Confiram só.
Neste Brasil de escândalos, há escândalos e escândalos.
Como também há escândalos dentro de escândalos.
As delações dos irmãos Batista, suas causas, circunstâncias e consequências, compõem a crônica de escândalos em que o País está submerso.
Os fatos que ensejaram o pedido de demissão do jornalista Reinaldo Azevedo da revista "Veja" representam um escândalo dentro daquele outro escândalo, o que decorre das delações dos donos da JBS.
Azevedo, um dos mais polêmicos jornalistas do País e ultimamente um dos maiores e mais ácidos críticos do Ministério Público em sua atuação na Lava Jato, teve revelado o teor de conversas suas com Andrea Neves, irmã do senador Aécio Neves (PSDB-MG) atualmente presa em Belo Horizonte.
O diálogo os expõe na condição de um jornalista conversando com sua fonte.
Na conversa, Azevedo emite fortes críticas à capa de uma das edições de "Veja" (na imagem) destacando reportagem sobre suposto depósito de propina para o senador tucano em uma conta dele no exterior.
Com a divulgação do diálogo, Reinaldo Azevedo sentiu-se eticamente impedido de continuar prestando serviços à revista.
O que temos nessa parada?
Uma violação do sigilo da fonte. E preservar o sigilo da fonte, sabe-se, é básico, nuclear, elementar, vital, constitucionalmente assegurado para o exercício do bom jornalismo.
Reinaldo e Andrea conversavam em momento anterior à delação dos irmãos Batista. A conversa não era sobre ilicitudes. E não tinha a menor, a mais remota conexão com as malfeitorias protagonizadas pelos donos da JBS e vários de seus interlocutores.
Mesmo assim, a conversa veio a público.
Quem autorizou que viesse?
Por que uma conversa que não tinha a menor vinculação, a mais pálida e imperceptível ligação com a Lava Jato foi exposta publicamente tão nua e cruamente?
Quem são os responsáveis por essa violação odiosa?
Enquanto não tivermos respostas claras a essas indagações, o jornalismo estará submetido, digamos assim, a exceções constitucionais típicas das ditaduras.
Não está em jogo aqui, fique bem claro, o mérito dos posicionamentos do jornalista Reinaldo Azevedo. Não. Absolutamente não.
O mérito deste comentário cinge-se às garantias constitucionais para o exercício do jornalismo.
Enquanto esse caso não for devidamente esclarecido, ficará parecendo que já ingressamos num Estado policial.
Ou estamos em vias de ingressar nele.
"Na conversa, Azevedo emite fortes críticas à capa de uma das edições de "Veja" (na imagem) destacando reportagem sobre suposto depósito de propina para o senador tucano em uma conta dele no exterior."
ResponderExcluirCredo, isso não é jornalista... é um puxa-saco da fonte.
Veja desce ainda mais o nível, para abaixo do rabo do cachorro sentado.
ResponderExcluirTriste.
Reinaldo não foi interceptado, falou com uma pessoa investigada e por isso acabou tendo a sua conversa gravada. Não há nada de ilegal nisso.
ResponderExcluirA polícia em uma investigação não transcreve apenas os áudios relativos a crimes, o maximo de conversas que levem ao conhecimento do juiz a personalidade e relações sociais do investigado são também importantes.
É impressionante como após a divulgação dos áudios tantos jornalistas se arvoram em bradar a violão de um direito constitucional, como se um ministro do STF, os delegados da pf e os procuradores desconhecessem esse direito.
Talvez na faculdade de jornalismo não tenham dito que nem um direito é absoluto.