sexta-feira, 27 de março de 2009

Irmãos indiciados por chacina

No AMAZÔNIA:

A Polícia Civil divulgou, ontem, o inquérito sobre as mortes de cinco pessoas de uma família de agricultores, na localidade de Vila Copaíba, em Garrafão do Norte, nordeste paraense. O casal Milton Gomes de Sousa, 34 anos, e Izabeth Diniz da Mata, 36, o irmão dela, José Ribamar Diniz da Mata, 32, e as filhas do casal Geisiane Oliveira, 8, e Lucineide de Oliveira, 13, foram mortos a facadas e tiros, no último dia 11 de março. O relatório do inquérito foi entregue à Justiça de Garrafão do Norte anteontem. Os autores dos crimes são os irmãos Roberto Gomes de Sousa, 27 anos, e Antônio Wilson Gomes de Sousa, 29, irmãos de Milton. Eles foram indiciados por homicídio triplamente qualificado e porte ilegal de arma. As investigações concluíram que Roberto cometeu o crime a mando do irmão, pois Antônio Wilson foi ameaçado de morte por Milton Gomes, por conta da divisão de uma roça de milho e mandioca que ambos mantinham em sociedade.
As investigações basearam-se nos laudos da perícia, nos depoimentos de testemunhas e dos indiciados, e em deduções. O relatório foi elaborado pelas equipes de policiais civis sob comando dos delegados Rilmar Firmino, titular da Superintendência Regional da Zona Bragantina, e Cristiano Nascimento, diretor da Delegacia de Garrafão do Norte, que presidiu o inquérito. Após ser preso, juntamente com o irmão, dia 14 passado, Roberto Gomes confessou a autoria de três homicídios. Em depoimento, ele foi categórico em afirmar que o matador das crianças foi Antônio Wilson. Os policiais concluíram que Antônio Wilson agiu de forma dissimulada e mentiu em depoimento na tentativa de se manter impune. As circunstâncias das mortes foram demonstradas, segundo os delegados, com base em laudos periciais, lesões observadas nas vítimas, objetos apreendidos e nos depoimentos de testemunhas e dos suspeitos.
Inicialmente, Antônio Wilson disse, ao comunicar o crime à polícia, que os familiares foram mortos por um grupo de desconhecidos. Disse ainda que, ao chegar à casa do irmão no momento do crime, ficou com medo e, assim, escondeu-se no mato, de onde ouviu os gritos de uma das meninas. No depoimento, os policiais constataram uma série de incoerências. A primeira delas foi que ele alegou desconhecer o paradeiro das crianças, afirmando que elas poderiam ter fugindo do local. Ao mesmo tempo, disse que tinha ouvido o grito de uma criança no interior da casa. A segunda é que Roberto havia se embrenhado na mata à procura dos supostos criminosos, por isso, Antônio Wilson alegou que estava com muito receio, pois o irmão é muito 'doido', segundo palavras do acusado. Ele disse acreditar que Roberto poderia investir contra os bandidos. 'Se Roberto é tão bravo, inconsequente e estava armado, porque não interveio juntamente com Wilson e mais um trabalhador, no momento da em que eles ouviram o primeiro disparo e os gritos da criança?', questionaram os delegados.
Contradições - Ao ser ouvido pela segunda vez, após o sepultamento das vítimas, Antônio Wilson apresentou outra versão, ao afirmar que o irmão era o matador da família. Disse também ter presenciado as mortes das cinco vítimas, mas que nada pôde fazer para salvá-las, pois fora ameaçado por seu próprio empregado, Francisco Damião de Almeida, a mando de Roberto. Ele alegou que, durante os assassinatos, ficou sob mira de uma espingarda apontada por Damião. Assim, foi obrigado a presenciar os crimes sem poder interceder em defesa das vítimas.
Após essas declarações, os policiais concluíram que ele estava envolvido nos crimes. 'Seria impossível terem ocorrido as cinco mortes sem a participação de Wilson', acredita Rilmar Firmino. No terceiro depoimento, Wilson acusou novamente Roberto pelas mortes e relatou que a motivação dos crimes seria queima de arquivo. Segundo o acusado, Roberto teria matado uma pessoa, em dezembro de 2008, e a sobrinha dele, Lucineide, que teria um relacionamento amoroso com o tio, sabia de tudo. Com receio de ser denunciado, Roberto teria assassinado, primeiramente, a sobrinha e os demais familiares. Essa versão foi descartada como motivação dos crimes.

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