quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Belém já tem 4 mil cavalos

No AMAZÔNIA:

O número de veículos de tração animal que interfere no trânsito da Região Metropolitana de Belém (RMB) é cada vez maior. Um estudo realizado pelo Instituto de Saúde e Produção Animal (Ispa) mostra que em quatro anos a quantidade de cavalos e outros animais que transitam pelas ruas da cidade transportando carga aumentou em 30%, totalizando hoje cerca de 4 mil animais. O estudo revela ainda que este aumento é comum em outras capitais brasileiras, como Aracaju (SE) e João Pessoa (PB). No entanto, a regulamentação dos carroceiros também acompanha a evolução da atividade. Para o diretor do Ispa, Djacir Ribeiro, a Lei Municipal 8.168/02, que regulamenta os veículos puxados por cavalos, burros e jumentos, não está sendo cumprida com o devido rigor - e os animais pagam um alto preço por isso.
Djacir explica que os cuidados com a saúde do animal, assim como a fiscalização do trânsito e das condições de trabalho dos animais é de competência das prefeituras. 'O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) e a Ctbel (Companhia de Transportes do Município de Belém) devem atuar em suas respectivas responsabilidades. A Ufra (Universidade Federal Rural da Amazônia) faz a parte dela. Falta cada um assumir seu papel', afirma. Ribeiro, que também é professor da Ufra, destaca que a universidade criou uma estrutura para receber os animais adoentados, denominada projeto Carroceiro, e que será inaugurada no dia 15 de outubro. 'Já estamos em fase experimental há dois meses - e neste período, recebemos cerca de 40 equídeos. A expectativa é que mensalmente tratemos de 20 a 30 animais enfermos', revela.
O professor conta que o investimento feito pela Ufra para construir as instalações de tratamento dos bichos foi de R$ 200 mil. 'Entendemos que é preciso oferecer uma opção para acabar com os maus tratos, embora não seja nossa obrigação, e sim do poder público. Agora, é preciso efetivar a fiscalização do módulo de transporte, cadastrar o carroceiro, avaliar o peso do material que o animal está transportando e cadastrar estas carroças. Isso tudo deve ser feito pela Ctbel. A partir daí podemos dizer que começa o trabalho de responsabilidade social', destaca. O projeto Carroceiro vai atender os cavalos gratuitamente. Hoje - em fase experimental - a equipe de veterinários e alunos do projeto trata sete animais adoentados.
'Realizamos todo o atendimento clínico e cirúrgico, inclusive com internação - tudo de graça. Também estamos preparando a capacitação dos carroceiros e cursos com cartilhas informativas', afirma Djacir. O projeto será mantido através de doações, e atende com maior frequência animais dos bairros do Guamá e do Jurunas, devido ao maior índice de acidentes de trânsito envolvendo estes veículos.
No dia 15 de outubro será promovido em Belém o II Fórum Municipal de Animais de Tração, que vai discutir opções de assistência aos equídeos que sofrem constantes maus tratos na RMB. Durante o encontro, será inaugurado o projeto Carroceiro, que tem como meta buscar um sistema de manejo de tração animal totalmente adaptado a uma sociedade justa e humana, e que integre o animal, o carroceiro e a sua família a essa sociedade. O atendimento aos animais é o ponto fundamental do trabalho que o Projeto vem oferecendo, pois não é só curando feridas que se resolverá esta situação, mas através da educação, da fiscalização e da responsabilidade social.

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