segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Filmes de Camilo Cavalcante no “Alexandrino Moreira”

O Cineclube Alexandrino Moreira do Instituto de Artes do Pará (IAP) - Praça Justo Chermont, nº 236 - Nazaré - ao lado da Basílica - exibe nesta segunda-feira, a partir das 19h, sete produções do premiado cineasta Camilo Cavalcante, que ministra esta semana a oficina de Realização em Direção no instituto. Após a exibição dos filmes, haverá bate-papo entre o diretor e o público. A entrada é franca.
Natural de Pernambuco, Camilo Cavalcante produz desde 1995 e sua obra pode ser definida como um cinema onde prevalece a máxima “tudo-ao-mesmo-tempo-agora”. São filmes criados em camadas com histórias secundárias, terciárias e assim por diante, mesmo assim ainda são bastante intimistas.
O cineasta se distribui em personagens, histórias e ambientes para apresentar homens e mulheres únicos e comuns ao mesmo tempo. O Nordeste e sua terra natal são temas recorrentes, mas o que chama a atenção é a forma como o nordestino é retratado.
Em “Leviatã” (1999), um dos filmes desta sessão, confere as angústias de um nordestino recém-chegado à São Paulo. Velocidade, caos, correria e atropelo. Tudo está lá. São sentimentos de quem larga o amor e a vida simples em Pernambuco e parte para a maior metrópole do Brasil e não está preparado para isso. Já “O Velho, o Mar e o Lago” narra a história de um ex-militar, que mora em uma ilha, acompanhado de suas flores e um antigo farol. É quase todo um monólogo do senhor com as suas dores, retratado num lugar remoto. Poderia ser um roteiro de um sonho ou um pesadelo sobre solidão e loucura.
Os dois curtas “Ave Maria”, partes de uma trilogia ainda inacabada, mostram o mundo durante a hora do Angelus (18h). O primeiro “Mãe dos oprimidos” (2003) , retrata a realidade marginal e excluída de Recife. Pessoas que bebem, assistem televisão, andam, dirigem, pedem esmolas, todos ocupados de alguma maneira durante a hora dedicada, na religião católica, à oração. Existe aí, de acordo com o próprio diretor, uma mescla de imagens documentais e de imagens ficcionais. O mais recente, “Mãe dos Sertanejos” (2009) ganhou os prêmios de Melhor Filme, Melhor Fotografia e Melhor Som na 42ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.
“Rapsódia para Um Homem Comum” (2005) segue a linha onírica de “Leviatã”. Epaminondas é um funcionário público de classe média baixa nos anos 70. Sua vida é marcada por uma rotina incessante e sua relação com o carimbo e a repetição um dia se encerra quando decidi jogar tudo pro alto e tomar uma atitude brusca. A música e a imaginação aparecem e marcam a história de maneira forte.
“A História da Eternidade” (2003) parece ter sido gravado em apenas um take, mas na verdade se trata de um falso plano-sequência. O curta se debruça sobre os instintos humanos mais cruéis. Cenas e seres bizarros pontuam determinados momentos de forma alegórica. Tudo ali tem significado.
Em “Ocaso” (1997), vemos perfilados, num único movimento de câmera, todos os significados da palavra-título. Cavalcante já esboça aí uma concepção temporal do plano-sequência na qual se aperfeiçoa em seus filmes seguintes.

Fonte: Assessoria de Imprensa

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