quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Justiça Federal presta homenagem à memória de servidora



“Devemos valorizar a vida. Devemos valorizar cada minuto da nossa vida. Porque vejam a Sônia: saiu para caminhar e não voltou mais”. A mensagem do padre Toninho, da capela de Nossa Senhora de Lourdes, marcou um dos momentos de missa celebrada nesta quarta-feira (12), no auditório da Justiça Federal, em Belém, em homenagem à memória da servidora Sônia Suely de Almeida Campelo, 46 anos, que morreu no dia 3 deste mês. Compareceram familiares da Sônia, além de magistrados e servidores da Justiça Federal, empregados de empresas terceirizadas e funcionários do Ministério Público Federal.
O sacerdote aproveitou um trecho do Evangelho de São João – “Disse-lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho? / Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim” - para refletir sobre a fugacidade da vida e discorrer sobre indagações que todos se fazem diante de circunstâncias como as que arrancam da vida, subitamente, pessoas como Sônia, que se notabilizaram por fazer apenas o bem.
“A nossa fé serve para nos libertar. Sônia Campelo era do bem. Por isso é que este auditório está cheio de gente. Se ela só tivesse feito o mal, não teria ninguém aqui”, observou padre Toninho. A violência, segundo ele, representa a exteriorização de instintos contrários à natureza humana, que deve ser caracterizada pela racionalidade e orientada de acordo com condutas que, na sua essência, diferenciem precisamente seres humanos de animais.
“Quem fez isso com ela deixou transparecer o lado animal, o lado animalesco que muitas vezes se manifesta nos homens. Animais não têm espírito. Nós, sim, temos espírito, temos psiquismo”, constatou o sacerdote, referindo-se à forma violenta com que Sônia Campelo teve sua vida ceifada. O padre lembrou, no entanto, que o desconsolo de familiares, amigos e todos os que conviveram com pessoas de bem, como Sônia Campelo, devem sempre ter em vista que a fé liberta.
“Como explicar a morte? Sabemos pouca coisa sobre isso, mas é certo que cada um compõe a sua história. E nós fomos feitos para ter vida em abundância. Se não queremos ter vida em abundância, a culpa não é de Deus”, ensinou padre Toninho. Ele reforçou a sua certeza de que Sônia marcou da melhor maneira possível sua passagem pela vida terrena, o que se comprovava na própria missa que estava sendo celebrada, à qual compareceram não apenas amigos católicos de Sônia, mas também os que professam outras confissões religiosas.
 “Brilho que se apaga” - Ao final da celebração, a servidora da Justiça Federal Joselle Bastos leu um texto de sua autoria, intitulado “Um brilho que se apaga”, para homenagear Sônia Campelo. “Ela, que a tantos fez bem, que a muitos amou, que a poucos odiou, viveu sua existência plenamente, mergulhando de cabeça nos sentimentos: dos mais comuns aos mais sublimes, dos mais tenros aos mais fortes, dos mais sensíveis aos mais implacáveis. Sim, ela jamais se negou a eles, ela nunca se emprestou a eles, mas, ao contrário, só se doou, e, assim, viveu intensamente cada um, cada emoção, cada desejo, dando o tom e a força de sua própria medida desmedida”, diz o texto.
Joselle destaca ainda o desvelo e o carinho com que Sônia sempre tratou familiares e amigos: “Para sua mãe, não foi só filha, foi amparo; para seu filho, não foi só mãe, foi esteio; para os amigos, não foi só presença, foi lealdade; para os colegas não foi só corporação, foi companheirismo; foi também, o exemplo vivo de que a vida é feita de esperança, sempre, e de que por pior que esteja vale a pena acreditar que dias melhores virão... Como os raios do sol que toda manhã batem à nossa janela.”
O texto compara a morte de Sônia a “um brilho que se apaga”, mas não completamente. “Um brilho que se apaga... mas não em nossos corações, nem tampouco no plano espiritual em que nossa amiga Sônia Suely se encontra. Lá, os anjos e espíritos do bem estão em regozijo, pois o brilho que se apagou na Terra iluminará o Paraíso; e, para os que ficam neste mundo profano, só resta a certeza de que sua luz estará eternamente acesa, pois ela viverá sempre entre nós, afinal, ‘amigo é coisa pra se guardar, debaixo de sete chaves, dentro do coração’”, encerrou Joselle.

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