A Secretaria de Estado de Cultura (Secult) instaurou sindicância para apurar as responsabilidades de servidora concursada que assinou, sem conhecimento de superior hierárquico e num período em que se encontrava de férias, um laudo atestando que foi “integralmente executado”, pela Organização Social Via Amazônia, um convênio pelo qual a OS recebeu, no ano passado, R$ 900 mil para implementar o projeto denominado “Natal Hangar 2010 – Venha Viver Esse Sonho”.
Os recursos foram repassados pelo governo Ana Júlia Carepa (PT) através da própria Secult, no final do ano passado. A OS Via Amazônia, destinatária dos R$ 900 mil, foi a responsável pela exploração do Hangar – Centro de Convenções e Feiras durante o governo petista e era presidida por Joana Pessoa.
O laudo assinado é este aí em cima (clique na imagem para visualizá-la melhor). O Espaço Aberto entendeu ser mais conveniente omitir o nome da funcionária que o assinou, porque a sindicância a que ela responderá ainda é um processo preliminar, capaz de ensejar a instauração de procedimentos investigatórios, dependendo da culpabilidade da funcionária e das tipificações legais em que ela eventualmente poderá ser enquadrada.
Tramitação aloprada
O fato de a servidora da Secult ter assinado o laudo num período em que se encontrava em gozo de férias é apenas um dos indícios de irregularidades que orientaram a expedição do documento para a Via Amazônia. O outro indício de irregularidade, tão grave quanto o primeiro, está na própria tramitação da prestação de contas apresentada pela OS Via Amazônia, relativa ao convênio de R$ 900 mil celebrado entre a entidade e o governo do Estado, via Secult.
O Espaço Aberto apurou de fonte segura que a prestação de contas desse convênio – um calhamaço de mais de 200 páginas, todo encadernado – foi protocolado na Secretaria de Cultura pela ex-presidente da Via Amazônia, Joana Pessoa, precisamente no dia 2 de março, portanto quarta-feira da semana passada. Mas o laudo que a funcionária assinou, atestando a regularidade da prestação de contas que supostamente teria sido examinada, é datado de 26 de janeiro deste ano, conforme se pode ver na imagem acima.
A conclusão a que se chega, após exame superficial e primário dessa cronologia de datas, é mais do que óbvia: a OS Via Amazônia conseguiu inverter até a lógica do transcurso do tempo, para fazer com que sua prestação de contas fosse aprovada por um laudo emitido pela Secult, antes mesmo que a própria Secult recebesse a prestação de contas aprovada por laudo emitido pela servidora em gozo de férias.
Se isso já não bastasse, a OS Via Amazônia, segundo apurou o blog, também desviou-se completamente de outra praxe, de outra orientação emanada do próprio Tribunal de Contas do Estado: trata-se do rito administrativo a ser observado durante a tramitação de prestações de contas como essa, referente ao convênio que irrigou os cofres da Via Amazônia com R$ 900 mil.
A tramitação é singela. Primeiro, a entidade (no caso, a Via Amazônia), protocola a prestação de contas na Secult. A secretaria, então, submete as contas ao setor que deverá emitir um laudo. Emitido o laudo, a prestação de contas é devolvida à entidade, que só então a remete – devidamente instruída com o laudo, vale reforçar – ao TCE, para novo exame.
Desta vez, no entanto, a OS Via Amazônia inovou e atropelou esse rito. Primeiro, obteve o laudo assinado no dia 26 de janeiro, por funcionária que se encontrava em gozo de férias. Depois, no dia 28 de janeiro, encaminhou a prestação de contas ao TCE, devidamente instruída com o laudo e sem que tivesse ainda apresentado formalmente as contas à Secult, o que só foi ocorrer, conforme já mencionado, no dia 2 de março último.
Por ter atropelado esse procedimento, a Secult também vai dar conhecimento formalmente, ao TCE, de que deve ignorar as contas que a OS Via Amazônia apresentou ao Tribunal, até que a própria secretaria as examine, o que deverá ocorrer a partir de agora.
Precedentes reveladores
A servidora que será alvo da sindicância tem precedentes que, consideradas as circunstâncias, são dos mais reveladores. Primeiro, ela atuou na secretaria adjunta da Secult na gestão passada. Segundo, foi uma das integrantes de comissão formada às pressas, no final do ano passado, para fazer uma vistoria no Hangar.
A funcionária a ser alvo da sindicância é a mesma que assinou um relatório que não observou o que se chama de regulamento de compras. “Seria a mesma coisa que um órgão público fazer aquisições ignorando completamente a Lei de Licitações”, explicou uma fonte ao Espaço Aberto.
A Organização Social Via Amazônia, presidida por Joana Pessoa, é a mesma que está envolvida numa operação de ressarcimento do valor R$ 3 milhões, feita no ano passado, no apagar das luzes do governo Ana Júlia. O ressarcimento, conforme documentos mostrados com exclusividade pelo blog, teve o aval da Procuradoria Geral do Estado, mas foi desfeito em parte por um documento de apenas uma lauda, emitido por instância da própria Secult, inferior em competências, portanto, em relação à própria PGE.
A Secretaria de Cultura, como também o blog já informou com exclusividade, abriu um procedimento para desqualificar a Via Amazônia como Organização Social, por ter detectado procedimentos incompatíveis com a legislação que rege entidades como essa, que não têm fins lucrativos, mas devem observar procedimentos especialíssimos, uma vez que administram recursos públicos.
Paulo, dê uma olhada nisso aqui: http://orestodoiceberg.blogspot.com/2011/03/maurinoquio-um-sujeito-bem-humorado.html
ResponderExcluirHerança do PT.
ResponderExcluirDeputado Bordallo, comente isso.
Deputado Megale, comente isso.
E, Joana, comente também.
Com certeza, o Espaço Aberto acolherá o arrazoado de cada um, não é, PB ?
Caro PB, vamos arrumar os ponteiros.
ResponderExcluirUm espaço aberto como esse não merece comentários levianos e, até então, sem fundamentos.
Digo 'até então' porque acredito que ninguem conhece a índole do ser humano, somente ele mesmo - e olhe lá!. Então, se houve má-fé, que fique provado - ou porque a servidora assumiu ou porque o processo vai calhar pra esse lado.
Mas colocando os pingos nos is, ao ser DESIGNADO para acompanhar e fiscalizar um convênio, o servidor tem autonomia para emitir o seu próprio laudo. Teoricamente, ele compareceu ao evento, fiscalizou a execução, analisou notas fiscais, recibos e, se estiverem de acordo com o plano de trabalho apresentado anteriormente, emite o lado favorável, ou não. Não há necessidade de dar conhecimento a um superior hierárquico. E quem regulamenta esse papel é a Resolução 13.989, do Tribunal de Contas do Estado. A Resolução diz que o órgão repassador indicará o servidor que vai realizar as atividades de acompanhamento, controle e fiscalização, e, por óbivio, a este cabe emitir o laudo de acompanhamento.
E qual seria o problema do servidor encontrar-se no gozo de férias? Certamente, a designação para o acompanhamento foi feita em um período em que ela estava exercendo regularmente as suas atividades, até porque essa folha de papel que designa o servidor antecede a celebração do convênio.
E por outro lado, um convênio tem um prazo de vigência que abrange todas as etapas previstas no plano de trabalho. O servidor não tem o papel de só assinar um documento, mas de fiscalizar contas, notas, recibos e, então, assinar na folha do papel. Alarmar para o fato da servidora estar de férias na data da assinatura é demais!
Por fim, para te mostrar que a tua fonte segura não está tão bem informada assim, essa questão de inversão lógica do tempo pela 'simples análise dessa cronologia de datas', te ajudo a entender melhor. No próprio instrumento de convênio, tem uma cláusula que diz que o Convenente tem 30 dias, após o término da vigência do convênio, para prestar contas junto ao TCE, devendo remetê-la em cópia para a Secretaria de Cultura, entendeu? O procedimento é esse mesmo. O laudo de acompanhamento do servidor responsável é um dos documentos que faz parte da prestação de contas do convenente junto ao Tribunal de Contas do Estado. E, logicamente, tem que ser assinado antes da protocolização da cópia da prestação de contas na Secretaria de Cultura. Funciona assim: acabou a vigência, tem 30 dias pra pegar o laudo do servidor e ir pro TCE prestar contas. Com a cópia do protocolo de entrega no TCE, dá entrada na SECULT.
Isso me parece mais um show pirotécnico dessa gestão. Esse alarde todo é desnecessário. Acontece que tudo que envolve repasse de dinheiro para o Hangar soa como falcatrua, desvio. Pode até ser, e os fatos mostram realmente uma incógnita na aplicação dos recursos, na devolução de outra parte, mas não tem como e nem porquê duvidar de tudo e de todos..
Adorei a explicação do anônimo das 22:00, quem sabe ele poderá dar uma aula para o pessoal da SECULT aprender a ter cuidado com o que fala, pensa e acusa pessoas sem provas só por perseguição, se querem acertar a Joana Pessoa procurem o alvo certo que é forte e poderá se defender e arcar com o ônus da culpa, se comprovada.
ResponderExcluirNada mais a acrescentar à pauta depois desse comentário do anônimo das 22:00. Solicite da SECULT uma cópia do convênio para publicação neste espaço e para constatarmos tudo o que foi dito naquele comentário. Pelo pouco que conheço desse blog essa sua fonte segura vai ter que se explicar melhor, uma questão de credibilidade, não é mesmo?
ResponderExcluirA propósito, a servidora responsável pelo acompanhamento desse convênio não se encontrava de férias por ocasião das atividades previstas e executadas segundo o plano de trabalho. Só ela, e mais ninguém, poderia emitir o laudo, digo mais à qualquer tempo, não há crime tipificando essa conduta, pouco usual, mas não chegando a tanto.
Trata-se de uma servidora correta, honesta e dedicada (basta perguntar a qualquer servidor da SECULT), e sem qualquer poder para praticar atos de movimentação orçamentária. Antes de mais nada é preciso ter respeito pelas pessoas e lealdade, lealdade processual mesmo. A instauração desse procedimento é vil e temerária.
É simples ser arrogante com o humilde. Quero ver ser arrogante com outra pessoa (opa!) arrogante!
É,...parece que a SECULT ao invés de dar continuidade a política de cultura e encaminhar as minutas de lei para a ALEPA e se integrar ao Sistema Nacional de Cultura _SNC, instituído em dezembro de 2010, prefere fazer caça as bruxas. Alías, esta bruxa, Ops..!servidora é muito esperta mesmo. Foi protegida pelo Sr. Edilson Rodrigues, que num arranjo institucional e político livrou a pobre criatura de aposentar com um mísero salário minimo colocando-a na SEFA e agora, premiada pela sua competência e lealdade com os tucanos,assume um DAS na SEFA. Você é esperta hein garota!
ResponderExcluirLuana Santos
produtora cultural
Luana Santos,estás mais por fora que b... de índio!!! A "pobre criatura protegida" a qual te referes jamais se aposentaria com um "mísero salário mínimo". Por COMPETÊNCIA PESSOAL e MÉRITO ela já conquistou o que lhe é de direito há muito!!! Cuidado com a inveja e a ignorância!
ResponderExcluir