terça-feira, 19 de maio de 2009

Um testemunho sobre Coutinho Jorge

Do jornalista Miguel Oliveira, que por muitos anos foi assessor de Fernando Coutinho Jorge - o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado que está em vias de se aposentar compulsoriamente -, sobre a postagem O adeus de Coutinho Jorge:

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Relutei muito em escrever este comentário sobre Fernando Coutinho Jorge.
O faço para que isso fique como registro.
Trabalhei diuturnamente com Fernando - assim lhe chamava na intimidade - embora seu nome politico fosse Coutinho Jorge.
Foram mais de 15 anos atuando na assessoria dele.
Por isso, posso dar meu testemunho.
Fernando foi um visionário, acima de tudo. Vislumbrou um Pará desenvolvido, ecologicamente sustentável, uma administração descentralizada na prática e não em discurso de campanha.
Se Mosqueiro ainda é uma ilha balneária, Belém lhe deve esse tributo. Se não fosse sua pronta intervenção, a fábrica da Albras/Alunorte seria instalada lá.
Fernando contou com um aliado importante, o professor Aloysio Chaves.
Não cheguei a trabalhar com Fernando quando o doutor Aloysio governava o Estado, mas de tanto ler documentos e ouvir relatos de Fernando, conheci muito dos bastidores da administração pública paraense.
Outro dia, escrevi a Humberto Cunha, relembrando o episódio da votação pela Cãmara de Vereadores, em 1986, do projeto de lei que instituía a eleição direta para diretores de escolas municipais. Hoje, falar disso, não causa mais impacto. Mas, àquela altura, mesmo que na Nova República, não era qualquer um no PMDB que tinha o topete de abraçar uma bandeira da esquerda. Mas, por ironia do destino, seu próprio partido, o PMDB, o derrotou na Câmara e o projeto foi rejeitado. Os vereadores preferiram que o prefeito continuasse a nomear livremente os diretores, atendendo a critérios políticos. Fernando acatou a decisão da Câmara, mas exonerou no mesmo dia todos os diretores, estimulando que a comunidade escolar, mesmo que informalmente, indicasse três nomes de onde sairia o diretor nomeado. E assim foi feito.
Fico aqui, relembrando estes dois episódios marcantes de sua vida político-administrativa para homenagear um homem público que dedicou-se à política sem tirar proveito pessoal dela.
Mas sei, que mesmo cuidando dos netos, Fernando continuará amando o Pará como sempre amou.

Miguel Oliveira

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