quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Quando o crime vence a cidadania




ISMAEL MORAES
Advogado sociambiental

Belém está sendo tomada por carroceiros, ou carreteiros, que empurram enormes carros de mão feitos de madeira sustentados por eixos de automóveis, cujas atividades consistem em cobrar para retirar entulho e todo tipo de lixo de uma casa, loja, enfim, e livrar-se do resíduo poluente. Esse livrar-se, no entanto, consiste em carregar o material para jogá-lo em plena via ou passeio público, na distância de uma quadra ou rua próxima que não incomode a visão do seu contratante - tão ou mais criminoso que o "transportador".
A frente de onde moro e trabalho tem sido local de especial predileção para "desova" de lixo dessa forma. Há uns cinco dias a Prefeitura recolheu a última montanha inacreditável que se formara em menos de 24 horas. Mas já estava tudo limpo.
Mas, amanhecendo o sábado último, deparei-me com um monturo agressivo. Ao pesquisar o próprio material, encontrei indícios que, após conversar com trabalhadores do entorno, confirmaram tratar-se de lixo da empresa Tatoo Park. Sim, isso mesmo, o parque de diversões infantil que fica na travessa Almirante Wandenkolk entre Bernal do Couto e Diogo Móia, a uma quadra de distância do local despejado.
Fui ter com os responsáveis. Ao conversar com uma senhora que seria gerente e informá-la que iria pedir a instauração de inquérito por crime ambiental assim como representar à Prefeitura para ser aplicada multa, ela saiu-se com a pérola:
- Mas nós contratamos um carroceiro, e não temos nenhuma responsabilidade pelo o que ele fez com o lixo!
Após informá-la que o que fizeram constituía crime, e que nesse caso a lei prevê atribui a responsabilidade pelo resíduo sólido ao seu produtor, e que eles deveriam contratar empresa especializada para colocar um contêiner e retirá-lo após estar cheio, ao final, pareceu aceder, ao perguntar o local exato em que formara o "lixão". Passados uns 20 minutos depois, chega então um outro funcionário, também estupefato porque isso não era responsabilidade do Tatoo Park, que transferira a obrigação de "livrar do lixo" ao carroceiro....
Para minha surpresa, o Tatto Park contratou outro carroceiro, que retirou o monturo da travessa Dom Romualdo Coelho e o despejou, de novo, a uma quadra de distância, na travessa Bernal do Couto, entre aquela e a travessa Almirante Wandenkolk. Simples assim.
Uma hora depois, passando de automóvel junto ao muro da Santa Casa de Misericórdia, fiz uma tomada fotográfica (vejam as fotos acima) do exato momento em que um carroceiro jogava lixo na via e no passeio público, como se isso fosse a coisa mais natural do mundo. E é o que parece estar se estabelecendo como tal em Belém, onde é o crime que prevalece, e a cidadania vai escasseando.
Isso é por demais claro quando os donos de um empreendimento, o Tatto Park, que recebe para recreação crianças de classe média alta, não dão a mínima para o que os pais acham de sua atitude de despejar lixo na via pública para economizar o rico dinheirinho das caríssimas horas que cada criança paga, sem se importar na cadeia de atraso e de estímulo ao crime que isso representa.

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Do Espaço Aberto:

O advogado Ismael Moraes informou ao blog que, após sua reclamação, a prefeitura retirou, com uma pá mecânica e uma caçamba, o monturo que já se formava havia alguns dias por ação dos ditos carreteiros ou carroceiros.
Veja as fotos abaixo.




3 comentários:

  1. Isso acontece no centro de Belém. Pior foi o que vi na área do antigo curtume Sobral na Terra Firme. São toneladas e mais toneladas de dicersos tipos de material, aí se incluem móveis insensíveis, resto de construção, podas de árvores, embalagens, etc.

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  2. Eu passei na hora e vi o carro da pmb. É como droga. Só existe traficante porque existe usuário. Se existe demanda, o carroceiro faz o serviço. Sugiro boicote ao tatoo park.

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  3. Já não gostava do tatoo park, ainda mais com uma dessa

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