Continua quente, quentíssima a campanha – ou pré-campanha, uma vez que ainda não foram abertos oficialmente os prazos para a inscrição de chapas – dos nobres causídicos do Pará, que em novembro elegerão o novo conselho seccional da Ordem Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
O quente está na comunicação epistolar.
Está nas cartas.
Cartas que são mandadas de norte a sul, de leste a oeste do Estado, pelos integrantes das duas chapas até aqui lançadas, a OAB Independente, encabeçada por Sérgio Couto, e a “Juntos para Avançar”, de Jarbas Vasconcelos.
A última, digamos, explosão epistolar pôr frente a frente Ophir Cavalcante Jr. e Avelina Hesketh, o primeiro candidato à presidente nacional da OAB apoiado pela chapa de Jarbas, a segunda vice na chapa de Sérgio Couto.
Ophir mandou uma carta respondendo a uma anterior de Avelina, que veio em seguida e foi à réplica.
Acompanhem abaixo – primeiro a de Ophir Jr., depois a de Avelina.
São nitroglicerinas puras.
Puríssimas.
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RESPOSTA À CARTA ABERTA DA DRA. AVELINA HESKETH
Belém, 15 de agosto de 2009
Cara Avelina,
Somente ontem tomei conhecimento da carta aberta que me endereçaste em 5 de julho do ano em curso e, em homenagem à nossa trajetória de lutas, sinto-me no dever de responder, não sem antes lamentar o desfecho da nossa união em torno da OAB-Pa.
Bem sabes do meu carinho e gratidão por teres me convidado para ser Vice-Presidente de tua chapa em 1997, o que me permitiu, nessa condição, trabalhar em favor da advocacia paraense e, com isso, viabilizar o meu nome para a tua sucessão. Quando compus contigo, não tratamos da sucessão. Correto ?
O grupo que meu pai integrou na OAB-Pa foi vitorioso sim, tendo comandado nossa instituição de 1983 até 1991, quando se elegeu Edilson Silva, pela oposição. Graças ao trabalho dos abnegados que o integraram, como Milton Nobre, Paulo Klautau, Francisco Brasil Monteiro, todos ex-presidentes, Haroldo Guilherme Pinheiro da Silva, Francisco Miléo, Reynaldo Silveira, Jorge Alex Athias, Paula Frassinetti, Pedro Bentes Filho, dentre tantos outros, o Pará e a Região Norte fizeram o único presidente nacional da OAB egresso da nossa Região e do nosso Estado.
Como mencionas no início da tua carta, eu pertencia a outro grupo e compus contigo dentro de princípios e propósitos, o que é perfeitamente normal na política da Ordem, sobretudo quando não se objetiva nenhuma vantagem pessoal, não é verdade?
Qualquer grupo político chega a um momento de necessária renovação; precisa de oxigênio novo para poder continuar trabalhando, voluntariamente, para a advocacia. Tu foste Presidente durante 3 anos e Conselheira Federal por 9 anos. O Sérgio Couto idem. Por que não dar a vez para outros colegas que tem a OAB como uma religião, como eu e tantos outros que dirigimos a Ordem nesses quase 12 anos ininterruptos?
Será que a perpetuação no poder é salutar ? A OAB, minha cara Avelina, não pertence a nenhum de nós. Repito: não é propriedade minha, tua ou do Sérgio. Todos precisamos ter a dignidade de saber a hora de sair e dar lugar a novas lideranças. Demos uma contribuição voluntária por amor a uma causa e isso nos engrandece, mas não nos torna donos. A OAB é dos advogados.
Por outro lado, a que princípios te referes ? Pluralismo de idéias através da opção pelo voto ? Certamente ao vetares a aliança com o Jarbas não estás permitindo isso; justamente impedes o mais salutar princípio numa democracia, que é a alternância de poder.
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“A OAB, minha cara Avelina, não pertence a nenhum de nós. Repito: não é propriedade minha, tua ou do Sérgio. Todos precisamos ter a dignidade de saber a hora de sair e dar lugar a novas lideranças. Demos uma contribuição voluntária por amor a uma causa e isso nos engrandece, mas não nos torna donos. A OAB é dos advogados.”
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Qual a diferença da composição que nós fizemos em 1997 da que agora foi feita com o Jarbas Vasconcelos ? A única que vejo é que, mesmo sendo da oposição, será o candidato a presidente. Qual o pecado disso? Ele poderia ser vice na composição que o Sérgio Couto (para quem sempre renunciaste, inclusive a possibilidade de participar de uma Diretoria do Conselho Federal e de te candidatares ao CNMP, só para citar esses dois exemplos) pretendia fazer, mas não pode ser Presidente na composição que fizemos? Vocês podiam compor com ele. Isso seria normal. Angela e eu não podemos. Por que este preconceito, esta discriminação?
A aliança feita com o Jarbas não foi para impedir que houvesse uma disputa ou mesmo para evitar uma derrota nossa. A aliança buscou dar o verdadeiro sentido de uma composição e não como vinha sendo conduzida por quem negociava com o Jarbas: em troca de cargos que garantissem uma aposentadoria ou um lugar na administração pública estadual. Sabes muito bem – e isso o Sérgio Couto não esconde – que se ele fosse Conselheiro Federal na composição com o Jarbas, mesmo depois da aliança que celebramos, estava tudo resolvido e a ti caberia NADA. Ele decretaria a tua saída da Ordem e ponto final. Portanto, caríssima Avelina, é lamentável que tentes passar aos colegas que Angela e eu fizemos um acordo espúrio ou em prejuízo da OAB. Demos um sentido ético ao acordo e, ao mesmo tempo, defendemos a melhor candidatura à Presidência da OAB-PA. Isso não é concessão, mas sim grandeza de propósitos; compromisso com a advocacia, e não com projetos pessoais.
Eu não temo a influência política na OAB. A OAB não esteve e não estará a serviço de nenhum partido político. Selar a partidarização da Ordem é ser financiado por Deputados Federais ligados a partidos políticos e isso, minha cara Avelina, eu jamais fiz ou farei. Aliás, gostaria de te lembrar a tua candidatura a vice-prefeita de Belém numa composição em que a candidata era a atual Governadora do Estado, integrante histórica do PT, enquanto eras Conselheira Federal e isso não foi, pelo menos para mim, interpretado como uma partidarização da Ordem embora houvesse um engajamento direto teu.
Não me envergonho de nada que fiz na vida e também não tenho medo de derrotas (já perdi duas eleições na OAB antes de ser vice-presidente e, mesmo perdendo, tive dignidade e postura, e foi isso que te motivou a me convidar para compor contigo). Sempre procurei me postar dentro de princípios de retidão e ética que recebi de meus pais. O acordo que inaugura um novo momento na OAB-PA quer uma OAB voltada para o futuro e não para o passado, mas uma OAB compromissada com a advocacia e com a sociedade.
Por fim, a postura de vocês é, sim, de impedir, por motivos pessoais, que um colega paraense que serviu – e continua servindo a OAB – possa alcançar a Presidência Nacional da entidade e isso, caríssima Avelina, vocês terão que arcar junto aos advogados do Pará.
Cordialmente,
Ophir Cavalcante Junior
Advogado
A reposta de Avelina Hesketh
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Belém, 02 de setembro de 2009
OPHIR,
Sobre tua resposta à minha carta, faço algumas observações:
A primeira diz respeito ao acordo com o Jarbas.
Existe diferença entre a composição que eu e tu fizemos em 1997 e a atual que fizestes com o Jarbas.
Ontem, não houve acordo com a oposição. Eu e o Sérgio Couto, a quem tantas vezes agradeceste, acreditando em ti, te demos a chance de, mesmo perdendo eleições, voltares à OAB-PA, como vice-presidente.
Quanto engano! Quanta decepção!
Defendia a pluralidade de idéia e a renovação, tanto que não fui à reeleição. Tu foste!
Não visava e nem buscava apoios para cargos mais altos, tanto que ao abdicar um cargo na diretoria nacional da OAB, o fiz como agradecimento ao Sérgio, pelo muito que ele fez por mim, por ti e pela advocacia paraense, inaugurando uma nova era na OAB-PA.
Gratidão é sentimento que não conheces!
Hoje, o acordo com a oposição visa apenas promover trocas de cargos na OAB em busca de apoios políticos para tentares ser presidente da OAB Nacional.
O ponto convergente é um só: satisfazer o teu interesse pessoal.
Ontem, abandonastes os "abnegados", como o Reinaldo Silveira, que fizeram teu pai presidente do Conselho Federal, e te juntastes a nós, porque venceríamos as eleições.
Assim, poderias projetar a tua ascensão à presidência da OAB-PA, possibilidade remotíssima junto ao teu grupo. Então a tua migração, como sempre, visou vantagem pessoal.
Hoje, a história se repete. Visando apenas o teu projeto pessoal de ser presidente nacional da OAB, à revelia dos advogados e de teus fiéis e leais companheiros, que te fizeram vice e presidente da OAB-PA e que te acompanharam até o momento em que assinastes o acordo de capitulação, resolvestes, pedindo a intermediação do Cezar Britto, entregar a presidência da OAB-PA ao adversário, em troca do conforto do não combate.
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“Na verdade, tu criaste teu próprio impedimento para alcançares a presidência da OAB Nacional, quando fizeste esse acordo repudiado pela classe. Terás que responder aos advogados por esta página negra da tua história.”
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Somente tu temias a derrota!
Falas de renovação...
Mas a renovação legítima deve ser consagrada pela disputa eleitoral autêntica. Jamais por imposição de chapa única aconchavada, como queres impor. Inclusive nas Subseções, amordaçando a vontade eleitoral da advocacia paraense.
Falas, maldosamente, em tom de intriga, que se o Sérgio fizesse acordo com o Jarbas ele decretaria minha saída da Ordem.
Impossível!
Como ex-presidente da OAB-PA, tenho cadeira cativa e não reivindico cargos.
Nunca negociei com o Jarbas e não preciso de cargos públicos. Já os tenho, conquistados por concurso público. Legal, ética e moralmente correto!
Na verdade, tu criaste teu próprio impedimento para alcançares a presidência da OAB Nacional, quando fizeste esse acordo repudiado pela classe.
Terás que responder aos advogados por esta página negra da tua história.
A transferência dessa responsabilidade para mim e para o Sérgio não passa de chantagem emocional da tua parte. Visa fazer aceitar teu acordo vergonhoso, a tua mordaça eleitoral e o teu achatamento da democrática disputa eleitoral.
Só faz isso quem se sente dono da OAB-PA.
O segundo ponto diz respeito à partidarização da OAB.
Em tua carta, fazes a grave acusação de que "selar a partidarização da Ordem é ser financiado por Deputados Federais ligados a partidos políticos.".
Se tens conhecimento desse fato, denuncia-o já, nominando os envolvidos, sob pena de cometeres leviandade ou prevaricação sobre a ética na política.
Entrei para a OAB com o apoio apenas dos advogados. A minha participação no processo político-partidário ativo, que muito me orgulhou, não envolveu a OAB. Ela foi construída longe, bem longe, da OAB-PA nos domínios da cidadania comum, que me permite votar e ser votada.
O teu conchavo, não!
Foi feito nas entranhas da OAB. Na surdina! Sem qualquer consulta aos seus destinatários: a classe! Visando, tão somente, "lotear" os cargos dentro da instituição, exatamente como declarado na nota oficial que a Ângela publicou. Isso sim, no modelo político partidário.
Só faz isso quem se sente dono da OAB-PA.
Estou e continuarei lutando por uma OAB Independente.
AVELINA HESKETH
ELES SÃO CONTRA O PARÁ E CONTRA O ADVOGADO PARAENSE...
ResponderExcluirFica evidente que tem gente que é contra o Pará e ter um paraense na presidência da OAB nacional. O mais grave disso, é que também são paraenses: Avalina e S. Coiuto. Mas felizmente são só eles,pois mesmo os pouquíssimos que nutrem alguma simpatia pela dupla, já se sabe e eles têm dito nos corredores e escadarias dos fóruns,DISCORDAM do posicionamento da dupla e, dizem mais, não se responsabilizam pelos pronuciamentos da dupla. Por tudo isso, torna-se profundamente lastimável, E ISTO, SIM, É UMA GRANDE DECEPÇÃO, que aquela dupla ENCABECE TENTE ENCABEÇAR A TORCIDA contra o Pará, contra termos um representante do nosso querido Pará a presidir o Conselho Federal da OAB. Presidir para todos os advogados...
"A OAB é dos advogados." Mas quanta
ResponderExcluirbalela, meu Deus! A maioria dos advogados sempre foi tangida feito manada de boi manso para o estreito brete dos interesses corporativos dos grandes escritório de advocacia que tratam há séculos a OAB como propriedade privada.
Olhem para trás: os caras são sempre os mesmos, seja de um lado, seja de outro. Nunca se mudou nada e nem se avançou coisa nenhuma. Para essa gente, renovação é sinônimo de mesmice: o Sérgio é o mesmo senhor feudal de sempre; o Jarbas não passa de outro Lula que implementará a mesma política "neoliberal" do FHC.
Estamos longe, muito longe de uma verdadeira (r)evolução na OAB que, "para ficar pior, ainda tem que melhorar muito", como diria o Gilmar Mendes.
Se tivesse estas cartas para decidir o voto, votaria na chapa do Ofir.Á carta do Ofir não ofende e leva a reflexão, enquanto que a da Aveleina é ofensiva e so queixas. Também, importante para a minha decisão Dra Avelina é a expressão: Terás que responder aos advogados por esta página negra da tua história.
ResponderExcluirSolicite que façam revisão de sua escrita, assim, caso não seja, não correrá o risco de parecer preconceituosa.
Não entendo quando a Avelina diz que o ofhir envergonha a classe. Ela pode falar apenas em nome dela e de seu aliado Sergio Couto. Até agora não vimos outros nomes que concordem com as balelas de D. Avelina. Voces terão a resposta na eleição
ResponderExcluirGente,pai do céu, a carta dela está cheia de preconceito. Eu como afro descente - como advogado,meu filho e minha filha também são advogados - nos sentimos profundamente ofendidos com a expressão usada por aquela senhora, que nesta oportunidade e futura, me recuso e me recusarei a citar sequer, pois ficou evidente que o preconceito contra nós e o nome dela rimam no consciente e inconsciente desses independentes.
ResponderExcluirBobagem, Anônimo das 22h19. A expressão "página negra" não tem nada de racismo nem de preconceito. É apenas um lugar comum, como outro qualquer, dos muitos que pupulam nas arrazoados dos advogados. Você e seus filhos, por acaso, nunca utilizaram a expressão "de uma clareza solar" ou "tão claro como sol do meio dia"? Há preconceito nisso? Claro que não. O problema da propaganda eleitoral na OAB, assim como a propaganda eleitoral em geral, é a manipulação dos conceitos para enganar os trouxas. É por isso que eu não acredito em renovação e nem em avanços conchavistas apregoados. De lado a lado. Ao fim e ao cabo, "est tout la même chose".
ResponderExcluirO texto e o contexto da carta da Sra. Avalina,pelo seu conteúdo, as pessoas contra as quais dirige, direta e indiretamente, a missiva e ao modo como o faz demonstram-se,por si só e com CLAREZA SOLAR,que a referida carta, cuja subscrição não foi negada, tem a cor do preconceito tanto na forma quanto no conteúdo.
ResponderExcluirQuanto ao anônimo das 10:05,tenho a dizer que se é bobagem para ele(a), para os ofendidos não é bobagem.É fato muito sério que ofende o sentimento, a memória e a consciência, coletiva e individual, dos afro descendentes. O fato, em questão, está previsto no artigo 5º, inciso XLII, da Constituição de 1988,que reza COM CLAREZA SOLAR que "A PRÁTICA DO RACISMO CONSTITUI CRIME INAFIANÇÃVEL E IMPRESCRITÍVEL, SUJEITO A PENA DE RECLUSÃO,NOS TERMOS DA LEI".
O anônimo, das 10:57 da mensagem postada no dia 12 de setembro de2009, OFENDE A DIGNIDADE DA ADVOCACIA COMO UM TODO AO AFIRMAR QUE "A MAIORIA DOS ADVOGADOS SEMPRE FOI TANGIDA FEITO MANADA DE BOI MANSO...". Espero que o autor(a) anônimo, ora referido, não seja advogado(a). Pois, só de alguém que desconhece a classe no seu dia a dia será capaz de fazer tal afirmação totalmente oposta a realidade dos fatos. Mas, se foi um ou uma advogado(a) tanto pior. Muito grave.
ResponderExcluirO que me impressiona na carta da dra. Avelina, além do repulsivo preconceito revelado, que vive no inconsciente de muitos brasileiros, para infelidade de todos, é o inaceitável massacre da língua portuguesa: (tu) fizestes(?) (tu) abandonastes(?) te juntastes(?) assinastes(?) resolvestes(?)... O que é isso, pelo amor de Deus? Que diabos de concursos são esses em que foi aprovada. Valha-nos quem? Depois ainda criticam o ensino jurídico de hoje. Essa não passaria no exame de ordem. Com certeza não!
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