quarta-feira, 15 de junho de 2011

"Eu fotografei malas e sacolas com dinheiro"

Trechos de conversa gravada entre José Carlos Rodrigues (preso na manhã de hoje), ex-companheiro de Daura Hage, e Sérgio Duboc (com prisão decretada, mas foragido), ex-diretor Financeiro da Assembleia na gestão de Mário Couto, quando o atual senador era presidente da Assembleia, mostra um pouco dos bastidores freqüentado por envolvidos no escândalos.

José Carlos responsabiliza sua ex-companheira Daura Hage e diz taxativamente: “A Daura tem muito dinheiro guardado, Sérgio.”

Quando o interlocutor se mostra cético, José completa: “Eu tenho certeza, porque antes de eu sair daquela casa [em Mosqueiro] eu fotografei malas e sacolas com dinheiro.”

Numa outra conversa, entre os dois personagens, José Carlos dá indicações de que está disposto a jogar farofa – muitíssima – no ventilador.

“Eu estou usando você como último recurso pra não mexer com o nome do senador que era na época”, diz José Carlos, presumindo-se que o senador em referência é o tucano Mário Couto, que já presidiu a Assembleia.

“Não, mas isso não vai mexer. Não, não mexe porque isso aí, a confusão que acontecer, que aconteça, estoura na mão de todo mundo”, responde Sérgio Duboc.

Acompanhe abaixo esse dois diálogos:

 

Sérgio – Então, deixa eu te dizer: tudo no tocante a essa instituição foi cumprido. Inclusive foi cumprido posterior, porque disseram que faltava não sei do quê do imposto, que já tava e foi feito de novo, foi tudo pago, acreditando que quem geria esse recurso lá era você.

José Carlos – Rosana, Rosana e Daura...

Sérgio – Não, geria o recurso no banco. E... é... eu não sei quem é que geria.

José Carlos – Eu não tinha acesso nenhum a isso.

Sérgio – Mas você... mas ia pra sua conta.

José Carlos – Não ia pra minha conta, Sérgio. Infelizmente eu posso te informar isso: não ia pra minha conta.

Sérgio – Ah, não?

José Carlos – Não.

Sérgio – Eu não disso também...

José Carlos... Então, é isso eu tô te falando que nisso te preservaram de muita coisa. Isso aqui é o relatório de faturamento de todos os cheques emitidos. Você tem conhecimento de toda essa área, domina essa área, eu libero qualquer sigilo bancário pra ver se um cheque desse caiu na minha conta quanto na da minha empresa. Nunca, Sérgio. Todos os cheques Daura, Rosana administravam. Não me pergunte pra onde foram, quem foi beneficiado com esses cheques...

 

Outro diálogo, também entre Sérgio e José Carlos:

 

José Carlos – Eu vou... eu estou usando você como último recurso pra não mexer com o nome do senador que era na época...

Sérgio – Não, mas isso não vai mexer.

José Carlos – E... cê sabe que mexe, Sérgio...

Sérgio – Não, não mexe porque isso aí, a confusão que acontecer, que aconteça, estoura na mão de todo mundo. Olha, eu sou uma pessoa que se tiver que estourar, estoure. Tá entendendo? Eu não sou, eu não sou de me impressionar com essas coisas. Se tiver que estourar, vai ser aquela cagada, e aí vai envolver todo mundo, você inclusive.

José Carlos – Inclusive... mas eu to ciente disso.

Sérgio – Entendeu?

José Carlos – Eu estou ciente disso. É por isso que eu estou com advogado já com a petição pronta pra dar entrada no Ministério Público, mas ciente de que eu tenho que responder também. Agora pra mim é muito fácil...

Sérgio – (incompreensível. Parece dizer “e essa droga, pra quê).

José Carlos – E eu fazer uma denúncia contra a Daura. Agora infelizmente essa denúncia contra a Daura, vai ter que ser feito uma... uma... vamos dizer assim, uma averiguação pra onde foram esses cheques.

Sérgio – Ela vai ter que dar conta.

José Carlos – É, ela vai ter que dar conta. Eu, eu to falando pra você isso porque eu acho que você não sabe de nada dessa História.

Sérgio – Não, não sei mesmo.

José Carlos – É uma coisa séria. A Daura não mediu ainda as consequências dos atos dela, por uma ganância, por um capricho. A Daura procrou agora uma pessoa em Mosqueiro, quando o Sandro passou a pressionar... O Sandro e a Rosana passaram a pressionar a Daura.

Sérgio – Hum...

José Carlos – Ela procurou uma pessoa em Mosqueiro pra procurar uma casa para ela compar, uma casa até 200 mil reais, pra ela tirar todas as coisas dessa casa que eu tô pleitando e passar para essa casa que ela vai comprar.

Sérgio – Como ela vai comprar?

José Carlos – A Daura tem muito dinheiro guardado, Sérgio.

Sérgio – Cê acha?

José Carlos – Eu num acho, eu tenho certeza, porque antes de eu sair daquela casa eu fotografei malas e sacolas com dinheiro.

Sérgio – É mesmo?

 

 

“Não assinei nenhum processo da Croc”, diz Couto

 

O senador Mário Couto (PSDB), em contato com o blog por telefone, ainda há pouco, negou enfaticamente qualquer participação, qualquer responsabilidade sua, por mais remota que seja, com supostas irregularidades em operações da Assembleia com a empresa Croc Tapioca, na época em que ele era presidente da Assembleia Legislativa e Sérgio Duboc, diretor Financeiro da Casa.

“Não tenho a menor participação nisso. Devo dizer a você, inclusive, que todos os processos, repito, todos os processos envolvendo a Croc Tapioca, inclusive os quatro que foram apreendidos com o Sérgio Duboc, quando o Ministério Público fez aquela operação [no dia 19 de abril], não estão assinados por mim, não contêm a minha assinatura.”

Questionado pelo poster sobre quem assinou os processos, Mário Couto respondeu de início: “O nome do deputado já foi divulgado pelo jornal O LIBERAL em duas oportunidades”, disse o senador.

- Mas quem foi que assinou?

- A Mesa da Assembleia tinha outros membros, que também assinavam. Como o 1º vice-presidente de então...

- O Megale? – indagou o repórter.

- Isso, você disse – respondeu o tucano.

Mário Couto fez questão de ressaltar que o fato de Megale ter assinado não quer dizer que os processos contivessem alguma irregularidade. “Eu confio no companheiro Megale, na sua correção. Só quero ressaltar que não fui que assinei [os processos]”, acrescentou o senador.

Mário Couto disse que a menção a “um senador”, feita por José Carlos Rodrigues na conversa com Sérgio Duboc (veja transcrição acima) não significa nada diante de nota de esclarecimento divulgada à Imprensa pelo próprio José Carlos, no dia seguinte ao da publicação, pelo jornal “Diário do Pará”, de matéria segundo a qual o ex-companheiro de Daura escrevera uma carta insinuando a participação de Mário Couto em irregularidades na Assembleia.

A nota à Imprensa divulgado por José Carlos Rodrigues diz o seguinte: “Diante das notícias veiculadas na Imprensa local, sobre eventual autoria de carta encaminhada à minha ex-companheira Daura Hage, é necessário que se esclareça de uma vez por todas que jamais escrevi carta alguma a essa senhora, muito menos acusando pessoas que nenhuma relação possuíam ou possuem comigo. E por orientação de meus advogados, se convocado, somente em juízo é que prestarei os esclarecimentos no interesse da Justiça”.

Segundo Mário Couto, a carta o isenta completamente de qualquer suspeita. “O uso do meu nome nessa história tem um propósito político. Apenas isso. Não me compete mais nem falar sobre essas coisas. Não tenho e nunca tive qualquer participação. Se eu soubesse, quando era presidente, de qualquer irregularidade envolvendo qualquer empresa, tomaria as providências imediatas”, reforçou o senador.

4 comentários:

  1. Égua, sumano.
    Nessa tar de "Alopra" não existe nem a chamada "honrosa excessão", caramba!
    E por onde andavam OAB, TCE e Ministérios Públicos durante tooodo e$$e tempo?!

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  2. Como eu acredito em bruxas, saci pererê, duendes, unicórnios, mula sem cabeça e em todas as historinhas que me contam, vou passar a creditar mais essa à minha santa inocência. Nem preciso de provas, mas o MP sim.

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  3. Mas o TCE na pessoa do Cipriano Sabido,n não sabia de nada que estva acontecendo na alepa.

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  4. Minha nossa!!! É Pará Isso??? É Brasil ???
    Foi por isso que meus pais disseram um dia: "Filho, salvo umas milésimas excessões, em nossa terra não há diferença dos personagens das páginas policiais das páginas sociais, publicadas diariamentes". Realmente estavam cobertos de razão.

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