segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Vamos pra Pasárgada. Mas, e se lá estiver pior que aqui?


Desde o meio-dia de sexta-feira, quando foi postado no Espaço Aberto, esse vídeo já tem soma mais de 7,6 mil acessos.
Assistam no próprio YouTube e confiram vocês mesmos: no final da noite de ontem, já eram mais de 7,6 mil acessos.
As imagens, repita-se e confirme-se, foram colhidas pelo Espaço Aberto, que filmou as próprias imagens captadas pelas câmeras de segurança de um prédio na avenida Braz de Aguiar com a travessa Benjamin Constant e mostram um assalto que ocorreu na última quarta-feira, por volta das 13h.
Por que tanta gente interessada em ver o vídeo?
Por que tanta gente curiosa para ver cenas de banditismo?
Porque Belém vive sobressaltada.
Porque Belém está subjugada pela violência.
Porque queremos ter certeza se o medo é apenas meu, seu ou dele ou se é nosso - meu, de vocês, de toda a população.
Porque queremos ver, com os nossos próprios olhos, se é verdade que a insegurança se manifesta, de forma assoladora, até mesmo em áreas mais centrais de Belém, como o bairro de Nazaré - local do assalto que o vídeo mostra - ou até mesmo o centro comercial da cidade, onde Feliciana Mota, mulher de um sargento da PM, foi assassinada na semana passada. Neste final de semana, o próprio sargento, Hélio Borges, faleceu em consequência do tiro que levou.
Porque as pessoas, vendo imagens como essas, tentam buscar, ao que parece, uma explicação para o aumento da criminalidade que nos atordoa.
Em 23 de março do ano passado, o poster foi assaltado enquanto caminhava, plenas 11h da manhã, na praça Batista Campos. Foi assaltado com revólver e tudo.
Escreveu-se então, aqui no blog:

O poster jamais imaginou que seria assaltado, com arma e tudo, durante uma caminhada na praça.
Mas foi assaltado.
Fica a lição.
E fica, infelizmente, a sensação de que a violência humilha.
Desagrega.
Degrada.
A violência dá-nos a sensação de que estamos abandonados.
Sós.
Só nos resta fugir pra Pasárgada.
Só nos resta ir embora pra Pasárgada.
E se lá estiver pior que aqui?

Eis a questão: e se lá estiver pior que aqui?

2 comentários:

  1. Poster, estou em Passárgada. Aqui tem violência (e muita), mas é melhor.

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  2. Com certeza, Pasárgada é mais segura que aqui, seja lá onde ela se localizar. Basta termos a certeza de que não fica na área territorial do Brasil.

    A certeza que os indivíduos têm, de que não serão punidos, é a razão para o aumento dos crimes banais. O Brasil tem um conjunto de leis que permitem uma série de medidas permissivas que dão aos meliantes a convicção de que nada lhes acontecerá. E não acontece mesmo.

    Torna-se trivial, banal, matar o outro. O homicida, sendo "sua primeira vez", tem o prêmio de responder em liberdade. É uma cortesia do Estado.

    Os bandidos têm, hoje, mais artifícios - legais, diga-se por oportuno - para manterem-se livres do que a lei para deixá-los presos. É preciso que os bandidos tenham plena consciência de que terão que cumprir as penas em sua integralidade, e não apenas uma mínima fração delas.

    A questão da maioridade penal é coisa que precisa ser urgentemente revista. Defendo - como tantos outros também - uma busca pela infância e adolescência felizes, saudáveis e inclusivas, mas o que estamos vendo hoje é a banalização de uma deliberada crueldade, que chega às raias da barbárie. E não encostem nas crianças, nos adolescentes. Não pode.

    Não falo aqui dos pequenos furtos, infrações menores ou uso de drogas, ainda que a cidade de Nova Iorque, por exemplo, começou a melhorar, e muito, ao combater as pequenas infrações, com seu programa Tolerância Zero. Falo aqui de estupros, homicídios, etc.

    O que precisa ser avaliada é a capacidade cognitiva do indivíduo, seja ele menor ou não. É ofensivo à inteligência humana achar que um indivíduo só possa ser punido quando ultrapassar a barreira temporal dos 18 anos. No dia anterior não tem ele a mesma capacidade cognitiva de seus atos?

    Para a nossa anacrônica e complacente legislação, não.

    No limite, já que não querem diminuir a idade penal, que se aumentem as penas. E que se acabem com esses absurdos saidões de Natal, do Dia das Mães, do Dia dos Pais, do Dia da Maconha, do Dia do Evangélico, do Dia do Católico, do Dia dos Direitos Humanos, etc, etc.

    O bandido precisa saber que, se condenado a 15 anos de prisão, por exemplo, ficará os 15 anos preso, sem , ainda, estas absurdas progressões de pena, que não redimem ninguém. Aí, com certeza, a criminalidade diminuirá.

    O Brasil sempre é o 1º em quase tudo, mas não se produzem tantos bandidos nesse país. No mais das vezes, são os reincidentes que voltam a cometer outros crimes. Ou alguém aí imagina que, durante os longos 10 anos ou mais em que a nossa lentíssima Justiça demora para julgar um caso o meliante ficará em casa, quietinho, aguardando a sua sentença? Claro que não.

    Aguardará ele a mesma tranquilamente, sem medo, nas ruas, cometendo outros crimes. E rindo da nossa cara, vez que, nós sim, é que vivemos encarcerados e com medo.

    Sabe ele, o bandido, que ficará impune.

    Kenneth Fleming

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