O ex-presidente do Paraguai, Fernando Lugo, em recente entrevista, declarou: "Queriam me tirar desde o começo, nunca tive o apoio do Congresso". Nem o acontecido no Paraguai serviu para as pessoas perceberem que um esquerdista sem uma ampla aliança não governa? O impeachment
A mídia e a oligarquia insistem em afirmar que o impeachment
Nas ruas de Assunção quase não se veem protestos. Alguns poucos paraguaios, a maioria estudantes universitários, permanece a postos nas cercanias da tevê pública. A aparente calma popular contrasta com a ebulição de teorias que começaram a ser formuladas para o golpe que ocorreu na sexta-feira, 22 de junho. Aumentam as certezas de que não foi por governar mal que Lugo caiu, e sim por contrariar interesses. Surgem indícios de que o impeachment foi o último lance de uma grande armação possivelmente posta em prática no conflito entre os sem-terra e um fazendeiro, causa apontada para sustentar o processo de cassação.
Pergunta-se: por que derrubar Lugo a nove meses da eleição se a economia do Paraguai vai bem, se sua aprovação popular continuava alta e se não havia nenhuma razão concreta que justificasse apelar ao julgamento político, previsto na Constituição, mas executado às pressas, sem direito de defesa? Antes de simplesmente aceitar à primeira hora a derrubada de um presidente eleito com 40% dos votos paraguaios em 2008, é preciso tentar achar respostas plausíveis para essas dúvidas.
Nas ruas, somente o barulho do silêncio. Os pobres mostram desinteresse pela política. Nas primeiras horas de poder no Paraguai, o recém-empossado Federico Franco posou com o bastão de comando na mão e o sorriso de uma criança que ganhou um brinquedo novo, assim como toda a corte civil e clerical. As fotos dos dias seguintes mostram, porém, cada vez mais caras amarradas ou preocupadas. Parecem não ter medido as consequências de seus atos e foram surpreendidos pela unânime reação negativa dos governos latino-americanos.
Mas até governos conservadores como os do Chile e Colômbia ignoraram Franco. Não aplicaram o bloqueio de fronteiras proposto pelo equatoriano Rafael Correa, mas o suspenderam da organização e transferiram a presidência ao peruano Ollanta Humalla.
A suspensão do Mercosul era a mais previsível das sanções, mas até esta foi recebida com incredulidade. Os golpistas exigiram em vão o direito de "ampla defesa" que negaram ao deposto Lugo. A admissão da Venezuela gera reações da mídia e de políticos ao mudar a geopolítica da região. Para concluir, o lembrete: Numa estrutura horizontal não se enxerga as pontas.
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SERGIO BARRA é médico e professor
sergiobarra9@gmail.com
Caro Sérgio,
ResponderExcluirO Paraguai não pode ser medido pela constituição brasileira. A constituição daquele país reza por esse tipo de julgamento. O povo não saiu às ruas em defesa do padre. O Vaticano conhece bem o arremedo de presidente que ele foi, pois na primeira manifestação, reconheceu o novo presidente empossado. Quanto à esquerda ou direita, sabemos que o poder é que está em jogo, todos querem para virar elite, querem ser oligárquicos. Quando foi para ser eleito presidente, ele fez acordo até com o inferno, os mesmos “amigos” que o tiraram do poder. Veja no Brasil, o presidente Lula foi buscar apoio do Collor e de quem precisou ir buscar, para eleger Dilma.O poder, é o poder, simplesmente isso.
É o estado de direito, um dos pressupostos básicos da democracia, que foi violentado neste golpe efetuado no Paraguai e que vc. anonimo das 16:16 tenta justificar, com afirmações equivocadas e infelizes, compactuando com os pseudos democratas tucanos que se arvoram os arautos da democracia, mas apoiam de forma descarada este golpe que expõe a fragilidade das instituições legitimamente constituidas neste país e abre um precedente muito perigoso para o fortalecimento da democracia na América Latina.A salvaguarda da democracia é um dos fundamentos do pensamento liberal,que pelo seu comentário conservador nem isto consegue ser.
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