A ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Maria Avelina Imbiriba Hesketh, considerou ontem, em conversa com o Espaço Aberto, que a atual direção da OAB no Estado "extrapolou todos os limites da ética e da moral", ao aprovar a venda de imóvel da entidade para um de seus próprios conselheiros, o advogado Robério D'Oliveira.
Avelina, que na última disputa eleitoral da ordem foi candidata a vice na chapa de Sérgio Couto (no momento em viagem à China) - na foto acima, ambos aparecem - derrotado por Jarbas Vasconcelos, disse que não iria se pronunciar sobre o caso não como uma das lideranças da oposição, mas como "advogado e ex-dirigente da Ordem".
O negócio autorizado pela Seccional, segundo ela, "é ilegal, inconstitucional e feriu princípios éticos". A nota divulgada pela OAB, lembra a ex-presidente, sustenta que a venda foi legal porque no Estatuto da Ordem inexiste proibição para que um conselheiro adquira um bem como o imóvel de Altamira. "Se a legislação específica não proíbe, os princípios maiores, os princípios constitucionais proíbem. Essa venda tem que ser anulada", diz Avelina.
Ela diz que como a OAB é uma autarquia que presta serviço público, as restrições que recaem sobre seus dirigentes são equivalentes às que afetam servidores públicos, que não podem, por exemplo, contratar com a administração pública, conforme regras previstas na Lei das Licitações.
"Dizer que a Lei das Licitações não aplica no caso da OAB é um sofisma. Porque se aplica, sim. Nenhum servidor pode comprar, vender, transacionar com a a administração. A OAB é serviço público. Por esse princípio, conselheiros e filiados também não podem fazer transações com a OAB", fundamenta Avelina.
"É triste essa situação, como também é triste a conduta que os atuais dirigentes têm adotado. O que eles têm feito fere todo esse patrimônio histórico, que é a vida da entidade e a vida da advocacia. Há muitos que deram sua própria vida, que derraramaram seu próprio sangue em defesa da advocacia e da democracia. Não se admite que determinados dirigentes tenham essa postura", afirmou Avelina.
No "limite da desmoralização"
O advogado Sábato Rossetti também se manifestou revoltado com os procedimentos adotados pela Ordem e surpreso com os indícios de que teria havido até a falsificação da assinatura do vice-presidente da Ordem, Evaldo Pinto, numa procuração outorgada a uma advogada de Altamira.
Rossetti disse ao Espaço Aberto que pedirá ao grupo que apoiou a chapa OAB Independente, concorrente no último pleito da Ordem na condição de oposicionista, que se reaglutine para adotar uma postura clara - e firme - em defesa da imagem da instituição.
"Com mais de 30 anos de advocacia militante, eu nunca vi uma coisa desse nível acontecer na Ordem. Acho que a OAB do Pará, sob a atual direção, chegou ao limite da desmoralização. Esse episódio é uma vergonha para uma entidade como a OAB, que tem uma tradição história em defesa da democracia e da ética. A OAB lembra pessoas que derramaram seu sangue na época da ditadura, como foi o caso da dona Lyda [Lyda Monteiro da Silva, morta em 1980, durante o Atentado do Rio Centro]. Não é possível que uma entidade com essa história esteja sendo levada para esses rumos que nós estamos vendo", disse Sábato Rossetti.
Se prepare, jornalista, que coisa pior vem por aí. Confira depois o que estou lhe dizendo.
ResponderExcluirUm abraço
Gostei da bolsa de apostas sugerida. Vou fazer um bolão...
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