quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Mensalão do DEM - Lula finge que as imagens não falam

No Blog do Noblat, sob o título acima, um comentário irretocável:

Um dos esportes preferidos de Lula é passar a mão na cabeça de supostos bandidos. Ele parece sentir prazer com isso.
Vamos ao que ele disse, hoje, sobre o escândalo do mensalão do DEM.
Deixo de lado as obviedades - outro prato preferido dele. Coisas do tipo:
- Quando tiver toda a investigação terminada, a Polícia Federal vai ter que apresentar o resultado final do processo. Aí quem vai fazer juízo de valor é a Justiça. O presidente da República não pode ficar dando palpite.
Como ele não resiste a dar palpites, e como nesses casos seus palpites sempre favorecem supostos bandidos em apuros, tascou Lula:
- As imagens não falam por si.
Como não falam?
Elas berram por si - o que não dispensa a conclusão do processo e o pronunciamento futuro da Justiça.
Fico só imaginando se esse escândalo fosse apenas por escrito. Se não tivesse sido amplamente documentado por meio de fitas de vídeo. Certamente não daria em nada - como tantos outros não deram.
Você se chocaria com a história de deputados que recebiam dinheiro vivo e ainda agradeciam satisfeitos: "Valeu"? Chocou-se porque viu.
Você acreditaria que deputados formaram um círculo em torno do encarregado de suborná-los e rezaram contritos de cabeça baixa? Acreditou porque viu.
A história do poderoso empresário que abriu a pasta e começou a entregar maços de dinheiro a um secretário de Estado soaria apenas como mais uma recorrente história se não fosse o vídeo. E a do deputado que enfiou dinheiro na meia causaria apenas tédio, revolta, não.
Você talvez duvidasse que um candidato a governador fosse capaz de receber dinheiro vivo, comentar "Está ótimo", para em seguida admitir sua preocupação em sair com todo aquele dinheiro, repassando por fim a tarefa ao motorista.
Você poderia pensar - e com razão:
- Um governador não seria tão burro para fazer uma coisa dessas. Tem quem faça por ele. É inverossímel!
O mensalão do DEM é o mais rico, o mais impressionante documentário sobre a corrupção no Brasil - e isso graças a quê?
Às imagens que berram por si.
Roseana Sarney, governadora do Maranhão, era aspirante a candidata a presidente da República em 2002 quando a televisão mostrou a fotografia de pouco mais de R$ 1 milhão apreendidos pela Polícia Federal nos cofres da empresa do marido dela, em São Luís.
Doado por empresários, o dinheiro pagaria despesas de Roseana com os preparativos da sua candidatura.
A fotografia implodiu a candidatura de Roseana.
O impacto de de imagens contribuiu para que Lula deixasse de se reeleger em 2006 no primeiro turno.
Aloprados a serviço da campanha dele forjaram um dossiê contra candidatos do PSDB. Foram detidos na hora de pagar pelo serviço. A dinheirama acabou fotografada. E a fotografia foi parar nos telejornais.
O que ficou do debate entre os candidatos a presidente promovido pela Rede Globo de Televisão? A imagem da cadeira vazia destinada a Lula.
Fotografia de dinheiro e imagem cadeira vazia estão mais para a época do cinema mudo.
As imagens do mensalão do DEM estão mais para cinema em três dimensões. Lembram também programas do tipo Big Brother.
Lula desdenha delas no afã de fazer média com os políticos em geral e o governador José Roberto Arruda, do Distrito Federal, em particular.
Mas há também outra jogada por trás da intervenção de Lula em favor de Arruda: reforçar a posição daqueles que dentro do DEM se opõem à sua expulsão sumária.
Interessa a Lula a desmoralização do DEM, aliado do PSDB nas eleições presidenciais de 2010.
Não foi sempre o DEM que bateu em Lula por contemporizar com supostos bandidos?

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