Doutor Almir Gabriel em três tempos

Agora mesmo, no início da manhã, dr. Almir, o Gabriel, o Almir Gabriel, ex-secretário de Saúde, ex-prefeito de Belém, ex-senador constituinte, ex-governador do Pará por duas vezes consecutivas e ex-jaderista convicto, juramentado, radical e inflexível, deve estar recebendo em seu sítio Ipitu o deputado Jader Barbalho, presidente regional do PMDB e candidato ao Senado.
Jader está acompanhando do deputado Domingos Juvenil, presidente da Assembleia Legislativa e pré-candidato do PMDB ao governo do Estado.
Dr. Almir faz as honras aos dois convivas, como bom anfitrião que sempre foi – lhano, cortês, educado, delicado.
O café da manhã, consumido sob os olores das orquídeas – viçosas como as que aparecem na foto - que o dr. Almir cultiva em seu sítio, vai temperar um acordo pelo qual o ex-governador, um dos fundados históricos do PSDB, apoiará a candidatura Juvenil e, por tabela, a candidatura do próprio Jader.
Café da manhã à parte, não custa nada mostrar dr. Almir em três tempos.
Dos três tempos, dois deles são tempos em que Almir e Jader não se misturavam.
Os outros tempos são os de hoje.
Tempos de café da manhã.
Olhem aqui.
Manchete de página interna de O LIBERAL no dia 6 de agosto de 2006, quando Almir, portanto, já estava lançado candidato ao governo do Estado pelo PSDB: “Prefeito do PMDB reafirma apoio a Almir Gabriel, da ‘União pelo Pará’”.
Trecho da matéria: “Almir agradeceu as manifestações de apoio e reiterou que em seu palanque não sobem bandido, corrupto e gente que não tem caráter. Por isso, fico muito orgulhoso em ver vocês aqui’”.
A quem dr. Almir se refere? A Jader?
Claro que não.
Deve estar se referindo ao seu Bidu, um cara que venda badulaques numa esquina qualquer do Afeganistão (hehehe).
Na mesma matéria, outro trecho: “Aqui [no Pará] imposto pago vira obra pública. Não vira avião, jornal, rádio e nem televisão.”
A quem dr. Almir se refere? A Jader?
Claro que não.
Devia estar se referindo a algum empresário que, sabem como é, não resistiu às tentações do bolso e meteu a mão no dinheiro público para construir um belo – belíssimo – patrimônio.
Devia estar se referindo a algum empresário desses que fez fortuna em Pasárgada (hehehe).
Tem mais.
Manchete de O LIBERAL, na página 3 do caderno Poder, no dia 19 de outubro de 2006, portanto antes do segundo turno, em que Almir e Ana Júlia se enfrentarim na disputa pelo governo do Estado.
Dizia a manchete: “Almir condena alianças espúrias do PT”.
Trecho da matéria: “Nós nunca assistimos a valerioduto, sanguessugas, vampiros, dossiês fajutos e coisas do gênero como se está vendo agora.”
É isso.
É mais ou menos isso.
Se você quer conhecer o dr. Almir, leia o que disse o dr. Almir.
Mais isso tudo é passado, não é?
Passa a borracha.
Passa o pano.
Apaga tudo.
Agora, é assim.
Agora, tempos os novos tempos do dr. Almir.
Diz o dr. Almir: “Jader para o Senado. Tem autoridade moral, estatura política... Eu considero o Jader um dos maiores líderes políticos que o Estado do Pará tem.”
A quem dr. Almir se refere? A Jader?
Claro. A Jader.
Ele mesmo o diz.
Ele mesmo o confirma.
É assim.
Em três tempos, três Almires.
Nada melhor do que um café da manhã para comemorar esta, digamos, plúrima (toma-te!) faceta de Sua Senhoria.
Nada melhor.

ATUALIZAÇÃO ÀS 10H50:

Tem mais uma.
Tem o dr. Almir em mais um tempo.
Clique aqui.
Você acessou a seção de frases da revista Veja, edição de 17 de maio de 2000.
Está lá uma frade do dr. Almir:
É a seguinte: "Não é só bagrinho que deve cair na rede da Justiça, mas também pirarucu."
Dr. Almir se referia a Jader Barbalho, depois de um bate-boca que ele, Jader, travou com o senado Antônio Carlos Magalhães no plenário do Senado.