Compradores do Torre de Umari com ódio da Leal Moreira

Então é isso!
Vocês sabem o que é um ódio no coração?
Sabem o que é um ódio no coração daqueles que só a Justiça - talvez - é capaz de dar um jeito?
Pois é.
Um ódio no coração nessas dimensões é o que domina trocentos compradores de apartamentos do edifício Torre de Umari, um empreendimento (vejam na imagem) que a Leal Moreira plantou na Dom Romualdo de Seixas, entre Antônio Barreto e Domingos Marreiros, bem no coração do Umarizal, agora um dos mais bairros nobres de Belém.
Dezenas de compradores estão revoltados. Ensaiam ingressar com ação em juízo, cobrando indenização por danos morais. E alguns também pretendem denunciar a Leal Moreira, por supostamente induzir os compradores a uma modalidade de operação que configuraria venda casada.
As reclamações são feitas aos turbilhões.
Pra começar, os apartamentos deveriam ser entregues em em meados de 2011, mas só o foram no dia 28 de fevereiro deste ano, numa daqueles coquetéis que as construtoras oferecem e depois têm fotos e imagens veiculadas à farta por aí, inclusive em emissoras de TV.
Nas fotos e nas imagens, todo mundo, quase sempre, aparece sorrindo e dizendo que seus imóveis são os melhores do planeta. E a construtora, idem, idem.
E aí? E depois do coquetel de entrega dos apartamentos?
Depois disso, praticamente nenhum comprador pôde, até agora, ser imitido na posse de seus imóveis.
A questão é muito simples.
Quem financiou o prédio para a Leal Moreira foi o Banco Itaú, com duas hipotecas em garantia. Das duas hipotecas, apenas uma foi levantada. A outra, ainda não.
Resumo da ópera: enquanto uma hipoteca estiver pendente de liberação, a Leal Moreira não pode fornecer a documentação necessária para que os compradores se habilitem a tomar financiamentos - seja no Banco do Brasil, seja na Caixa Econômica.
Mas o grave, muitíssimo grave é que alguns compradores, em conversa com o Espaço Aberto, contam que na Leal Moreira têm sido informados de que, se optarem por fazer o financiamento diretamente com o Banco Itaú, e não com a Caixa ou com o Banco do Brasil, não haverá qualquer problema, muito embora uma das hipotecas ainda esteja pendente de levantamento.
Se for realmente isso que estiver ocorrendo, como tudo indica que está, não se configura a venda casada, expressamente vedada pelo Código do Consumidor?
Enquanto continuam à espera de entrar na posse de seus apartamentos, moradores que se mostram dispostos a ingressar em juízo têm sido chamados pela Leal Moreira para fazer um acordo que mais se parece, digamos assim, com um cala-boca.
Quem aceitar desistir da ação está sendo contemplado com valores variáveis - de R$ 8 mil, R$ 25 mil ou R$ 30 mil, por exemplo.
Mesmo assim, ninguém tem a menor previsão sobre quando a Leal Moreira estará apta a fornecer a documentação necessária para que os compradores se habilitem a financiar os apartamentos.
Essa demora tem custado caro, ou melhor, caríssimo, a vários compradores.
Um deles, que firmou contrato ainda na planta, pagou R$ 100 mil de parcelas mensais e intermediárias. A previsão é de que a parte para financiar, mediante o recebimento da chave, ficaria em torno de R$ 200 mil. Por conta dos atrasos na entrega do imóvel e dos reajustes com base no INCC (Índice Nacional da Construção Civil), vocês sabem em quanto já está? Em R$ 350 mil, meus caros.
Vocês aí, fossem vítimas de uma barbaridade dessas, não estariam também com ódio no coração da Leal Moreira?