terça-feira, 3 de novembro de 2009

Após 7 anos, policial que atirou em motorista será julgado

No AMAZÔNIA:

Após mais de sete anos esperando justiça, o ex-motorista de ônibus Walmir Luz de Souza aguarda com ansiedade o julgamento do policial civil Heron David Guerra Soares, quem em junho de 2002 atirou três vezes contra ele, acertando o seu peito e o deixando com várias sequelas. Walmir ainda ficou inválido para o trabalho. O julgamento será hoje de manhã no Tribunal do Júri do Fórum Criminal de Belém e será presidido pelo juiz Ronaldo Valle. A acusação será feita pelo promotor criminal Edson Cardoso Souza.
Ainda sentindo fortes dores no peito e com perda parcial de memória, o ex-motorista e a família dele temem que as testemunhas de acusação não compareçam ao julgamento, pois a maioria que depôs durante a fase de inquérito policial não se dispôs a comparecer em juízo, temendo represálias por parte do acusado. Além deste crime, Heron Soares também responde a outros três, sendo dois por tortura no exercício da função de policial e outro na Vara de Família da capital.
O crime ocorreu no dia 26 de junho, durante um jogo da seleção brasileira na Copa de 2002. Walmir Luz dirigia um ônibus da empresa Viação Forte, da linha Jaderlândia. No trajeto na avenida Almirante Barroso, próximo à avenida Tavares Bastos, em direção ao Entroncamento, conforme consta nos autos do processo, o motorista ouviu um barulho de batida de carro, o que fez com que ele parasse o veículo para verificar se estava envolvido em acidente. Ao observar que não houve dano, prosseguiu sua viagem.
Nesse momento, Walmir foi interpelado pelo investigador da polícia civil Heron Soares, que dirigia um Fiat Palio Weekend, branco, de placas JTX-0079, que trancou a passagem do ônibus, impedindo o motorista de continuar a viagem. Aos gritos, o policial dizia que o ônibus havia batido o carro dele, começando uma discussão entre os dois. Depois se dirigiu ao carro e pegou um revólver, disparando três tiros contra o motorista, que já havia retornado para dentro do ônibus. Walmir Luz foi atingindo no peito direito.
Enquanto o policial civil fugia do local, a vítima agonizava, entre a vida e a morte, sendo socorrida por testemunhas que a levaram ao Pronto-Socorro Municipal. O laudo do Instituto Médico Legal constatou que a bala que atingiu o peito de Walmir atingiu a região mamária direita, também afetando o tórax e outros órgãos.
O inquérito policial constatou a tentativa de homicídio, apesar de o policial alegar legítima defesa; em julho de 2003 o Ministério Público ajuizou a denúncia na Justiça.
Aos 56 anos, Walmir Luz hoje vive com muitas limitações por causa da violência da qual foi vítima. Já fez vários tratamentos de saúde, mas vive com dificuldades e ainda tem que bancar do próprio bolso o custo das medicações que precisa tomar diariamente para o resto de sua vida. Ele conseguiu se aposentar por invalidez, mas o salário mensal de R$ 1,5 mil não dá para bancar as despesas da família de três filhos e do aluguel de sua moradia.

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