos.
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