Bandido fala com bandido. Pelo celular. Ambos presos.

Parece mentira, mas não é.
Parece brincadeira, mas não é.
A coisa é verdadeira.
A coisa é séria. Aliás, é seríssima.
Há situações que revelam a que ponto chegou o banditismo que impera no país inteiro e, o que é pior, um banditismo expõe sem retoques a liberdade de que desfrutam facínoras custodiados pelo Estado, segregados em presídios.
Mesmo presos, esses elementos fazem uso de telefones celulares com uma folga, com uma banalidade de fazerem inveja a quaisquer de nós, que nos encontramos cá fora, trancafiados atrás de nossas grades, com medo de bandidos e alimentando, dia após dia, a certeza de que o Poder Público nos abandono à própria sorte.
Ouçam o áudio que veio parar aqui no Espaço Aberto e circula amplamente aí pelas redes sociais.
O início da conversa não assusta muito, porque se trata de um daqueles golpes aplicados por presidiários do interior das penitenciárias.
O engraçado - mas nem tanto - está quando o áudio chega aos 1 minutos e 10 segundos.
É nesse ponto, acreditem, que o autor da golpe, preso em São Paulo, e a vítima, que se identifica como Romildo, preso em São Paulo, se descobrem bandidos.
- Você está feliz [com o prêmio de R$ 35 mil e mais um automóvel]? Está contente? - indaga o autor do golpe.
- Que nada, parceiro, eu tô preso também, porra! - responde Romildo.
A partir daí, os dois passam a falar sobre a, digamos, rotina dos presídios.
- E aí, muita morte aí dentro ou está suave? - pergunta Romildo.
- Não, aqui umas duas, três... Já faz uns dois anos - informa o preso no Ceará.
- Está suave, então.
Bandido falando com bandido pelo celular, estando ambos presos?
Isso mesmo...
Onde, isso?
No Brasil, este país em que a realidade supera - em muito - a ficção.
Inclusive no campo minado da criminalidade.