Dilma cozinheira? Falem sério!

Que coisa mais ridícula, hein?

Quem foi que teve essa ideia de apresentar a presidente Dilma na cozinha?

Foi o marqueteiro dela?

Foi ela própria?

Um ou outra, outra ou um, é ridículo da mesma forma.

Dilma, acreditem, transmite a imagem de uma mulher com todos perfis, até mesmo o de presidente da República. Menos o de cozinheira.

E tem mais – digam aí as nossas mulheres guerreiras: essa ideia de associar-se a mulher às panelas e aos quitutes, como uma forma de tornar sua imagem, digamos assim, mais íntima dos eleitores, não é um expediente machista, hein?

Não seria melhor cair na real e mostrar cada mulher como ela verdadeiramente é?

Se a mulher é cozinheira, que a mostrem em meio a panelas e quitutes, com avental na cabeça.

Se a mulher é arrumadeira, idem.

Se é professora de Filosofia, que a mostrem sob as sombras das solenes e monumentais arcadas das academias.

Se é lutadora de MMA, que a mostrem num octógono, baixando o sarrafo.

Se é uma gerentona, que a mostrem distribuindo tarefas e delegações.

Dilma não firmou uma imagem de gerentona?

Pois então.

Não seria, portanto, menos artificioso e artificial mostrá-la como tal?

Que mal haverá nisso?

Por que achar que reforçar a imagem de Dilma como uma gerente, uma administradora poderá distanciá-la do distinto eleitorado que ela pretende cativar?

Sim, porque mostrar uma gerentona como Dilma em meio a panelas e quitutes é tão implausível como mostrar uma cozinheira de escol no gabinete do terceiro andar do Palácio do Planalto, recebendo ministros e chefes de Estado.