quinta-feira, 30 de abril de 2009

Drama diário no ofir loyola

No AMAZÔNIA:

Um todos os sentidos os números da saúde no Pará são absurdos. De um lado, centenas de pacientes de câncer esperam por atendimento e remédios, que, segundo os doentes e suas famílias, faltam há dois meses. De outro, as contradições envolvendo a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) e até mesmo o Ministério da Saúde, que garantiu à reportagem ter feito, exatamente, entre 14 de janeiro e 31 de março deste ano, quatro repasses que totalizam R$ 1,3 milhão. No entanto, a Sespa não justifica a falta de medicamentos aos pacientes, que passaram a manhã de ontem em frente ao Hospital Ofir Loyola (HOL), à espera de uma posição sobre o tratamento oncológico.
Portador de leucemia há três anos, o filho da dona-de-casa Michele Costa, de 28 anos, precisa ser internado a cada 21 dias. Segundo ela, a situação no HOL é caótica, pois o filho, hoje com 7 anos, tem recaídas constantes devido à falta de medicação adequada. 'Sempre que ele vem para ser internado por determinação médica, as dificuldades são inúmeras. Faltam remédios, leito, soro, falta tudo. Como pode um hospital que deveria tratar doentes na situação do meu filho não ter o mínimo para receber os pacientes, como os remédios básicos', reclama a mãe, indignada.
Em situação semelhante à de Michele, Lidielma Andrade do Espírito Santo também tem sofrido pela situação da filha, que não teve o direito nem mesmo de fazer um dos exames que diagnosticaria a leucemia. 'Como não tive atendimento que esperei ter, tive de pagar para fazer o exame. Paguei R$ 240,00 e agora preciso que a minha filha tenha pelo menos o tratamento de quimioterapia. Mas nem isso vai ser possível, pois ela só vai poder tomar a metade da medicação porque o hospital não pode dispor mais do que isso', lamentou.
Com apenas 22 anos, a estudante Edicléia de Souza Gomes diz que também 'se vira' para garantir a sobrevivência. 'Eu venho aqui no hospital todos os dias. Preciso tomar essa medicação para continuar viva, mas nunca tem. Como não tem outro jeito eu acabo tendo que comprar o remédio, que custa R$ 84,00. Vou pedindo emprestado e assim vou me virando', afirma a estudante, também portadora de leucemia.

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