quarta-feira, 25 de junho de 2008

"Doze mortes não podem ficar impunes", diz Nery

Em pronunciamento no plenário do Senado nesta quarta-feira (25), o senador José Nery classificou de "repugnante" o argumento apresentado pela Secretaria de Saúde do Pará  para justificar a morte de doze crianças num único final de semana, segundo informações da imprensa do Pará.

"Não pode ser uma infeliz coincidência ou ser considerado normal por estar dentro da taxa aceita pela OMS. Isso é inadmissível", disse o senador, afirmando que as mortes são conseqüência do gravíssimo quadro da saúde pública no Estado do Pará e, em especial em Belém, onde, segundo o senador, a situação está caótica.

"Devemos exigir uma rigorosa apuração dos fatos. Doze mortes não podem ficar impunes, como se não passassem de  'infeliz coincidência'. Caso o governo esteja certo e as causas sejam estruturais, é necessário vir a público e informar a opinião pública sobre as providências para reverter o quadro de concentração dos atendimentos na capital, de falta de atenção básica por parte da Prefeitura de Belém e dos interiores. É necessário responder também por que após um ano e seis meses de governo as condições precárias da Santa Casa não foram sanadas".

Longe de se constituir em fato isolado, disse o senador, este último acontecimento se soma a uma série de escândalos administrativos e políticos que deixaram a saúde de Belém na UTI", afirmou Nery, lembrando de uma série de fatos que fizeram a capital paraense destaque nacional entre as cidades com pior quadro na área da saúde. Um exemplo desse quadro foi a morte de um trabalhador em frente às câmeras de TV em um posto de saúde de Belém sem conseguir atendimento. As imagens foram mostradas para todo Brasil. O senador citou também a blitz feita por vereadores da cidade que revelou a existência de nove ambulâncias do SAMU prontas para entrarem em uso, "mas que por negligência e incompetência administrativa, se encontram estacionadas no pátio do SAMU há quase três meses".  "Enquanto isso a população padece com os serviços de remoção de urgência, pois as ambulâncias em circulação estão sucateadas e em péssimo estado de conservação".

Na Santa Casa, há falta de leitos e, segundo denúncia dos médicos,  as condições precárias do hospital aumentam número de mortes, sem que os profissionais tenham condições de reverter a situação.

O senador mencionou ainda dos sucessivos escândalos da administração, especialmente os vinculados à gestão municipal do atual prefeito Duciomar Costa, processado pelo Ministério Público Federal (MPF) por improbidade administrativa, sendo acusado de lesar os cofres públicos em R$ 1,6 milhões de reais, através de uma manobra que visava comprar as instalações do Hospital Sírio-Libanês por R$ 9 milhões em 2005. Este processo do MPF se soma ao anterior, em que Duciomar é acusado de desviar cerca de R$ 1,4 milhões do Sistema Único de Saúde (SUS) para a compra ilegal de 36 motocicletas e 14 carros para a Guarda Municipal.

"A inexistência de políticas públicas de Saneamento, de Atenção Básica, aliadas à desestruturação das Unidades de Saúde e de Urgência e Emergência são as responsáveis pelo caos existente nos Prontos Socorros da Capital e na Rede de Saúde Pública", disse.

 

Fonte: Assessoria Parlamentar

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