quinta-feira, 28 de maio de 2009

Projeto de Dorothy Stang recebe incentivos


O modelo de reforma agrária defendido pela missionária Dorothy Stang, assassinada há quatro anos em Anapu, na Transamazônica paraense, ganhou um forte impulso na terça-feira (26), por meio do anúncio, pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), de investimentos em infraestrutura e moradia. Essa é a reforma agrária que a Amazônia precisa: uma reforma agrária que preserve a floresta e que promova a geração de renda e riqueza a partir da exploração sustentável da sua biodiversidade, defendeu o procurador da República Felício Pontes Jr., que participou do evento.
A solenidade foi realizada no Projeto de Desenvolvimento Sustentável
(PDS) Esperança, projeto pelo qual Dorothy viveu e morreu. Segundo o Incra, serão investidos R$ 21,1 milhões na abertura e recuperação de 581 quilômetros de estradas vicinais em assentamentos no eixo da Transamazônica, atendendo pelo menos 17 assentamentos nos municípios de Anapu, Altamira, Brasil Novo, Medicilândia, Pacajá, Senador José Porfírio e Uruará.
As obras de infra-estrutura serão realizadas por empresas contratadas pelo Incra, em processo licitatório, e pela prefeitura de Anapu, com a qual o órgão assinou um convênio de R$ 5,3 milhões. Para nós, o significado desse momento é mais organização e luta e fazer com que esses recursos sejam totalmente investidos para o bem do povo do município de Anapu, afirmou a irmã Jane Dwyer, que trabalhou com Dorothy e que dá continuidade à suas ações.
Em ato simbólico, o padre José Amaro Lopes de Sousa, integrante da Comissão Pastoral da Terra (CPT), e a irmã Kátia Webster, da Congregação das Irmãs de Notre Dame, puseram o primeiro tijolo em uma das 36 casas que atualmente são construídas, em regime de mutirão, pelos assentados.
Para cada unidade habitacional o Incra destina R$ 7 mil em material de construção.
Sinto uma emoção muito grande em receber esta casa. É uma luta de muito tempo. Agora, eu espero que a Justiça puna aqueles que tiraram a vida da irmã Dorothy. Se ela estivesse viva, creio que já teríamos conquistado muito mais, afirmou o assentado Laércio Souza, beneficiado com uma das casas.
O histórico de resistência é uma marca dos trabalhadores rurais em Anapu. O assentado Luís de Brito relatou que já foi perseguido e ameaçado por fazendeiros, mas que hoje vê no trabalho coletivo do PDS um alento para a reforma agrária na região.
(Com informações e fotos do assessor de comunicação do Incra em Santarém, Luís Gustavo.)

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AS FOTOS (distribuídas pela Assessoria de Imprensa do MPF):

Na do alto, em gesto simbólico, padre Amaro coloca tijolo em uma das casas a serem
inauguradas


Na imagem acima, o procurador Felício Pontes Jr fala durante o evento

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