segunda-feira, 11 de novembro de 2013
Conversa com João Salame, agora, só em piscinas
Quem entra na chuva é pra se molhar.
E quando o que entrou na chuva fica molhado, torna-se mais fácil, para todo mundo, saber que o cara não titubeia, um minuto sequer, em atirar-se de cabeça no molhado, desde que isso atenda a alguns interesses de ocasião.
Gente - da política e fora dela - está certa de que o prefeito cassado de Marabá, João Salame (PMDB), é o cara.
É o cara que entrou na chuva pra se molhar. E agora, que se atirou de cabeça no molhado, ficará marcado pelas suas disposições e seus ânimos.
No caso, sua disposição revelou-se em gravar os outros. E o ânimo foi o de enredar personagens em suspeitas de toda ordem.
Salame é o dono do gravador que colheu do boquirroto ex-prefeito de Marituba, Antônio Armando (PSDB), acusações a rodo - e principalmente a esmo - envolvendo integrantes do Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Antônio Armando, conhecendo talvez de cor e salteado os crimes - ou pelo menos alguns deles - capitulados no Código Penal, já está dizendo por aí que a voz acusatória não é dele.
É dele, sim. A menos que o sertão vire mar e o mar vire sertão. A menos que perícias técnicas deixam de comprovar o óbvio, que ulula de forma sonante.
Salame, o cara que resolveu gravar o boquirroto, talvez esteja adotando aquele posição olímpica de estar acima do bem e do mal. Muito provavelmente, está posando como aquele que deu uma digna contribuição para a assepsia em todas as esferas, inclusive o Judiciário.
Então, tá.
Está claro, claríssimo, que o cassado prefeito de Marabá resolveu entrar de cabeça nessa estratégia apenas para atirar farofa (mas vocês podem também substituir farofa por qualquer tipo de excremento) no ventilador do TRE, deixando a Corte na condição de algoz e ele, Salame, na condição de perseguido e injustiçado.
Pois é.
Mas o fato é que, livrando-se ou não o prefeito cassado de Marabá da cassação que lhe foi imposta pelo TRE do Pará, daqui para a frente dificilmente ele será um interlocutor confiável para quem quer que seja, sobretudo e principalmente quando as questões discutidas entre ele e os outros forem de natureza política.
Os interlocutores de João Salame, daqui para a frente, passarão a vê-lo como o cara que uma vez entrou na chuva pra se molhar, para o que desse e viesse.
E fez isso escondendo um gravador e gravando o interlocutor. Sem este saber, evidentemente, que estava sendo gravado.
Daqui para a frente, os interlocutores de João Salame, por medida de cautela, só conversarão com ele em piscinas.
Até que entre em circulação no mercado, evidentemente, algum dispositivo de gravação de áudio que seja à prova d'água.
Enquanto o invento não se fizer, João Salame será o cara que, quando entra na chuva, é pra se molhar.
Com gravador e tudo.
O cidadão foi eleito prefeito e tomou posse. É feriado.
ResponderExcluirDia seguinte. Ele comparece à prefeitura para ocupar o seu gabinete. Faz o reconhecimento do gabinete, se depara com o mapa do município pendurado na parede, respira fundo e diz, emocionado, "Tudo isso ganhei de presente!"
Senta naquela confortável cadeira giratória, gira para um lado, gira para outro lado. Sente vontade de experimentar o molejo da cadeira, dando três pulinhos e sem impressiona com o bom funcionamento do amortecedor e mola. Arreganha um sorriso e por um instantinho, se sua mãe estivesse ali presente lembraria quando dele falava para a comadre, "Veja como ele é abençoado, esperto, sapeca... que criança alegre, feliz!".
Antes que alguém adentrasse ao seu gabinete, abre a gaveta da sua mesa de prefeito que agora é sua, vê uma caixinha de clipes que ainda nem foi aberta, pega e abre, pega um clipe, olha e sente o valor daquele útil acessório que está entre seus dedos polegar e indicador de sua mão direita, pensando... "Clipe, clipe! ...Graças às urnas, você também é meu!". Guarda o clipes na caixinha, fecha a caixinha, bota a caixinha no bolso direito da calça, ao lado da carteira de couro, com o seu RG e CPF, mais duas notas de 20 reais.
Nesse primeiro dia de expediente no cargo, ele se ocupa de receber a fila de correligionários e funcionários municipais, além do padre, pastor e delegado. A copeira da prefeitura está bastante apurada em sua importante missão, lavar xícaras, pires e colherzinhas, coar e servir café e bolachas maria para o prefeito e cada uma de suas visitas..
Ao final do primeiro dia de expediente, o sorriso dele é largo e os seus olhos radiantes e sobejando alegria. Parece um adolescente depois do primeiro beijo que ganhou da primeira namorada. Se despede do porteiro do prédio da prefeitura. Passa na loja de sua propriedade, um depósito de materiais para construção. Vai até o escritoriozinho onde está uma auxiliar, tira a caixinha de clipes do bolsos e sem querer também pega a carteira e deixa cair. Carteira cai aberta, recheada denotas de 100 reais. Guarda a carteira no bolso direito entrega caixinha de clipes para a Cleidinir, dizendo, "Boa tarde, Cleidenir! A loja vendeu bem, enquanto estive na prefeitura?... Aqui estão os clipes que você pediu para comprar. Não desperdice esses clipes, viu?".
Moral da História: Na vida de um político, o primeiro clipes ganho de presente jamais se esquece. O primeiro clipes dá sorte e significa o início de uma trajetória para obtenção de muitos e muitos outros presentes, segundo uma lenda muito contada nas capitais e interior do Brasil, até mesmo em Brasília!
Caro Poster,
ResponderExcluirClaro que João Salame usou a informação para desqualificar o tribunal que o condenou e a deve ter guardado para usar somente se fosse acusado. Mas a acusação que ele fez não é injusta, pelo menos pelos indícios.
Os interlocutores de João Salame não devem se preocupar se ele irá gravar as próximas conversas.
Devem sim preocupar-se em levar uma vida mais reta.
Acho que quem quiser falar de política de verdade nada tem a temer de João Salame, já quem for tratar de malandragem, extorsão, chantagem, suborno e coisas afins, realmente deve se precaver.
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