terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Sindicatos brigam. Pior para consumidores e trabalhadores.


Com todo o respeito - com todo mesmo.
Mas permitam a indagação: o que há por trás - e pela frente, e pelos lados - desta deliberação esdrúxula, despropositada, sem o mínimo de razoabilidade e de bom senso do Sindicato dos Lojistas de Belém e do Sindicato dos Trabalhadores no Comércio, em vetar a virada de Natal nos shoppings da cidade, para facilitar as compras?
São rancores? São incompatibilidades pessoais, que no vulgo também são chamadas de picuinhas, essa palavra horrorosa, mas que expressa, igualmente, os horrores decorrentes de desavenças que acabam punindo consumidores, aos milhões, e trabalhadores, aos milhares?
As indagações não deixam de ter pertinência, porque estamos diante de uma parceria entre dois sindicatos que produziu efeitos lesivos não apenas aos consumidores, mas aos próprios trabalhadores dos shoppings.
Ontem à noitinha, o poster esteve por cerca de uns 40 minutos no shopping da Doca (na imagem), que por sinal estava um forno, porque o sistema de ar-condicionado pifou totalmente - e já não é a primeira vez que isso acontece. Muito pelo contrário.
Pois os vendedores de duas outras três lojas manifestavam, em conversas entre si, a expectativa de que a reunião programada para ontem, entre a Fecomércio, a Associação Comercial e outras entidades pudesse selar um acordo que permitisse a virada.
Por que a expectativa? Porque os trabalhadores, ora bolas, também ganham as suas comissões. E isso lhes permite ter uma Natal melhor, mais farto, festivo e prazeroso.
Se alguma lesão havia aos interesses dos trabalhadores no comércio, isso deveria ser claramente negociado com os shoppings, sob a supervisão do Ministério Público do Trabalho, de forma a assegurar os direitos integralmente previstos e assegurados à categoria.
Mas não.
Os dois sindicatos deliberaram, até onde o blog apurou, sem ampliar a consulta aos interessados, no caso os lojistas e os comerciários, respectivamente. E ambos os sindicatos se fizeram ausentes da reunião de ontem, restando à associação que reúne os shoppings a alternativa de recorrer à Justiça para tentar viabilizar a extensão do horário para as compras de Natal.
E tem mais: até onde se sabe, a adição de cláusula à convenção coletiva que proibiu o funcionamento dos shoppings além das 22h foi efetivada sem a audiência e anuência das respetivas assembleias gerais, tanto do sindicato patronal como do sindicato laboral.
"Acredito que isso não pode. Mesmo que houvesse assembleia geral, deveria ter sido regularmente convocada e deveria ter o seu quórum devidamente conferido, sob pena de nulidade. Isso seria o mínimo exigível, num regime de estado democrático de direito", confirmou ao blog uma magistrado, ressalvando o fato de que precisaria de maiores elementos para expender um juízo mais fundamentado sobre o assunto.
Então, repita-se a indagação: são rancores, são incompatibilidades pessoais, são picuinhas entre sindicatos que produziram essa decisão esdrúxula?

Um comentário:

  1. O vice do Sindicato patronal, é primo do prefeito. Huuum! É no mínimo instigante. As lojas dos shoppings são as que mais anunciam nos veículos de comunicação.

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