sábado, 14 de março de 2009

Delegado não descarta participação de índios em chacina

No AMAZÔNIA:

O delegado Riomar Firmino, superintendente da Polícia Civil na região bragantina, e que investiga as causas da chacina ocorrida no interior da reserva indígena Tembé, disse ontem que não vai descartar nenhuma hipótese durante as suas investigações, inclusive, a de que o massacre poderia ter sido perpetrado pelos índios Tembé, donos das terras onde as vítimas viviam, ou ainda, cometido por motivo de vingança por algum familiar das vítimas, esta última hipótese ventilada no final da tarde de ontem.
No final da noite de ontem, o delegado estava em diligência saindo do município de Garrafão de Norte e declarou, por telefone, que estava confiante que poderia ter novidades sobre o caso na manhã de hoje. Questionado sobre o possível envolvimento de um irmão do agricultor, chefe da família assassinada, mais uma vez o delegado se limitou a dizer que todas as linhas de investigação são viáveis até o momento e que não divulgaria nada apressadamente, como forma de proteger o andamento do caso.
A hipótese que aponta para os índios, tem base no fato de que os Tembé seriam os principais interessados em expulsar colonos e invasores, que há mais de três décadas exploram madeira nos 297 mil hectares de área indígena. Muitas eram as especulações sobre as causas para a chacina. Entre elas, a de que o crime foi cometido por pessoas que estariam dispostas a voltar a invadir a reserva, e que encontravam resistência não só por parte dos índios, mas também de quem já está no local. Existe ainda a possibilidade dos plantadores de maconha estarem envolvidos na chacina.
Segundo o prefeito de Nova Esperança do Piria, Nilton de Albuquerque, pelo menos 70% dos invasores plantam maconha dentro da reserva indígena Tembé. Será investigada também a exploração ilegal de madeira, que envolveria até mesmo algumas lideranças indígenas da reserva.
As vítimas da chacina foram enterradas ontem à tarde na vila Novo Horizonte, em Nova Esperança do Piriá. Na cidade, conforme declararam pessoas que aguardavam a liberação dos corpos no Instituto de Perícias Científicas de Castanhal, o clima seria de revolta. Os parentes querem justiça e rigor na apuração das mortes.
Funai - O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira, descartou a participação dos índios Tembé na chacina da Vila do Livramento, a 36 quilômetros do município Garrafão do Norte, no nordeste do Estado. A execução dos cinco colonos a tiros e facadas está sendo atribuída aos índios por parentes e amigos das vítimas entre as quais uma criança de 9 anos e uma adolescente de 13.
Márcio Meira acredita que as mortes podem ter sido motivadas pelo conflito de terras e práticas ilegais de exploração de madeira. Ele pediu calma e que os índios sejam ouvidos antes de serem acusados.

Um comentário:

Anônimo disse...

É de um cinismo impressionante a versão de que a chacina teria sido efetuada pelos Tembé, primeira hipótese aventada por aqueles que incentivam a invasão da área indígena que desde a década de 40 sofre com a ação de políticos e outros criminosos que sonham com o extermínio dos índios, exatamente como na épica da colonização. Pior é um delegado mal intencionado dar asas a esse tipo de comentário e pior ainda é a imprensa incentivar esse tipo de preconceito.