No AMAZÔNIA:
A manhã do segundo dia do julgamento de André Barboza terminou com o interrogatório do réu. O juiz leu a denúncia oferecida à Justiça pelo Ministério Público do Estado (MPE) que narra os crimes e atribui a André a autoria dos três homicídios, citando que a polícia só chegou ao acusado em razão deste ter deixado o celular nas matas da Ceasa quando atacou a quarta vítima, um menino de 11 anos, único sobrevivente.
Quando questionado pelo juiz Edmar Pereira se aqueles fatos eram verídicos, André respondeu: 'Nego a participação nas duas primeiras mortes (José Raimundo e Adriano) e confirmo participação na terceira (Ruan)'.
Ele disse que conhecia os meninos, mas que não sabe quem foi o responsável pelo assassinato de José Raimundo e Adriano. Quanto a Ruan, o réu contou que foi convidado por Marcelo Viana, via bate-papo na internet na lan house Spaceplay, para ensinar técnicas paramilitares a ele. Chegando no local, viu Ruan amarrado com as mãos para trás, sendo vigiado por dois homens, um gordo identificado como 'Cara de Mortadela' e um magro, que ele não soube precisar nome ou apelido.
Segundo Barboza, Marcelo Viana e os comparsas teriam o obrigado a violentar sexualmente o adolescente e caso não fizesse, seria assassinado também. 'A minha participação foi constrangedora, por que eu não pude fazer nada para impedir, senão ia acabar sendo morto', afirmou.
Sobre o fato de ter confessado os crimes para a polícia, ele respondeu que foi instruído pelo delegado PauloTamer a 'falar o que eles (polícia) queriam'. 'Nunca fui preso, não sabia dos meus direitos. O Tamer olhava nos meus olhos e dizia que estava perdendo a paciência, que a população do meu bairro estava se manifestando. Aí eu fiquei nervoso e confessei. Eles me prometiam redução da pena, proteção para a minha família e trabalho na casa penal. De tanto que eles insistiram, resolvi falar para que eles me ‘largassem de mão’, mas a verdade eu só falei em juízo', respondeu, sempre muito bem articulado, afirmando ao juiz que foi coagido.
A acusação não quis fazer nenhum questionamento ao réu. Já a Defensoria Pública insistia na tese de que Marcelo Viana era o autor dos crimes e nas perguntas pedia para André esclarecer as circunstâncias da confissão e da polícia ter desvendado os homicídios. O réu respondeu que forneceu todas as suas senhas de e-mail e Orkut e que só teve contato com advogado e familiares uma semana após a prisão. Disse também que durante esse período, não o levaram para fazer exame de corpo de delito.
Quanto à reconstituição dos crimes, na qual ele indicou locais e modus operandi precisos, Barboza disse ao juiz que 'eles (polícias) instruíram para falar exatamente o que queriam para a câmera'.
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