quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Polícia Federal pesca um cardume de fraudes

A Polícia Federal, que imaginava pescar apenas uns cinco ou seis bagrinhos quando começou a investigar as fraudes no seguro-defeso, acabando fisgando um cardume.
Um cardume de fraudes praticadas por um cardume que contém espécies para todos os gostos, todas as moquecas, todas as piracaias.
Piracaias?
Não sabem não o que é?
É comer peixe na praia, de preferência ao luar.
Mas não qualquer peixe, não qualquer praia, não qualquer luar.
Peixe, praia e luar precisam ser os de Santarém.
Pois é.
A PF não instaurou apenas um inquérito.
Instaurou dezenas.
E vários deles, devidamente relatados, ou seja, devidamente concluídos, já foram mandados para a Justiça Federal.
Os inquéritos serão agora remetidos ao Ministério Público Federal, que poderá requisitar novas investigações ou então poderá apresentar logo a ação penal contra os envolvidos.
Conforme o blog informou em maio passado, até flanelinha entrou na diversão que a turma da pescaria fazia com o seguro-defeso, assim chamada a renda provisória que o governo federal paga a pescadores, no período do defeso, ou seja, na época que eles estão proibidos de pescar enquanto algumas espécies se reproduzem.
A diversão funcionava, em muitos casos, mais ou menos assim.
Cidadão com ligações com entidade que congrega pescadores – apenas pescadores, vejam bem – cadastrava uma pessoa, supostamente pescador, para receber o seguro-defeso.
Aí, quem entrava em campo era um outro personagem, responsável em reunir a documentação do beneficiário e adotar demais providências para que o dinheiro seja repassado à instituição bancária.
Uma vez no banco, o dinheiro era sacado.
O valor era de R$ 1.800,00.
Normalmente, R$ 500 iam parar no bolso do beneficiário, supostamente pescador.
Outros R$ 500 molhavam os bolsos do cidadão que pegou a documentação e desenrolou o meio-campo.
E os demais R$ 800 iam parar nas burras daquele primeiro, nada burro, que providenciou o cadastramento do suposto pescador.
Tudo muito simples.
Tudo muito fácil.
Tudo muito banal.
Tudo muito ousado.
Simplicidade, facilidade, banalidade e ousadia, vocês sabem, são as marcas das ações de quem se fia sempre na impunidade para desviar dinheiro.
É assim.
Sempre foi assim.

2 comentários:

  1. Torçamos para que não fique apenas nas investigações.
    Tomara.
    E que não apenas os "tralhotinhos" sejam, no final, fritados.
    Tomara.

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  2. Boa tarde, caro Paulo:

    esse ano o esquema de repasse "melhorou" um pouquinho.

    Os pescadores do Telégrafo, por exemplo, cadastrados em cidades do Marajó como se lá morassem e pescassem, são levados aos lotes na Caixa Econômica, e lá recebem $2.060,00. Repassam para o agenciador $1.400,00.

    O MPF já sabe dessa nova profissão: agenciador de pescador.

    Abração.

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