No AMAZÔNIA:
Para as famílias que integram o Movida, a condenação de Carlos Eduardo e Adriano César significa mais um passo na busca por justiça. A fundadora do grupo, Iranilde Maia Russo - que teve o filho assassinado por policiais militares em 2005, ao ser confundido com um assaltante -, disse que as decisões judiciais incentivam o grupo a se unir a outros movimentos brasileiros que tentam implementar alterações nos Códigos Penal e de Processo Penal brasileiros, que, segundo familiares de vítimas, facilitam a impunidade por deixarem brechas à progressão de regime, liberdade condicional e outras vantagens a quem comete crimes.
No grupo, há vários relatos de crimes cometido por pessoas condenadas durante períodos de condicional ou mesmo fuga. 'O homem que matou meu filho já tinha cometido outros crimes no Marajó e mesmo assim estava em liberdade', disse Vera Nilza, mãe de um jovem assassinado em junho de 99, quando comprava refrigerante em bar. Segundo a mãe, o réu foi condenado a 18 anos, mas não cumpriu sequer um terço da pena e está foragido há dois anos, após ganhar liberdade por meio da licença de Natal. Segundo ela, a fuga não havia sequer sido comunicada pelo Sistema Penal à Justiça. 'Eu fiquei sabendo porque uma vizinha viu ele na rua. Quem avisou a 8ª Vara da fuga fui eu', disse.
Segundo Iranilde Maia Russo, a cada dia mais pessoas têm procurado o Movida para buscar apoio e justiça após se verem envolvidas em crimes violentos. O grupo se reúne com frequência e une famílias vítimas de crimes de grande repercussão, como a morte da estudante Nirvana Evangelista, do médico Salomão Nahmias, do servidor público Maycon Pantoja e outros. Iranilde diz que o apoio mútuo, tanto no acompanhamento processual quanto no apoio psicológico ajuda pais, filhos, irmãos, esposas e amigos a seguir após um crime brutal na família.
'Hoje, qualquer pessoa pode passar por isso e ver sua vida transformada do dia para a noite. Só quem passa por esse sofrimento sabe o que é', disse. A noiva de Maycon Pantoja, morto durante assalto a uma lotérica no final do ano passado, disse que um dia antes da morte assistiu a uma reportagem sobre o Movida. 'Eu ainda perguntei se ele (Maycon) achava que esse tipo de movimento dava resultado. No dia seguinte, ele foi morto e hoje eu estou aqui, lutando por justiça', disse ela.
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