domingo, 28 de fevereiro de 2010
Lula com cinzel e martelo
A eleição que se aproxima, promete. O povo brasileiro vai ter um papel importante num ano de eleição nacional. O termômetro eleitoral neste ano de 2010 está começando a subir e pressagia uma das mais entusiasmadas campanhas presidenciais dos últimos tempos. De acordo com a última pesquisa do Ibope, o governador de São Paulo, José Serra, lidera a corrida, com 41% das intenções de votos. A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, aparece com 28%. A senadora Marina Silva tem 10%. Contudo, não há sequer candidatos oficiais.
Recentemente, uma pesquisa encomendada pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República analisou mais de 10.000 notícias publicadas sobre o Brasil no ano passado em 49 veículos estrangeiros, a maioria na Ásia, na Europa e nos Estados Unidos. Desse total, 81,18% eram positivas e 18,82% negativas. Entre os assuntos a favor, os maiores elogios envolviam diplomacia, economia e inclusão social. Do lado negativo: violência urbana e carência de infraestrutura. Portanto, uma imagem positiva do Brasil. Esses louros são creditados ao Nosso Guia.
O presidente da República, com todos esses resultados, faz o que bem entende e diz o que quer. Dia desses, durante um evento em Goiás, mandou essa pérola: "O Brasil faz parte do G20, do G7, do G8, G3. Enfim, qualquer G que fizerem tem que chamar o Brasil. Somos o País mais preparado do mundo para encontrar o ponto G".
Nosso Guia trabalha arduamente na construção de uma candidata que ele mesmo impôs e que nunca foi submetida a nenhum sufrágio - até porque o PT estava carente de lideranças, devido a inúmeros escândalos. Com cinzel e martelo, Lula vem tentando desbastar o estilo de ex-guerrilheira consistente, que dominava reuniões com planilhas e dados. Faz, ao que tudo indica, um aprendizado em que sai como uma política treinada por Nosso Guia na arte de garimpar votos.
Há mais ou menos sete anos, uma Dilma muito diferente chegou ao governo Lula. Militante com apenas um ano de PT. Após o golpe militar de 1964, a ex-guerrilheira fez parte das organizações clandestinas de esquerda como: Política Operária (POLOP), Comando de Libertação Nacional (Colina) e da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (Var Palmares). Em 1970, foi presa e submetida à tortura. Passou quase três anos no cárcere.
Inteligente, Dilma era a técnica com fama de profissional disciplinada, concentrada no trabalho e capaz de recitar de memória números sobre a infraestrutura do país. Ao longo do governo, ganhou fama de autoritária. Em 2004, desafiou aos berros o então presidente da Eletrobrás, Luiz Pinguelli Rosa, durante uma discussão que teve platéia. Rosa levantou-se da mesa, pediu demissão e saiu.
O escopro de Lula começou a dar forma à candidatura de Dilma involuntariamente em 2005. Em meio à crise do mensalão, Nosso Guia foi obrigado a demitir o ministro José Dirceu da Casa Civil. Escolheu Dilma para o desafio. Naquele momento, Dilma passou a ocupar a segunda sala mais importante e poderosa da Corte, a concentrar-se na gestão do governo e nos programas prioritários de Lula.
Um ano depois, o então ministro da Fazenda, Antônio Palocci, deixou o governo acusado de mandar quebrar ilegalmente o sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. Costa acusava Palocci de ter participado de festas com garotas de programa em uma casa de lobistas em Brasília. O caminho para Dilma estava aberto.
A mãe do PAC foi aclamada como nome do partido, na abertura do Congresso do PT, para disputar a sucessão do Nosso Guia. Escolhida candidata por Lula, Dilma se apresenta como a melhor alternativa para dar continuidade aos projetos do atual governo e afirmou: "Uma das coisas que me credenciam para ser presidente é que conheço o governo de forma bastante circunstanciada, precisa e profunda. Conheço também as necessidades para dar continuidade aos projetos".
Lula, com cinzel e martelo, deu forma política à Dilma, que levará vida dupla de ministra-candidata até abril, quando deverá se desincompatibilizar. Dilma terá, pela primeira vez, de voar sozinha.
No mais, espera-se que a oposição levante do berço esplêndido e Serra acorde da UTI da sonolência mostrando que tem nervos de aço para a política, como afirmou e componha com Aécio Neves. Caso contrário, poderá ouvir Dilma cantarolando: "Esses moços, pobres moços...", não é, Lupicínio Rodrigues?
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SERGIO BARRA é médico e professor
sergiobarra9@gmail.com
Oh, seu sergio, porque não falas da pesquisa do datafolha, com o Serra 38(%) e a Dilma (28%), tecnicamente empatados. Mais um demotucano paraense.
ResponderExcluirOh anõnimo vc falou do Sérgio, mas vc também errou. Olha os números corretos ai:
ResponderExcluirPesquisa Datafolha publicada na edição deste domingo (28) do jornal Folha de S.Paulo, mostra que a pré-candidata do PT à Presidência, ministra Dilma Rousseff, cresceu cinco pontos nas pesquisas de intenção de voto de dezembro para janeiro, atingindo 28%. No mesmo período, a taxa de intenção de voto no governador de São Paulo, José Serra (PSDB), recuou de 37% para 32%. Com isso, a diferença entre os dois pré-candidatos recuou de 14 pontos para 4 pontos de dezembro para cá.
Viva a guerrilheira! Viva a República das Bananas!
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