terça-feira, 13 de março de 2012
Sai Teixeira, entra José Maria Marin. "Après moi..."
Olhem só.
O dia de ontem, fora de brincadeira, tinha tudo para entrar na história do futebol brasileiro.
O dia de ontem, sem brincadeira, tinha tudo para ser o fincamento de um marco de novos tempos no futebol brasileiro.
O dia de ontem foi o dia em que Ricardo Teixeira renunciou à presidência da CBF, após 23 anos no cargo.
Todos pensavam que tudo iria mudar.
Eis que poucas - pouquíssimas - horas depois de confirmada a renúncia de Teixeira, entra em cena, exibindo-se no proscênio, seu sucessor, José Maria Marin.
Marin apresenta-se e mostra as cartas.
Apresenta as credenciais.
Exibe os seus predicados.
Externa os seus juízos.
Juízos como este: "Imediatamente mencionei a todos que não se trata de uma nova gestão, mas só um novo presidente".
É Marin, dizendo tudo isso que se traduz em continuidade.
Ele dará continuidade administrativa à gestão de Teixeira.
Nada mudará, portanto. Nada.
Marin, depois, permitiu-se emitir opinião sucinta, singela, porém profunda, sobre a gestão de Teixeira.
"Exemplar, estupenda, um modelo".
Foi esses os qualificativos que usou.
Marin foi adiante. Disse assim: "Vou assumir o COL ao lado de um grande ex-jogador, o Romário".
Não era a Romário a quem Marin queria se referir.
Ele queria se referir a Ronaldo, o Fênômeno.
Em frente, Marin.
Transparente que nem ele, Marin não se furtou a comentar episódio constrangedor, aquele em que câmeras de TV (vejam o vídeo acima) o flagram embolsando, literalmente, uma das medalhas conquistadas pelo Corinthians, quando ganhou o título de campeão da Copa São Paulo de Juniores, no dia 25 de janeiro deste ano.
Na ocasião, Marin disse que se tratava de "uma cortesia" da Federação Paulista. Ontem, voltou a responder sobre o assunto e a dizer que foi um "presente".
"Vocês vasculharam a minha vida e acharam só isso, o que é uma verdadeira piada", afirmou.
Esse é Marin, o novo presidente da CBF, pouquíssimas horas depois da saída de Teixeira.
Vocês se mbram daquela frase - sentença, dizem alguns - que se atribui a Luís XV, rei de França?
Pois é.
Ele vivia às turras com o Legislativo.
Até que um dia, no auge de uma das crises, proclamou, sentencioso: Après moi, le delugé (Depois de mim, o dilúvio).
Ricardo Teixeira deve estar dizendo agora, depois de ter assistido - se é que assitiu - à performance inaugural de Marin: Après moi, le delugé.
Ou então deve estar dizendo: Après moi, José Maria Marin.
Ah, sim.
Vocês também se lembram da história do barítono e do tenor, não é?
Para quem não se lembra, é assim.
Um tenor deu um vexame completo numa apresentação.
O que levou de vaias e ofensas não estava no gibi.
Arrefecido o clamor, ele avisou à distinta platéia:
- Vocês não gostaram de mim? Então, aguardem o barítono que vem aí.
E veio o barítono.
Que era muito, muito pior que o tenor.
José Maria Marin é o barítono dessa história.
Incomparável, pelo visto.
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