Mercadante ainda tem alguma coerência a prezar?

O senador Aloizio Mercadante (PT-SP), com todo o respeito que ele nos merece, vai passar o resto de sua trajetória política tentando explicar a sua decisão de renunciar à renúncia da liderança da bancada do PT em “caráter irrevogável” e não vai conseguir.
Mercadante fez mais um papelão, ao dizer que mais uma vez, contra a sua vontade, contra a vontade de amigos e contra a vontade de sua família, preferiu voltar atrás numa decisão de “caráter irrevogável” para atender a um apelo de seu amigo de 30 anos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Mercadante pensou em sua amizade com Lula.
Pensou em seu compromisso com o governo Lula.
Mercadante não pensou, todavia, na sua própria biografia.
Não pensou nos compromissos éticos que inspiraram a fundação de seu próprio partido.
Não pensou na frustração de seus eleitores, que certamente não comungam da opção do governo petista de submeter-se a manipulações de gente como Renan Calheiros, Fernando Collor e José Sarney.
Mercadante não pensou, enfim, que suas idas e vindas verbais o tornam ridículo, ele que, conforme já registrou o blog, é um dos quadros mais brilhantes do PT.
E agora?
E agora que Mercadante não tem mais o direito de dissentir do governo.
Se ele aceitou ficar na condição de líder da bancada no Senado, deve se submeter mais e mais aos ditames do governo a que serve.
A coerência recomenda que seja assim.
Mas, com todo o respeito ainda, Mercadante tem ainda alguma coerência a cultivar, a prezar?