sábado, 2 de maio de 2009

Duas prisões solicitadas após passagem de CPI por Irituia

O município de Irituia, a 170 km de Belém, parou para acompanhar os trabalhos da CPI que apura violência sexual contra crianças e adolescentes da Assembléia Legislativa do Pará. Os integrantes da Comissão realizaram audiência pública no prédio da Câmara Municipal durante toda a quarta-feira, 29.
A galeria lotou para ouvir quatro longos depoimentos de acusados e quem não conseguiu lugar na plenária acompanhou a transmissão ao vivo feita pela rádio local e pelo sistema de alto-falantes da cidade. Autoridades municipais, conselheiros tutelares de toda a região e representação da sociedade civil presenciaram as oitivas. Outros cinco depoimentos ocorreram de forma sigilosa. Um relatório apresentado relata 31 processos de crimes de abusos sexuais em tramitação no fórum local.
Somente às 21h os trabalhos da CPI foram encerrados no município, quando já haviam sido expedidos dois pedidos de prisão preventiva. O primeiro, contra Josiel da Silva, conhecido como "Fofa", de 40 anos, que não compareceu para depor na Câmara. O pedido foi feito pelo promotor de Justiça Acenildo Botelho Pontes e decretado pelo juiz da Comarca de Irituia.
O segundo, de Francinete Feitosa Soares, de 22 anos, desempregada, a pedido do delegado Superintende Regional da Polícia Civil do Nordeste, Sílvio Cézar Maués Batista, ainda durante o depoimento da mulher mais conhecida como "Ciane" aos integrantes da CPI.
Denúncias - Contra "Ciane" há sete denúncias que envolvem promoção de orgias, aliciamentos e favorecimento à prostituição de crianças e adolescentes, além de vários registros de ocorrências no Conselho Tutelar. No depoimento à CPI, "Ciane" relatou desconhecer os motivos que levam as meninas a gostarem de estar com ela nos bares ou na orla do rio que banha a cidade. O pedido de prisão preventiva agora aguarda pronunciamento da Justiça.
"Fofa", por sua vez, é acusado do estupro de uma adolescente de 16 anos, fato que teria ocorrido em março deste ano. Ela o acusa de ter sido levada para um quarto e ameaçada de morte. O local do assédio seria a própria da casa de "Fofa", onde a menor residia, uma vez que vinha sendo criada pela esposa do indiciado.
Também foram ouvidos o assessor de Comunicação da Prefeitura de Irituia, Emerson Cordeiro da Silva, conhecido como "Menção", já condenado, mas que recorreu da sentença; o cabo João Ferreira, da PM, e o investigador de polícia Paulo Cezar. Todos acusados de práticas e conivências com abusos sexuais contra crianças e adolescentes.
Entre os depoimentos feitos em sigilo, foram ouvidas três adolescentes e duas mães de vítimas.
Para o deputado Arnaldo Jordy (PPS), relator da CPI, há fortes indícios da conivência de alguns órgãos de segurança em Irituia, onde, segundo ele, existe uma rede de aliciadores. "Só hoje ouvimos em depoimentos mais de 20 adolescentes, cujas denúncias remetem a abusadores que realizam troca de menores entre si, num claro processo de agenciamento para uso sexual, inclusive envolvendo quantias em dinheiro, o que configura formação de quadrilha", avaliou o deputado.
Agora, a CPI segue para Itaituba (06.05), Santarém (07 e 08.05) e Redenção (14.05).

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