quarta-feira, 6 de abril de 2016

A Islândia nos humilha, nos faz sentir benfeitores de corruptos

Gunnlaugsson: ele renunciou antes mesmo que o renunciassem. E os corruptos daqui, como é que é?
Sim, meus caros.
A Islândia, essa pequena ilha situada no Atlântico Norte, com apenas 320 mil habitantes, nos humilha com a sua transparência, nos espezinha com o seu rigor ético, nos faz sentir benfeitores de corruptos de toda espécie.
A Islândia faz com que nós, brasileiros, tenhamos vergonha - muitíssima vergonha - de nós mesmos.
Reparem só.
O Brasil de corruptos está com o crème de la crème de sua casta política atolada em corrupção.
Temos uma presidente e um vice-presidente da República, como Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB), citados por delatores como supostos beneficiários, em suas campanhas, por dinheiros provindos de fontes ilegais.
Temos um presidente da Câmara dos Deputados, como esse gigante da ética, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), terceiro na linha sucessória na República, denunciado formalmente por três crimes.
Temos um presidente do Senado, como esse bastião da candidez, Renan Calheiros (PMDB-AL), investigado pelo Supremo.
Temos o presidente do maior partido de oposição do País, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), na iminência de ser investigado como beneficiário de supostas propinas em Furnas.
O que fazem esses personagens?
Ficam onde estão.
Permanecem posudos da mesma forma.
Continuam com os dedos apontados uns para os outros, dizendo todo dia: "Tu és corrupto, eu não".
E onde entra a Islândia nisso?
A Islândia está entre os 20 países mais transparentes do mundo, segundo o Índice de Percepção de Corrupção de 2015.
Na Islândia, o primeiro-ministro Sigmundur David Gunnlaugsson renunciou ao cargo nesta terça-feira (05).
Por quê?
Porque teve seu nome citado no escândalo Panamá Papers.
De acordo com os documentos publicados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), o primeiro-ministro possuía 50% da empresa offshore até o fim de 2009. Mas, quando foi eleito deputado pela primeira vez, em abril de 2009, ele omitiu a participação em sua declaração de patrimônio.
Ainda nem se sabe se Gunnlaugsson realmente é corrupto ou não.
Ainda nem sequer está sendo investigado.
Mas ele preferiu renunciar antes mesmo da votação de uma moção de desconfiança pelo Parlamento, o que fatalmente ocorreria diante de crescentes processos populares.
E o mais impressionante: do último final de semana para cá, nada menos de 24 mil pessoas, em um país de 320 mil habitantes, haviam assinado uma petição on-line para exigir a saída de Gunnlaugsson.
Vocês sabem o que é isso?
Significa nada mais nada, nada menos do que 7,5% da população da Islândia.
É como se, proporcionalmente, 15 milhões de brasileiros assinassem uma petição on-line para exigir a renúncia de Dilma, Temer, Cunha, Renan e Aécio.
Sim, meus caros.

A Islândia nos humilha, nos espezinha e nos faz sentir benfeitores de corruptos.

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