terça-feira, 20 de abril de 2010

Diplomas e apurações

O jornalista Edir Gaya mandou para o blog, por e-mail, comentário em resposta ao também jornalista Luiz Flávio, a respeito da postagem “Quando os fatos contrariam a versão, danem-se os fatos”.
A resposta de Edir havia sito mandada anteriormente, através de uma das caixinhas, mas infelizmente não chegou.
Daí só agora a publicação.
Leiam abaixo.

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Luiz Flávio, seu DIPLOMA não o impediu de classificar como “fantasma” uma empresa que existe de fato e de direito, apenas porque não conseguiu localizá-la. E isso com o endereço em mãos, como você mesmo relata. O fato, por si só, já coloca em dúvida senão a sua boa fé, a sua capacidade de investigação. E isso é imperdoável para um repórter. Esse “equívoco”, conforme você mesmo classifica o episódio, guindado à manchete de domingo de um jornal com a circulação do Diário, deixaria em situação vexatória qualquer profissional de imprensa. Não a você. E aqui, mais uma vez, seu DIPLOMA não o impediu de subtrair de uma nota oficial do Governo do Estado, que lhe enviei ainda no domingo, 11, a informação de que a TCPLAN não poderia ser “empresa fantasma” porque está cadastrada em programa de qualificação do Ministério das Cidades.
Apenas no dia 14, quando este blog noticiou a existência da empresa, é que você se explicou, mas não aos leitores do Diário, apenas para o público restrito da blogosfera: o empreiteiro o havia procurado, chateado, e você contou a ele suas dificuldades e blá, blá, blá...
Sintetizando: você apurou errado, o jornal deu uma “barrigada” na manchete de domingo e, para encobrir o “equívoco”, você subtraiu informação de uma nota oficial. Ficou na moita até que o assunto veio à tona na internet e, aí, já na casa do sem-jeito, haja tergiversação para explicar o inexplicável, justificar o injustificável, vários dias depois da grave denúncia.
Como bom jornalista que é, você há de convir que uma coisa é o governo contratar uma “empresa fantasma”. Outra bem diferente é estar em débito com empreiteiras.
À primeira situação se chama improbidade administrativa.
À segunda, falta de dinheiro. A nota oficial da Setran informa que a crise financeira internacional custou ao Pará R$ 400 milhões no ano passado.
De fato, como você informa, trabalhei no Diário durante dois anos, onde editei carradas de matérias sobre irregularidades e falcatruas cometidas durante o governo tucano, algumas delas como manchetes, nenhuma colocou o jornal sob contestação ou risco de processo judicial. E também estávamos em período eleitoral nessa época...
Aos que tentam me convencer de que você é um bom soldado, sempre digo que acredito, mas não lutaria em uma trincheira atrás da qual você estivesse na artilharia.
Por causa do fogo amigo, Luiz Flávio.

Edir Gaya
Jornalista sem diploma

ATUALIZAÇÃO ÀS 21H26:

A resposta do jornalista Luiz Flávio.

Caríssimo Edir Gaya,
Tenho 17 anos de profissão e de atuação no mercado paraense. Meu valor profissional e minha reputação falam por si só, mas como você insiste nesse debate inócuo que acho que já camba para o lado pessoal.
Já sofri ameaças de morte de quadrilheiros que se refastelaram de recursos públicos em governos tucanos, inúmeras tentativas de suborno e de extorsão e toda sorte de humilhações em ambiente de trabalho. Até assédio moral de sindicalistas, que deveriam defender o trabalhador, já sofri.
Também respondi a alguns processos judiciais por matérias que escrevi. Nunca por erros de informação ou de apuração, mas resultante de ferrenha disputa política. Nunca tive qualquer matéria minha contestada. Quando errei - e todos estamos passíveis a isso – consertei o erro como manda o bom manual. Me orgulho de ter passado incólume por tudo isso. Deito todos os dias a cabeça no travesseiro e durmo o sono dos bons.
Não preciso trabalhar na “moita” agir na “casa do sem-jeito”, “explicar o inexplicável” ou “justificar o injustificável” como insinuas. Tenho caráter e ética profissional meu caro, características que infelizmente faltam em muitos de nós nessa profissão (diplomados ou não!).
Não entendo porque seu empenho em defender essa construtora meu caro assessor governamental! Já admiti o equívoco, a falha foi consertada e o proprietário entendeu o ocorrido.
Nem deveria lhe dizer isso, mas vamos lá: a opção pela matéria não sair logo na segunda ou na terça-feira da semana passada foi do próprio dono da empresa, que optou pela publicação no domingo, para dar mais destaque à sua versão. Satisfeito?
Também não preciso te ensinar o metier, mas olha: não era o caso, mas sabemos que existem dezenas de empresas que existem apenas papel, são cadastradas em sites governamentais e sequer têm sede. Ou você desconhece isso? Se você ler bem o texto que escrevi, em nenhum momento digo que a empresa é fantasma.
Apenas relatei que fui ao local do endereço que constava no documento da JUCEPA e baseado num mapa tirado diretamente do Google Maps,não encontrei a sede. A decisão da chamada de capa, bem como do título da matéria foi uma decisão editorial do jornal.
Colocas em dúvida minha boa fé, capacidade de investigação e afirmas que fiquei “em situação vexatória” como profissional. Nem rebaterei tais absurdos, pois não perderei tempo com um assessor que, ao invés de tentar explicar o inexplicável, parece mais preocupado defender o cargo que ocupa, nem que para isso utilize um espaço público para difamar colegas de profissão.
Sei de muitas historinhas suas aqui no DIÁRIO e em outros empregos que você ocupou como assessor, que poderia vomitá-las aqui, te deixando numa situação, no mínimo, delicada...Mas como te disse anteriormente, sou um cara de caráter e prezo a ética entre os meus. Como deixei claro no início dessa missiva, estás levando esse caso para o lado pessoal, meu caro assessor. E desse tipo de debate quero distância.
Um último conselho: continue cumprindo bem seu papel se assessor - pois você é muito bem remunerado para isso - que eu cumprirei o meu de repórter, com todos os erros e riscos que essa maravilhosa profissão nos traz. Sou humano.
Em respeito à consideração profissional que ainda tenho em relação a ti e aos leitores desse blog, dou por encerrada essa discussão.

ATUALIZAÇÃO ÀS 19H04:

Luiz Flávio, você sabe ler, eu não fiz insinuações. Jornalista não insinua. Encadeia fatos e faz afirmações. Você errou o endereço de uma empresa, o que levou o jornal a chamá-la de "fantasma"; depois, subtraiu informação de uma nota oficial do Governo que ajudaria o leitor a saber, já na segunda-feira, 12, que a empresa não era "fantasma".
Sei disso porque tenho o jornal com a matéria assinada por você, que foi a manchete de domingo, 11, e o e-mail que lhe enviei com a nota oficial do Governo. Você nega esses fatos?
Essas informações são relevantes porque contratar empresa fantasma é improbidade administrativa. Pode custar o mandato de um gestor, como aconteceu no Distrito Federal.
Em vez de contestar essas informações, você, sim, leva o debate para o campo pessoal, faz insinuações a meu respeito, ameaça "vomitar historinhas" sobre mim. Isso é coisa de fofoqueiro, Luiz Flávio, não de jornalista. Tenha compostura!. Se as "historinhas" que você sabe me comprometem como profissional, você tem o dever de revelá-las. Ou você faz isso ou se retrata, aqui ou na Justiça.

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Do Espaço Aberto:

O poster gostaria de fazer um apelo.
Um sincero apelo.
O apelo é por moderação.
Edir Gaya é um amigo do coração.
Um amigo do peito.
É um profissional dos mais respeitados.
Luiz Flávio, igualmente, é jornalista de primeira linha do jornal em que atua.
Confessemos, pois: não é nada confortável, não é nada agradável ver dois profissionais a quem admiramos exasperarem-se dessa forma.
Sem dúvida que não é agradável e nem confortável.
Por isso, pelo respeito, pela consideração, pela estima que o pessoal aqui da redação tem por Edir Gaya e Luiz Flávio, o Espaço Aberto gostaria de dar por encerrada essa polêmica, pela respeitabilidade que os dois merecem e precisam preservar.
Haverão de convir os dois jornalistas que os leitores já dispõem de elementos bastantes para formar juízos e convicções sobre as razões alegadas por um e por outro.
E o blog, ao postar as posições de um e outro, espera não ter contribuído para alimentar desavenças, inimizades ou hostilidades, mas para esclarecer os fatos.
E os fatos, acredita-se, estão esclarecidos, ainda que ao custo da aspereza das palavras.
Luiz.
Edir.
Vamos em frente.
Todos!

8 comentários:

  1. O jornal adora esses "erros" dos jornalistas. Se colar, colou. É conveniente a ele. É ou não? O Diário quer sangrar o governo e nada melhor que seus diletos jornalistas, cometendo esses "errinhos", pra ajudar.
    Recentemente outro jornalista da casa cometeu "errinho" também, rendendo manchete alarmista no Diáiro sobre incrível número de casos de raiva humana no Pará.

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  2. Gente, parem com essa briguinha. Um querendo mostrar mais competência do que o outro. Não precisa: os são repórteres experientes e já provaram há muito tempo isso. Vocês não precisam disso....Parece briga de PT com o PMDB. Parem com isso....

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  3. Caríssimo Edir Gaia:

    Tenho 17 anos de profissão e de atuação no mercado paraense. Meu valor profissional e minha reputação falam por si só, mas como você insiste nesse debate inócuo que acho que já camba para o lado pessoal.
    Já sofri ameaças de morte de quadrilheiros que se refastelaram de recursos públicos em governos tucanos, inúmeras tentativas de suborno e de extorsão e toda sorte de humilhações em ambiente de trabalho. Até assédio moral de sindicalistas, que deveriam defender o trabalhador, já sofri.
    Também respondi a alguns processos judiciais por matérias que escrevi. Nunca por erros de informação ou de apuração, mas resultante de ferrenha disputa política. Nunca tive qualquer matéria minha contestada. Quando errei - e todos estamos passíveis a isso – consertei o erro como manda o bom manual. Me orgulho de ter passado incólume por tudo isso. Deito todos os dias a cabeça no travesseiro e durmo o sono dos bons.
    Não preciso trabalhar na “moita” agir na “casa do sem-jeito”, “explicar o inexplicável” ou “justificar o injustificável” como insinuas. Tenho caráter e ética profissional meu caro, características que infelizmente faltam em muitos de nós nessa profissão (diplomados ou não!).
    Não entendo porque seu empenho em defender essa construtora meu caro assessor governamental! Já admiti o equívoco, a falha foi consertada e o proprietário entendeu o ocorrido.
    Nem deveria lhe dizer isso, mas vamos lá: a opção pela matéria não sair logo na segunda ou na terça-feira da semana passada foi do próprio dono da empresa, que optou pela publicação no domingo, para dar mais destaque à sua versão. Satisfeito?
    Também não preciso te ensinar o metier, mas olha: não era o caso, mas sabemos que existem dezenas de empresas que existem apenas papel, são cadastradas em sites governamentais e sequer têm sede. Ou você desconhece isso? Se você ler bem o texto que escrevi, em nenhum momento digo que a empresa é fantasma.
    Apenas relatei que fui ao local do endereço que constava no documento da JUCEPA e baseado num mapa tirado diretamente do Google Maps,não encontrei a sede. A decisão da chamada de capa, bem como do título da matéria foi uma decisão editorial do jornal.
    Colocas em dúvida minha boa fé, capacidade de investigação e afirmas que fiquei “em situação vexatória” como profissional. Nem rebaterei tais absurdos, pois não perderei tempo com um assessor que, ao invés de tentar explicar o inexplicável, parece mais preocupado defender o cargo que ocupa, nem que para isso utilize um espaço público para difamar colegas de profissão.
    Sei de muitas historinhas suas aqui no DIÁRIO e em outros empregos que você ocupou como assessor, que poderia vomitá-las aqui, te deixando numa situação, no mínimo, delicada...Mas como te disse anteriormente, sou um cara de caráter e prezo a ética entre os meus. Como deixei claro no início dessa missiva, estás levando esse caso para o lado pessoal, meu caro assessor. E desse tipo de debate quero distância.
    Um último conselho: continue cumprindo bem seu papel se assessor - pois você é muito bem remunerado para isso - que eu cumprirei o meu de repórter, com todos os erros e riscos que essa maravilhosa profissão nos traz. Sou humano.
    Em respeito à consideração profissional que ainda tenho em relação a ti e aos leitores desse blog, dou por encerrada essa discussão.

    P.S: Bemerguy, mano, desculpa o relatório e obrigado pelo espaço. Parabéns pelo blog democrático!

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  4. Parabéns ao Luiz Flávio pela condução da história.
    Edir Gaya, meu caro, sou veterano nessa área e lhe digo, com sinceridade, volte pra redação pra poder debater esse assunto. Aprendi ao longo de mais de 30 anos e profissão: repórter é repórter, assessor é assessor. E não se fala mais nisso.

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  5. Boa tarde, caro Paulo:

    Boa tarde, Luiz Flávio:

    Obrigada pela resposta. Parabéns pelo "conjunto da obra".

    Um abraço pros dois.

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  6. O nível do debate caiu, desabou. Melhor encerrar mesmo. Essa briga só vai alimentar as torcidas organizadas do PSDB, do PT e do PMDB.

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  7. E o cara cuja empresa foi intitulada de fantasma, como fica? Como fantasma?

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  8. Mas que foi um vexame, foi sim.

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